Este gesto vai permitir a implementação do serviço de Hospitalização Domiciliária para crianças e jovens até aos 18 anos, representando um marco significativo no apoio aos cuidados de saúde na região.

O veículo, uma Volkswagen a diesel com capacidade para cinco lugares, vai ser utilizado pela equipa da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Serviço de Pediatria para deslocações às residências dos doentes.

António Júlio, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Auto Júlio, explicou a origem da iniciativa. “O primeiro contacto surgiu através da médica do serviço de pediatria, Andreia Morais, que apresentou as necessidades do serviço. Coincidiu com a disponibilidade deste veículo e decidimos ajudar. Além disso, vamos oferecer outra viatura à Cruz Vermelha. Gostamos de apoiar a comunidade, mas nem sempre divulgamos essas ações”, contou.

A diretora do Serviço de Pediatria do Hospital das Caldas disse que a viatura “vai permitir avançar com três vertentes essenciais, para a implementação da Hospitalização Domiciliária Pediátrica, o apoio a crianças com diabetes e os cuidados paliativos”.

Segundo Luísa Preto, “a hospitalização domiciliária em pediatria ainda é pouco comum a nível nacional. O Hospital Fernando Fonseca tem alguma experiência nesta área e o Garcia de Orta está a iniciar a unidade. É um modelo que vale muito a pena, pois permite tratar as crianças no conforto das suas casas, prevenindo infeções hospitalares e assegurando um acompanhamento mais humanizado”.

A diretora explicou que outra necessidade para o veículo é o acompanhamento de crianças com diabetes, uma doença crónica cujo diagnóstico representa um grande desafio para as famílias. “Esta condição exige formação inicial intensiva, tanto para a criança como para os cuidadores, o que atualmente implica internamentos hospitalares. Com a nova viatura, vai ser possível prestar esse apoio diretamente nas residências, permitindo uma abordagem mais personalizada. Este modelo vai incluir o controlo rigoroso da situação, a administração de insulina e a educação contínua das famílias, reduzindo significativamente a necessidade de hospitalização e aliviando a carga emocional associada à adaptação à doença”, relatou.

Além disso, os cuidados paliativos, coordenados pela médica Andreia Morais, vão beneficiar da viatura, proporcionando um acompanhamento mais próximo e humanizado aos doentes e suas famílias.

Quanto à implementação da Hospitalização Domiciliária Pediátrica, a diretora disse que “neste momento, existirem profissionais em situação de baixa médica e o seu regresso ao serviço vai permitir reforçar as equipas de enfermagem e médica, essenciais para implementar um serviço que exige uma logística bem estruturada, incluindo a deslocação dos profissionais às casas dos doentes, algo que a nova viatura torna agora viável”.

O serviço de Hospitalização Domiciliária Pediátrica vai também abranger situações em que a criança, após estabilização inicial, pode completar a terapêutica no domicílio, como no caso de infeções cutâneas ou tratamentos em recém-nascidos que atualmente requerem hospitalizações prolongadas. Com este modelo, muitos destes tratamentos, que hoje obrigam a internamentos de cerca de dez dias, vão poder ser realizados no conforto do lar da criança.

De acordo com a diretora do Serviço de Pediatria, “a projeção a longo prazo indica que, quando o serviço estiver plenamente operacional, cerca de 50% dos doentes atualmente internados poderão ser tratados em casa. Assim, o hospital vai concentrar-se nos casos mais graves, que exigem maior vigilância, otimizando recursos e garantindo melhores resultados para os utentes e suas famílias”.

A presidente do Conselho de Administração da ULSO agradeceu ao Grupo Auto Júlio pela sua generosidade. “Este apoio é fundamental para cumprir a nossa missão e alinha-se com a estratégia da ULSO de privilegiar cuidados de proximidade”, salientou.

Segundo Elsa Baião, “a hospitalização domiciliária já funciona na área de adultos, e agora vamos avançar na pediatria, uma área onde o conforto do lar é ainda mais importante. Esta abordagem não só minimiza os riscos associados à hospitalização, como também melhora a qualidade de vida das crianças e das suas famílias”.

A administradora sublinhou que, embora a viatura seja um recurso essencial, ainda existem desafios a superar. “Precisamos de organizar os recursos humanos e adquirir alguns equipamentos de menor custo. O nosso objetivo é amadurecer o projeto e torná-lo exequível o mais brevemente possível. Agradeço ao António Júlio e à comunidade pelo apoio, que nos incentiva a continuar a superar dificuldades para melhor servir os nossos utentes”, concluiu.