A Imprensa Nacional Casa da Moeda, na coleção de “Tesouros Numismáticos Portugueses”, onde recria as cinco das mais belas moedas portuguesas em ouro pelo seu profundo significado, importância histórica, económica e pela sua raridade, mandou cunhar esta bela moeda, sendo a quarta denominada “Peça do ano de 1722”, também conhecida pela dobra de 4 escudos. Foi também neste reinado que se cunhou a maior moeda portuguesa em ouro que se conhece, a dobra de 24 escudos, com o peso de 86g. Os cunhos destas moedas tiveram por base desenhos de Vieira Lusitano tendo sido elaboradas na Baía, Rio de Janeiro e Minas Gerais no Brasil e na cidade de Lisboa.
Historial – 1ª Parte
Dom João V, de nome completo, João Francisco António José Bento Bernardes de Bragança, nasceu a 22 de outubro de 1689, no palácio da Ribeira, na cidade de Lisboa, filho de D. Pedro II e de sua mulher D. Maria Sofia. Foi cognominado pelos historiadores como o Magnânimo, Rei-Sol Português, pelo luxo que revestiu todo o seu reinado; outros acrescem-lhe o cognome de ” O Freirático” devido ao seu apetite sexual por freiras, tendo tido filhos de algumas tal como a célebre Madre Paula, que foi mãe de Gaspar de Bragança, um dos Meninos de Palhavã.
Com apenas um mês, foi proclamado herdeiro num ato solene na presença da Corte. Foi batizado a 19 de novembro de 1689 na Capela Real, pelo arcebispo de Lisboa e capelão mor D. Luís de Sousa, sendo seu padrinho o avô materno, Filipe Guilherme de Neuburgo, eleitor do Palatino do Sacro Império, por procuração passada ao Cardeal D. Veríssimo de Lencaster, Inquisidor – Geral dos Reinos de Portugal e Algarves; a madrinha foi sua irmã, D. Isabel Luísa Josefa.
Era uma figura dócil e extremo devoto. De bela compleição física, era muito tímido e influenciável pelas primeiras impressões.
Foi aclamado rei em 9 de dezembro de 1706, tornando-se no vigésimo rei de Portugal. Logo na cerimónia da aclamação, viu-se o Pendor Régio para a Magnificência. Era novo o cerimonial e pretendia envolver a figura de Dom João V no halo de veneração com que o absolutismo cobria as Realezas.
Segundo o historiador Veríssimo Serrão, era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos pertencentes à Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia autores clássicos e modernos, era possuidor de boa cultura literária e científica, sendo um apaixonado pela música.
Para a sua educação contribuiu a mãe, que o educou assim como aos irmãos, nas práticas religiosas e no pendor literário.
Casou em 9 de julho de 1708, na cidade de Viena, na Catedral de Santo Estevão, com D. Maria Ana de Áustria, vindo esta para a corte portuguesa com apenas catorze anos de idade, vindo a falecer no Paço de Belém no ano de 1754.
Dom João V, no ano de 1715, aceitando o convite do Papa Clemente XI, fez armar uma frota para defender Corfu (Grécia). Esta frota era comandada por Lopes Furtado de Mendonça, conde do Rio Grande, que indo em socorro, foi impedida pelos ventos de chegar a tempo, voltando a entrar na barra do Tejo. Veio a obter uma grande vitória no ano seguinte no cabo do Matapão (Grécia), sendo que a construção da Basílica Patriarcal de Lisboa (Estrela), no ano de 1717, se deve muito a tal êxito.
A cidade de Roma, aliás, sempre foi para Dom João V o verdadeiro fiel da balança europeia, sendo Portugal um país em que o Estado e a Igreja continuavam a ser um bloco homogéneo.
Houve um conflito religioso no ano de 1720, atenuado dez anos depois (1730) com a eleição do Papa Clemente XII e um reatamento diplomático.
Dom João V, no ano de 1747, alcançou uma grande vitória ao ser-lhe concedido o título de “Fidelíssimo” pela Cúria.
As suas relações com a vizinha Espanha correram muito bem, graças sobretudo à atuação de D. Luís da Cunha, grande diplomata, embaixador entre os anos de 1719 e 1720.
Desde o ano de 1725 que a diplomacia espanhola via em D. José I, príncipe do Brasil, e herdeiro da coroa, o noivo ideal para a Infanta Maria Ana Vitória, filha de Filipe V.
(Continua)
Fontes: História de Portugal – Dom João V; I.N.C.M.; coleção particular do autor
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