Os Guias de S. Lourenço são um grupo interparoquial de ação sócio caritativa, com suporte jurídico pela Fábrica da Igreja Paroquial de S. Pedro de Óbidos. O grupo é constituído por quarenta voluntários de diversas localidades, que tentam pôr em prática a responsabilidade, como cristãos, de agirem perante diversos tipos de carências, “que ainda se fazem sentir no concelho de Óbidos”, revelou Raúl Penha.
Em funcionamento desde março de 2006, a instituição sem fins lucrativos tem já uma vasta ação concretizada. O grupo trabalha com o máximo sigilo no que se refere aos indivíduos apoiados, sua localização e tipo de necessidades que, na maioria, são casos de pobreza envergonhada. As necessidades da população apoiada centram-se no isolamento de pessoas idosas, com baixos recursos económicos, nos desempregados de longa duração, doentes crónicos incapacitados para promover uma vida profissional e nas famílias numerosas, com baixos rendimentos.
Segundo o responsável, um grupo com características sociais diferentes, composto por pessoas com formação superior e que noutros momentos da vida possuíram bons empregos e estabilidade pessoal e familiar, “veem-se agora numa necessidade extrema; depois de grande relutância acabam por muito discretamente pedir ajuda ou deixar que outros o façam por si”.
Desde do início já solicitaram ajuda aos Guias de S. Lourenço, duas centenas de famílias e “o impacto positivo”, manifestado pelos próprios, “leva-nos a assumir uma responsabilidade cada vez maior nas diversas intervenções, a sentir que muito mais há por fazer e a querer encontrar novas estratégias que respondam cada vez melhor às necessidades reais”, apresentou o diácono Raúl.
O grupo desenvolve a sua ação pelas sete paróquias do concelho de Óbidos, apoiando presentemente cerca de cem famílias que revelam diversas necessidades a nível de bens essenciais (alimentação, mobiliário, equipamentos domésticos, vestuário, material escolar e brinquedos); de informação, sensibilização e encaminhamento para serviços e instituições de apoio que possam vir a responder às suas necessidades de emprego, habitação, aconselhamento familiar, saúde, etc.
No início da atividade, os Guias de S. Lourenço estabeleceram um protocolo com o Banco Alimentar do Oeste, com entrega mensal de bens alimentares, e com o Banco de Bens Doados, com entrega bimensal de uma box. “Com carater mensal, temos a recolha de bens nas missas paroquiais, ao primeiro domingo de cada mês, na ‘Missa da Partilha’”, referiu o diácono de Óbidos reforçando de forma periódica, as campanhas de recolha em algumas grandes superfícies locais.
O grupo integra nas suas atividades, a distribuição de um cabaz alimentar ao domicílio, realizado de três em três semanas, em função das necessidades e do stock existente; o empréstimo de ajudas técnicas e a dispensação de medicamentos a famílias com maiores necessidades, cuja despesa em medicação se revela incomportável. As visitas ao domicílio, o acompanhamento a consultas e exames médicos, e convívios com o objetivo de promover a sua integração social através da interação entre voluntários do grupo, os utentes e a comunidade, são outras prioridades apontadas pelo responsável, que requerem maior atenção.
Venda de produtos paga despesas
A instituição construiu um espaço vocacionado para a aprendizagem de artes decorativas, pintura, restauro e costura a partir de materiais reciclados e recuperados, orientados por uma formadora especializada. Os objetivos deste projeto incidem “em retirar os utentes desempregados do isolamento em que vivem, promovendo um sentimento de valorização e autoestima, por trabalharem para a comunidade”, referiu Raúl Penha. Esta participação ativa pode ser compensada monetariamente, com uma pequena percentagem sobre os produtos vendidos em espaço anexo à Igreja de São Pedro, direcionando para quem visita a vila de Óbidos.
“A venda, neste espaço, constitui um fundo para a sustentação das despesas do Grupo, tais como, a renda, água, luz, formadora e outras despesas subjacentes à atividade”, manifestou o responsável sublinhando o desenvolvimento de um compromisso entre a instituição e os utentes, valorizando as ações conjuntas, “responsabilizando os utentes para o grupo e promovendo o intercâmbio entre eles e os voluntários”.
A Loja Solidária localizada no Bairro dos Arcos em Óbidos está aberta ao público com produtos doados, vendidos a um custo reduzido e cujos resultados são aplicados inteiramente no programa de ação dos Guias de S. Lourenço.
Segundo o diácono Raúl, nos recursos financeiros, todas as despesas inerentes ao desempenho das atividades a que este grupo se tem proposto, têm sido assumidas pelos próprios voluntários, pois ao longo dos 6 anos de existência dos Guias de S. Lourenço, estes não beneficiam de apoio financeiro de qualquer entidade oficial, e a paróquia não possui recursos suficientes para financiar diretamente estas atividades.
Os encargos mais preocupantes para o responsável incluem “as deslocações para a recolha e entrega de todos os géneros que distribuímos, numa média de 100 quilómetros por semana, encargos com o espaço da Loja Solidária, Atelier, Armazém de Alimentos e bens de primeira necessidade a famílias em situações de emergência”.
Uma das estratégias para melhor concretizar o plano das necessidades da instituição, apontadas pelo dirigente “passará por reunir mais recursos para que a ação seja cada vez mais eficaz”. Assim, o grupo necessita a curto prazo de reforçar “o nosso fundo maneio pois o pagamento de despesas, aos utentes, em situação de emergência que subiu nos últimos meses e estamos a ficar impossibilitados de fazer face a novas situações”, a juntar à contratação de um formador, a tempo inteiro, na dinamização do ateliê, e de um funcionário para manter a Loja Solidária aberta ao público em horário laboral, afirmou o diácono Raúl, concluindo que é urgente adquirir uma carrinha de caixa aberta, para que possa fazer a recolha e a redistribuição dos bens, e a garantia de uma verba necessária para fazer face às despesas fixas do grupo.
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