Ao longo dos últimos anos no Baleal têm-se desenvolvido negócios ligados ao surf, bodyboard e stand up paddle. Motivo para, numa terra de pescadores, agora não esquecer os surfistas na Festa de Santo Estêvão.
“Esta zona tem visto um crescimento grande de hotéis, casas de surf, surf camps e lojas, o que dinamiza muita gente.
Esta foi sempre uma festa dos pescadores e agora passa a incluir outros homens do mar, que são os surfistas”, explicou Tiago Cruz, da organização.
Paulo Esteves, de 53 anos, representou a velha guarda do surf. “Sou surfista já desde 1970. Já tive vários sustos. Nessas alturas não apelei a nenhuma divindade, só pensei em como havia de sair de água. Sou praticante de surf mas não sou religioso praticante”, comentou.
Na praia, muitos jovens relatavam as suas experiências. “O que mais gasto é de descer as ondas, porque é a uma velocidade muito grande”, afirmou António Couceiro. “Podemos descarregar todos os nossos problemas na água, deixar os pensamentos ali no mar”, referiu Eva de Wit.
Depois da missa na ermida de S. Estêvão, na península do Baleal, pequeno templo datado do séc. XVI ou XVII, decorreu a procissão à volta da ilha até ao local da bênção, onde aguardavam três dezenas de surfistas acompanhados das pranchas. O padre Carlos Marques desejou-lhes boas ondas.
“Apesar de não praticar, também gosto de os ver, quer a descer as ondas quer a andar lá no meio dos tubos. Desejei-lhes boas ondas para que possam fazer essa prática com beleza e alegria”, disse o pároco, que confidenciou que “achava interessante experimentar, mas primeiro tenho de aprender a cair muitas vezes da prancha”.
Nesta festa religiosa houve também um momento de silêncio em honra do pescador que faleceu na sexta-feira, na sequência de um naufrágio ao largo do Baleal.
Francisco Gomes
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