“Vou para São Martinho do Porto. Quase todos os dias utilizo o comboio e há horários que não são cumpridos. Causa-me transtorno”, manifestou Matilde Rodrigues, espanhola, de 66 anos.
Anabela Ribeiro, de 54 anos, ia para Torres Vedras para uma consulta no hospital quando falou ao JORNAL DAS CALDAS. “Geralmente o comboio vem atrasado e por vezes não há, apesar de estar no horário”, lamentou, receando não chegar ao estabelecimento de saúde à hora marcada.
Lara Jorge, de 16 anos, sublinhou que os atrasos “afastam as pessoas, que vão deixar de andar de comboio por causa disso”. Revelou que tem colegas na escola que “chegam atrasados às aulas” por causa do incumprimento de horários na Linha do Oeste.
Só no primeiro dia deste mês foram suprimidos oito horários, tendo sido realizado serviço alternativo em autocarro. Outras quatro ligações tiveram atrasos que variaram entre 24 minutos a uma hora.
A escassez de ligações sem paragens em apeadeiros, seja para a Grande Lisboa ou Coimbra é também alvo das queixas.
As críticas vão ao encontro das preocupações da comissão para a defesa da Linha do Oeste. Num comunicado distribuído na passada quarta-feira aos passageiros na estação das Caldas da Rainha alertou para a “ausência de investimento da CP para resolver este problema”, admitindo que possa estar a ser “hipotecado o futuro da Linha”.
A comissão sustentou que são precisos mais comboios, denunciando que a supressão de composições tem vindo a ser substituída pelo serviço de autocarros e táxis. Revelou também que a CP “tentou por em vigor, a partir de 10 de junho, novos horários para a Linha do Oeste, reduzindo claramente a oferta ao longo do dia”, mas a intervenção da comissão, protestando contra essa intenção e o descontentamento manifestado pelos utentes fizeram “com que a situação se alterasse, com o Ministério do Planeamento e Infraestruturas a anunciar que não dava o aval”.
“Contudo, não podemos ficar descansados, já que poderão surgir novas tentativas da CP”, avisou José Raposo, porta-voz da comissão.
A modernização da linha é outra medida que se aguarda até 2021. A obra prevista, ainda em projeto, envolve um investimento estimado em 112,4 milhões de euros mas é, no entanto, considerada insuficiente, por só atingir o troço entre Meleças e Caldas da Rainha, com uma extensão de 87 quilómetros, sendo exigido um novo plano para o troço entre Caldas da Rainha e Louriçal, tal como se espera que seja apreciado após o verão na Assembleia da República, em resultado de uma petição com mais de 6400 assinaturas para debater este problema.
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