Pequeno comércio de proximidade com menos de 200 metros quadrados, cabeleireiros, lojas de roupa ou sapatarias são alguns dos estabelecimentos que voltaram a funcionar.
O JORNAL DAS CALDAS visitou nesse dia alguns espaços comerciais na cidade
Os comerciantes acolheram com agrado as medidas que permitem a retoma da atividade económica.
Todos os setores de atividade têm as suas normas de segurança e com regras que devem ser cumpridas para evitar a propagação do vírus. No entanto, em todos os estabelecimentos abertos ao público é obrigatório o uso de máscara ou viseira.
Nos espaços fechados, a lotação máxima é de cinco pessoas por 100 metros quadrados.
Cabeleireiros e esteticistas com agenda cheia
Os cabeleireiros, barbeiros e institutos de beleza reabriram após o fim do estado de emergência no país, mas com um conjunto de regras, entre elas, a utilização de máscaras, óculos de proteção ou viseiras, tanto pelos profissionais como pelos clientes.
O acesso é por marcação prévia e à imposição de um número limitado de pessoas dentro dos estabelecimentos, que foram readaptados. A maioria reabriu com uma agenda cheia de marcações.
Aos profissionais de beleza e estética é exigida uma gestão apertada dos espaços, limitados a metade da lotação, à desinfeção permanente de superfícies e ao uso de materiais de proteção, entre outras medidas.
É o caso de Lina T.F. Cabeleireiros, instalada na loja número 15 do Centro Comercial Avenida, que no dia de reabertura contou com “uma agenda completa de marcações”.
Com o espaço aberto há 32 anos viu-se forçada a encerrar portas com a entrada da pandemia no país, o que fez com que “não houvesse faturação e uma dificuldade acrescida de realizar os pagamentos mensais essenciais ao negócio”. Agora, e com um ânimo totalmente diferente, Lina Ferreira retomou ao serviço mediante uma reserva prévia.
“O espaço irá funcionar com todas as regras e recomendações exigidas pela Direção Geral da Saúde (DGS) e os serviços serão realizados apenas mediante marcações telefónicas”, explicou Lina Ferreira, responsável e atualmente, a única funcionária do espaço.
Além do uso de máscara ou viseira obrigatório, Lina Ferreira exige que a clientela respeite as outras normas, como a desinfeção das mãos com álcool/gel à entrada e saída do salão disponibilizado por este, e a colocação das malas e pertences de cada cliente dentro de um saco disponibilizado pelo salão.
No que diz respeito ao horário, Lina Ferreira optou por mudar a hora de abertura, abrindo às 10h00 e encerrando às 19h00. As folgas semanais foram mantidas à quarta-feira e ao domingo.
Apesar das limitações que “o novo tempo” impõe, a cabeleireira acredita que “estas medidas serão essenciais, pois o mais importante é a nossa saúde”, por isso, aconselha a todos “tomarem todas as precauções possíveis sempre que visitarem qualquer instalação comercial ou pública”.
Adaptação aos novos tempos
Neste tipo de estabelecimentos aos funcionários é exigida a utilização de material lavável ou descartável “sempre que possível”, roupa e calçado exclusivos dentro do espaço de trabalho, e que as toalhas e penteadores sejam lavados a temperaturas superiores a 60°C. Entre o atendimento de clientes, o espaço é todo desinfetado, bem como os utensílios.
Não haverá ainda zona de espera, e caso haja qualquer atraso, os clientes terão de aguardar na rua, em fila, com distanciamento mínimo.
Além disso, deixam de estar disponíveis revistas e jornais, para evitar manuseamentos partilhados, e são cortadas cortesias como café e bolachinhas, para facilitar os procedimentos de higienização de todo o espaço.
Receosa quanto à pandemia em geral, agora que parte da economia local e nacional se prepara para retomar a normalidade possível, também está a hairstylist caldense, Dora Henriques, que detém um estúdio no 1º andar do nº4 da Rua do Rosário, no topo da Praça da Fruta, há cerca de oito meses.
“Apesar de já ter algumas marcações, considero que este começo tem de ser feito com muita calma, porque não sabemos quando é que tudo pode mudar”, sublinhou a jovem, que teve o espaço fechado durante “um mês e meio”, o que acabou por trazer “grande impacto a nível económico do salão, uma vez que não tivemos produtividade”. Mesmo assim considera que esse período de confinamento “fez-nos ser pessoas mais pacientes a nível pessoal”.
Para voltar abrir portas, Dora Henriques teve de alterar “toda a logística” do espaço, e impor um novo regulamento. Além do reforço no equipamento de segurança e em produtos para desinfeção dos instrumentos de corte, o “Pink Room by dora” passou a ter “uma capacidade máxima de duas pessoas”, não sendo permitido acompanhantes. Adicionalmente será obrigatório o uso de máscara descartável e a desinfeção das mãos com álcool/gel, bem como a proibição de entrada de objetos que não sejam necessários, como bijutaria e sacos de compras. “Da nossa parte haverá uma maior atenção e frequência na desinfeção do espaço, assim como estaremos de máscara e viseira à espera das clientes, mantendo sempre que possível o distanciamento social”, referiu a jovem.
Quanto à clientela, que “a pouco a pouco está a ser contatada e reagendada”, Dora Henriques pede que sejam pacientes e responsáveis. “É muito importante que não existam contágios e que possamos aproveitar esta oportunidade que nos foi dada”, frisou.
Aumentar as higienizações
Com a agenda com algumas marcações para o resto da semana também está Lisete Andrade, do CBA-Cabeleireiros, na rua Dr. Leonel Sotto Mayor 50, loja 41, que não precisou de fazer muitas alterações no espaço porque sempre trabalhou com marcações antecipadas, bastando-lhe agora aumentar a periodicidade das higienizações, entre outras medidas. “Depois deste tempo de crise foi fácil adaptar o negócio, pois eu já utilizava parte das normas exigidas. A única coisa que tive de reforçar foi o uso das máscaras, que não era habitual, a desinfeção do espaço bem como a utilização de material descartável de utilização única, como os penteadores descartáveis”, explicou a responsável, que à porta do espaço tem afixado o plano de contingência para a Covid-19.
Dele também faz parte o uso frequente de solução antisséptica de base alcoólica à entrada e saída do estabelecimento, por parte das clientes, a lavagem das toalhas a 60 graus, a higienização e desinfeção com “uma maior frequência de todas as superfícies”, desinfeção frequente das mãos entre clientes, “especialmente depois de tocar em dinheiro”, e a retirada de tudo o que fosse itens fáceis de tocar. “Basicamente criei um plano de desinfeção, em que tudo o que a cliente mexe, eu desinfeto”, frisou Lisete Andrade, que apela sempre às clientes que levem consigo uma máscara, e que respeitem as normas recomendadas pela DGS.
No que toca aos funcionários, a responsável optou por impor, além do uso de máscara, também a utilização de roupa exclusiva dentro das instalações, bem como o calçado, que após o dia de trabalho são colocados dentro de um saco para serem lavados.
Todas estas medidas fizeram com que a reabertura do CBA-Cabeleireiros corresse de “forma normal, apenas com uma maior exigência na desinfetação”.
Após um encerramento temporário, que “acabou por prejudicar bastante o negócio”, Lisete Andrade comenta que agora é “tempo de retomar e tentar fazer o melhor por todos, para que as pessoas comecem a ganhar autoestima e confiança, de modo a voltar ao normal”.
Já a esteticista e manicura Anastasiia Polska, que também reabriu o gabinete na passada segunda-feira, sublinhou que “este retomar à normalidade está ser feito de forma faseada, pois a maioria das minhas clientes optou por enquanto por ficar em casa, e agendar os serviços para o final do mês”.
Para a jovem, “a desinfeção e a esterilização de tudo não são novidade, apenas reforcei esse processo entre clientes”, aumentando o tempo entre marcações. Além disso reforçou o número de kits para cada cliente, proibiu a entrada de pessoas acompanhantes e a utilização de bijutarias nas mãos, e ainda implementou o uso de máscara dentro do espaço.
Para Ana Saramago Cabeleireiros foi fácil a reorganização com todas as medidas de segurança necessárias, uma vez que contou com o apoio da L’Oréal. Ana Saramago contou que “há cerca de duas semanas que já tinha mais ou menos as coisas organizadas, apesar de ter que esperar pelas indicações do Governo”.
Muitas das medidas impostas já eram praticadas por este salão de beleza. “A única medida que não tínhamos eram os acessórios e utensílios embalados em kits individuais, mas a restante esterilização e desinfeção já eram feitas”.
“Quem nos está a fazer a esterilização dos penteadores é a lavandaria do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, porque considero importante ajudar as instituições locais”, apontou.
Clientes ansiosas motivam avalanche de marcações
As pessoas estavam ansiosas para arranjar o cabelo e tratar da imagem, o que deu para perceber que o cabeleireiro “é uma necessidade”, daí a “avalanche de telefonemas para marcações”, salientou Ana Saramago.
Durante o mês de maio terá dois turnos, com quatro cabeleireiros a trabalhar das 8h00 às 14h00 e quatro das 15h00 às 21h00. As três esteticistas também estão a trabalhar por turnos.
O cenário de um cliente a entrar num salão de beleza sentar-se num sofá e folhear uma revista enquanto espera pela sua vez vai ficar apenas na memória. “A necessidade dos clientes exigia que o trabalho reiniciasse, mas por outro há o receio perante uma pandemia que não está ainda controlada”, disse a cabeleireira Liliana Ferreira, da Kontrastes.
Com a agenda da primeira semana preenchida, Liliana Ferreira não precisou de fazer muitas alterações no gabinete porque sempre trabalhou com marcações antecipadas, bastando-lhe agora “aumentar a periodicidade das higienizações”. Para a esteticista do espaço, Elvira Eusébio, nesta altura, “o que é fundamental é que o cliente se sinta em segurança”.
A esteticista Bina Flores está entusiasmada com o regresso após um mês e meio com “rendimento zero”. As medidas de segurança estão a ser cumpridas “ao pormenor”. Aos clientes é pedido que não levem compras nem jóias, só a máscara. O calçado é deixado à porta dentro de um saco próprio e se estes “não aceitarem alguma das regras de segurança, então o tratamento não será feito”, assegurou a responsável pelo Gabinete Bina Estética e Beleza.
A principal diferença de trabalhar no meio da pandemia é que antes atendia cerca de duas clientes numa hora e “agora só vou conseguir tratar de uma pessoa no mesmo período, porque preciso de tempo para desinfetar tudo antes de receber a próxima”, revelou.
“Vai ser uma terapia para todos, depois de tanto tempo fechados e sem grande contacto com as pessoas”, declarou Fernanda Silva, responsável pela ClinicBel, Centro de Terapia & Beleza, mostrando “otimismo para o futuro”.
A técnica de fisioterapia aproveitou a quarentena para se manter ocupada com tarefas e agora, com um “ânimo totalmente diferente, tenho tudo preparado para retomar o serviço, mediante reserva prévia e com todas as medidas de segurança”.
Pequeno comércio com reservas
Se os cabeleireiros e esteticistas tiveram clientes de imediato, o mesmo não aconteceu com o pequeno comércio. Bastava caminhar pela Rua das Montras na segunda-feira de manhã para se perceber que estava com pouca afluência, em comparação com os tempos antes da pandemia.
Maria João Luís, proprietária da sapataria Bomtom, disse que o fecho obrigatório foi muito difícil a nível “financeiro e até emocional”. Teme que os clientes tardem porque considera que há muito “medo nas pessoas e acho que as próximas semanas vão ser assim”. “Tem que ser um recomeço com muita calma e com esperança e fazer a nossa parte com muita segurança”, relatou.
No primeiro dia da reabertura da Lanidor Kids (vestuário para criança), Ana Costuras manifestou algum receio de falta de confiança dos consumidores. “É preciso dar tempo e incentivar que ajudem o comércio tradicional das Caldas, que precisa de vender porque esteve muito tempo sem rendimento”, salientou.
Noutro setor do comércio, na ourivesaria Amílcar Neves, Susana Neves Nogueira disse que as pessoas precisam de confiança para retomar a vida normal. “Se daqui a duas semanas os números de pessoas infetadas com Covid 19 não aumentar, acho que as pessoas voltam à sua vida normal com mais facilidade”, apontou. No entanto, alertou para “o uso de máscara e medidas de distanciamento para que tudo corra bem”.
Para o Grupo Vieira Gonçalves retomar a atividade é crucial, depois da paragem forçada. “Ninguém estava preparado para isto, mas agora é olhar para a frente e trabalhar com todas as regras de segurança para salvaguardar os clientes e os funcionários”, afirmou a funcionária da Executiva, Luísa Silva. Apelou ainda às pessoas da região que comprem “no comércio tradicional das Caldas”.
Vanusa Silva, da loja de roupa feminina Ecco, está “com esperança”, reconhecendo que “há muitas pessoas com dificuldades”. Ansiosa para começar a atender os clientes, disse que nunca esteve parada. “Fui ao longo da quarentena colocando peças da nova coleção primavera/verão nas redes sociais e as minhas clientes estão mortas por regressar e, apesar desta trabalheira toda na limpeza, desinfeção e uso de máscara, o facto de poderem vir à loja já é o suficiente para melhorar a boa disposição”, confessou.
Sandra Martins, responsável pela Atractiva, loja de roupa XL, tem “fé que tudo voltará à normalidade”. Vende na sua loja máscaras “em cortiça, cem por cento nacionais, antibacterianas e reutilizáveis”.
A segunda fase do plano de reabertura da atividade económica deverá acontecer no dia 18 de maio, com a abertura de lojas de maior dimensão, em que também deverão estar incluídos os restaurantes. Depois, a 1 de junho, deverá ser a vez dos centros comerciais abrirem portas. Apesar do plano definido, o Governo adiantou que o mesmo será avaliado quinzenalmente.
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