A Direção Regional de Cultura do Centro publicou um livro onde enaltece o trabalho de várias mulheres, algumas delas das Caldas da Rainha, cuja atuação ou talento tem sido relevante para a promoção da cultura, da arte e do património da região.
A obra “As Mulheres da Cultura na Região Centro” vem no seguimento de um desafio lançado nas redes digitais em 2021, a propósito do Dia Internacional de Mulher, em que pedia para identificar mulheres que tenham tido um papel preponderante nessa área.
“Para grande surpresa e alegria recebemos mais de 140 testemunhos, oriundos de câmaras municipais, associações culturais e recreativas, entidades privadas e particulares, que identificaram centenas de mulheres que ao longo de décadas dedicaram uma parte da sua vida à cultura, fosse enquanto produtoras, criadoras e artistas, fosse na qualidade de defensoras, zeladoras e disseminadoras, fosse enquanto promotoras ou membros ativos de entidades culturais e artísticas”, descreveu a diretora regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes.
“A força das histórias de cada uma destas mulheres exigiu-nos, contudo, mais. Nasceu, assim, esta publicação”, manifestou, esclarecendo, contudo, que “não se trata de uma lista completa de todas as mulheres”, nem é “uma lista acabada”, assumindo-se como “um humilde contributo ao ainda tão necessário combate à invisibilidade das mulheres”.
Segundo a diretora, “mesmo que longe esteja o tempo em que a mulher tinha de usar um pseudónimo masculino (ou associar-se a um homem) para poder escrever e publicar ou pintar e expor, a verdade é que nestes tempos a desigualdade de género é ainda uma realidade no mundo da cultura e da arte”.
“Basta um olhar mais atento para percebermos esta desigualdade nas coleções ou nas exposições promovidas pelas instituições públicas e privadas, na representação artística em festivais de música ou cinema, nos livros publicados e, até, não raras vezes, nos programas de encontros culturais e científicos”, relatou.
No seu entender, “a discriminação no mundo da cultura e da arte não é resultado de um ato consciente e programado, mas antes o reflexo de um paradigma social ou de um modelo profundamente enraizado”.
Amélia de Sá Nogueira, Maria João Botas, Paula Violante, Zélia Évora e Inês Carvalho são as mulheres com grande relação às Caldas da Rainha presentes no livro.
O trabalho no processo cerâmico ligado à azulejaria de Amélia de Sá Nogueira é destacado nesta obra. Integra desde 2012 o projeto Atelier Sá Nogueira. Faz investigação sobre o azulejo do século XVI, colaborando ainda em ações de formação e ações de serviço educativo.
Maria João Botas é designer. Recentemente lançou uma linha de sapatilhas “Bordallos Sneakers” que representam a cidade, a tradição e homenageiam Rafael Bordalo Pinheiro. A caixa dos pastéis regionais Bordallo tem também a sua autoria no desenho.
Paula Violante destaca-se na cerâmica, tendo aberto o Atelier 19b. Licenciou-se na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, na área de design de cerâmica e vidro. Tem formação em cerâmica no Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica.
Zélia Évora criou o Gang da Malha, um projeto social para retirar as pessoas de casa e ir tricotar para as ruas, cafés e outros lugares públicos. Escreveu um livro sobre tricot, traduzido para espanhol. Noutro livro ensina a transformar roupas velhas em novas.
No capítulo da educação, Inês Carvalho é autora da dissertação de mestrado “Bordado das Caldas da Rainha: A necessidade de salvaguarda de um património cultural imaterial”, com a qual foi finalista do Prémio de Investigação no âmbito do Prédio Nacional de Artesanato 2019.
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