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Duas centenas de painéis fotovoltaicos melhoram vida nas Berlengas

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Os painéis fotovoltaicos instalados para produzirem electricidade na ilha das Berlengas, ao largo de Peniche, facilitaram o dia-a-dia dos habitantes e trouxeram melhorias ambientais à reserva natural, contribuindo para a sua auto-sustentabilidade.
A eletricidade passou a estar ligada de forma ininterrupta durante 24 horas

Os painéis fotovoltaicos instalados para produzirem electricidade na ilha das Berlengas, ao largo de Peniche, facilitaram o dia-a-dia dos habitantes e trouxeram melhorias ambientais à reserva natural, contribuindo para a sua auto-sustentabilidade.

Segundo a agência Lusa, foi evitado o consumo de 31 mil litros de diesel usado no gerador. “Foi um passo gigante que se deu”, contou Nuno Pereira, uma das pessoas que, durante o ano, mais meses habita a ilha.

Nos dias de inverno, quando anoitece mais cedo, e com a falta de luz nas habitações do Bairro dos Pescadores, o antigo gerador a diesel da ilha funcionava durante escassas horas à noite.

“Não tínhamos barco como temos agora para trazer mantimentos de Peniche e fazíamos pão no forno a lenha”, relatou o morador, que é funcionário da Câmara Municipal de Peniche na ilha. Desde que foram instalados os painéis fotovoltaicos, há um ano, “dá para ver televisão, tenho mais eletrodomésticos e há outra comodidade”, acrescentou.

Pedro Jorge, pescador que nos meses de inverno habita a ilha, disse que os painéis foram “uma grande vantagem” para a comunidade piscatória. “Antes, não podíamos trazer e deixar os alimentos no frigorífico. Agora, consigo ter sempre alimentos. Estive em terra quatro dias e não tenho de estar preocupado se vai ou não haver luz”, explicou. Outra das vantagens é, após chegar cansado da faina, “não ouvir o gerador”.

Ao fim do primeiro ano, o investimento de 350 mil euros da E-Redes no sistema de produção, armazenamento e distribuição de energia trouxe também melhorias ambientais à reserva natural, contribuindo para a sua auto-sustentabilidade.

“Anteriormente, transportávamos para a ilha por barco, anualmente, 15 mil litros de gasóleo. Desde que o sistema começou a funcionar, não foi preciso fazer qualquer transporte”, afirmou o responsável pela área da Inovação, Eficiência Energética e Mobilidade da E-Redes, Luís Ferreira.

Em termos de impactos ambientais, acrescentou, “acabou-se o ruído associado aos geradores a diesel e evitámos mais de 80 toneladas de emissões de dióxido de carbono e o risco ambiental que o transporte de diesel para a ilha implicava”.

A melhoria da vida dos habitantes trazida pela eletricidade aumentou também o próprio consumo. Antes, a produção média da ilha era de 30 a 40 megawatts/hora e aumentou para os 60 mw/hora por ano, segundo a empresa energética. A produção renovável da ilha foi de 97 MWh e a eletricidade passou a estar ligada de forma ininterrupta durante 24 horas, o que não acontecia.

O único gerador existente na ilha passou a funcionar apenas em situações pontuais e de emergência.

Ainda assim, com o regresso dos visitantes no último verão, após a redução das restrições causadas pela pandemia de covid-19, associado a dias em que o sol não brilhou, “houve alturas de aumento de consumo” que levaram a E-Redes a recorrer ao gerador e a “desligar [a luz] durante a noite” para evitar o consumo de gasóleo.

“Estamos a falar de consumos de diesel muito baixos, inferiores a 100 litros, e o que estamos a fazer é estudar medidas na expetativa de, no próximo ano, ser possível manter um abastecimento 24 horas por dia, mesmo na época alta”, adiantou Luís Ferreira.

O investimento contemplou a instalação de painéis fotovoltaicos com uma potência de 70 quilowatts/hora e de um sistema de armazenamento da energia de 150 kWh, assim como equipamentos de controlo remoto.

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