“Barcos com História” é como se designa a exposição de modelismo estático de Aníbal Figueiredo que está patente até 31 de julho no espaço Baú das Memórias, em Alfeizerão.Trata-se de uma mostra de 17 miniaturas em madeira que representam barcos que de uma forma ou outra marcaram a história.
Aníbal Figueiredo nasceu em Coruche em 1959 e reside desde 1998 em Alfeizerão.
Segundo o autor da exposição, iniciou a arte de modelismo estático no ano de 2000 com a montagem da “maquete do esplendoroso e malogrado paquete Titanic”.
Outras maquetes se seguiram a essa, “predominando as embarcações de mar e de rio, num trabalho meticuloso que exige rigor e perfecionismo”.
Tem um espólio de 36 barcos que são referências da história náutica, como o HMS Bounty, famoso navio britânico (lançado em 1784), cenário de um motim chefiado pelo imediato Fletcher Christian contra o comandante William Bligh.
O artista não só constrói os barcos como estuda a sua história e o marco que deixaram no mundo. Criou em 115 horas a miniatura do Red Dragon, “exemplo de um junco chinês, um tipo milenar de embarcação que existe no sudoeste asiático desde o século VII a.C.”, referiu.
Em exposição está também a Caravela Redonda, que fez em 240 horas. “Ao invés da caravela latina de velas triangulares, a caravela com vela redonda foi um aperfeiçoamento português dos séculos XV-XVI, apta à navegação em mar aberto”.
Na mostra está patente ainda Robert E. Lee, veloz vapor de Mississípi (construído em 1866) com duas caldeiras a vapor e duas rodas de pás, maquete construída em 220 horas. Segundo o artista, o seu fim “deveu-se a um incêndio incontrolável que deflagrou a bordo em 1882”.
A mostra contempla a maquete do barco de pesca espanhol do mar cantábrico (norte de Espanha e costa francesa do Sudoeste) “Cármen II” vocacionado para a pesca do atum e de arrasto.
O autor tinha uma empresa de construção em Coruche e por motivos de saúde “tive que deixar o negócio e vim morar para Alfeizerão”. Trabalhou num hotel durante alguns anos nas Caldas da Rainha e novamente por motivos de saúde aposentou-se e dedicou-se ao hobby das miniaturas.
Aníbal Figueiredo não tinha consciência de sua habilidade artística, mas depois de descobri-la nunca mais parou. Sempre gostou de miniaturas e cria os barcos no ateliê situado na sua casa em Alfeizerão. Sente-se inspirado por este passatempo, que faz “com alegria”, contou em entrevista ao JORNAL DAS CALDAS.
Com menos expressão do que as maquetes de embarcações, o autor da exposição também tem vindo paralelamente a montar maquetes de edifícios, como casas, casas rurais e faróis.
Em 2007 a coleção de modelismo estático de Aníbal Figueiredo foi protagonista de uma exposição que decorreu na sede da Junta de Freguesia de Alfeizerão. Agora, 17 anos depois, a sua coleção volta ao conhecimento das pessoas, enriquecida por muitos trabalhos novos guardados no seu ateliê.
O Baú das Memórias de Alfeizerão abriu em setembro de 2022. Situado no centro da vila foi doado à freguesia por Augusto Lopes e está a servir a comunidade local. Dispõe de uma biblioteca com cerca de dois mil títulos sobre história local.
É a Junta de Freguesia de Alfeizerão que faz a gestão do equipamento, instalado num edifício que foi remodelado.
José Coutinho é o funcionário do espaço, que “resulta da oferta de um edifício e acervo do alfeizerense Augusto Lopes, que cumpriu um desejo da filha, Maria de Fátima Lopes, já falecida, de oferecer à população um espaço com uma biblioteca pública”.
O Baú das memórias é um espaço cultural que recebe exposições, workshops de arte, entre outros eventos e atividades.
“A praia como lugar significante” é o nome da exposição de pintura de Maria Cecília Louraço, que também está patente no Baú de Memórias até 31 de julho.
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