O PSD e PS estão a trocar argumentos na sequência do chumbo de uma proposta dos social-democratas na Assembleia da República que visava o aditamento ao Orçamento do Estado para 2022 da construção do novo hospital do Oeste no plano de investimentos em novas unidades de saúde.
Todos os grupos parlamentares votaram a favor desta proposta, à exceção do Partido Socialista. O PSD propunha que o processo concursal fosse lançado até ao final deste ano e que durante a construção do novo centro hospitalar fosse reforçado o investimento nas unidades de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche, garantindo o rácio de recursos humanos necessários para permitir uma adequada resposta assistencial.
“A criação de um hospital central para o Oeste é considerada consensual, assim como a necessidade de melhorar as unidades do Centro Hospitalar do Oeste já existentes, que têm ultrapassado, nos últimos anos, grandes obstáculos de funcionamento”, manifestou o PSD, que fez notar que “a deterioração dos serviços já levou ao pedido de demissão de vários profissionais por falta de condições para realizar a devida atividade assistencial e uma digna prestação de cuidados de saúde aos utentes”.
“A falta de recursos humanos capazes de fazer face ao aumento exponencial da procura é a principal crítica feita pelas unidades de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche, cujos serviços de urgência se encontram em situação limite”, sublinhou o PSD, para quem o PS, “ao votar isoladamente contra esta proposta demonstrou não partilhar da preocupação”.
Os deputados socialistas responderam, condenando o “oportunismo político do PSD sobre novo hospital do Oeste”.
Reconhecendo as “inúmeras dificuldades e o avançado estado de envelhecimento das infraestruturas hospitalares em Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras”, o PS apontou que “sendo por todos reconhecida a necessidade imperiosa da construção de um novo hospital, foi assinado, em setembro de 2019, um protocolo entre o Centro Hospitalar do Oeste, a Comunidade Intermunicipal do Oeste e a Administração Regional de Saúde, que tem como principal objetivo estudar a criação de um novo hospital para esta região”.
“Está a decorrer um levantamento das principais necessidades, traçando o perfil assistencial e estudando também as variáveis que permitam identificar a melhor localização do futuro hospital, assim como definir a sua dimensão e respetivas valências e grau de especialização. Foi, por isso, com surpresa e até incredulidade que os deputados do PS tomaram conhecimento da proposta do PSD de querer inscrever no Orçamento de Estado para 2022 o lançamento do concurso para o novo hospital, quando o estudo que servirá de base ao mesmo ainda está a ser efetuado”, sustentaram os socialistas.
“Trata-se, assim, de um exercício de profunda demagogia e de oportunismo político, não podendo ser classificado de outra forma”, garantiu o PS.
Por este motivo, justificou o PS, os deputados socialistas eleitos pelo distrito de Leiria, Eurico Brilhante Dias, Sara Velez, Salvador Formiga, Jorge Gabriel Martins e Cláudia Avelar Santos, assim como o deputado da região Oeste João Nicolau, eleito pelo círculo de Lisboa, votaram contra esta “proposta irrealista e de execução impossível”.
“Os deputados do PS têm lutado por um novo Hospital para o Oeste e bater-se-ão pelo rápido lançamento da obra, e reiteram o compromisso de continuar a acompanhar o avanço dos trabalhos em curso para que possa ser uma realidade”, afirmaram os socialistas.
Numa intervenção na Assembleia da República, o deputado social-democrata Hugo Oliveira declarou que “o Governo, qual Pilatos, lava as suas mãos e espera que as autarquias tomem decisões e aguarda-se por um estudo”.
“Mas até lá é imperiosa a melhoria das unidades já existentes, que definham, e com elas a saúde do Oeste”, alertou, reclamando que o Governo diga com prazos e valores definidos quando é que o novo hospital vai estar ao serviço do Oeste.
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