Quando se compra uma casa integrada num condomínio, adquire-se sempre mais do que a própria habitação, pois existem espaços de propriedade partilhada como, por exemplo, as escadas, os terraços e os elevadores. Existem, por isso, direitos e deveres que afectam, de igual forma, todos os proprietários relativamente a esses espaços comuns. Por outro lado, o simples facto de viver em condomínio faz com que, mesmo dentro da própria casa, tenham de ser respeitadas algumas regras indispensáveis a uma sã convivência. Assim, aquando da aquisição da casa, ou até anteriormente, importa, desde logo, tomar conhecimento do conteúdo do título constitutivo, pois as normas contidas no mesmo são válidas para todos os condóminos, ainda que não residissem no prédio na altura da sua elaboração. Deste documento consta a descrição das várias fracções, o valor atribuído a cada uma delas, em termos de percentagem ou permilagem e, eventualmente, o regulamento do condomínio, referência à utilização a dar a cada fracção ou às partes comuns e à forma de resolução de eventuais conflitos entre condóminos. É também a existência de partes comuns que determina que todos os condóminos sejam chamados a participar na sua administração através da assembleia de condóminos, tomando decisões referentes a assuntos de maior responsabilidade como, por exemplo, a alteração do regulamento, a eleição do administrador, a aprovação do orçamento ou a realização de obras. Por sua vez, a execução de tais decisões e a responsabilidade pela gestão corrente do edifício incumbe ao administrador, o qual, de entre o vasto leque das competências que lhe são legalmente atribuídas, é o responsável, por exemplo, pela convocação da assembleia de condóminos, elaboração do orçamento de receitas e despesas relativas a cada ano, cobrança das receitas e realização das despesas comuns, prestação de contas à assembleia e representação dos condóminos perante as autoridades administrativas. No entanto, e porque nem sempre aparecem candidatos dispostos a aceitar tal tarefa, é cada vez mais frequente o recurso a empresas especializadas, porém, conforme concluímos em estudo publicado no início do ano, muitos são os que os que se encontram insatisfeitos com o seu trabalho. A actividade destas empresas não é regulada nem existe uma entidade supervisora à qual possa recorrer em caso de conflito, pelo que convém tomar alguns cuidados na sua contratação, nomeadamente, pedindo referências junto de condomínios vizinhos, certificando-se que a empresa se encontra legalizada e negociando um contrato adequado às necessidades do condomínio. Como salvaguarda, poderá ainda ser reservado o direito de veto do condomínio em decisões importantes (por exemplo, obras) e ser nomeado um administrador residente para acompanhar a empresa, assinar cheques e autorizar débitos em conta. Finalmente, e porque concluímos no estudo publicado no inicio do ano que muitos são ainda os condomínios que não têm fundo comum de reserva, aproveitamos para recordar a importância da sua constituição para fazer face aos custos com obras de conservação das partes comuns e eventuais situações inesperadas. Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto, participe no Seminário subordinado ao tema “Viver melhor em condomínio” que terá lugar no dia 19 de Maio, no Edifício Pirâmide em Abrantes. Marta Costa Almeida – Jurista na DECO Delegação Regional de Santarém Os leitores interessados em obter esclarecimentos relacionados com o Direito do Consumo ou em apresentar eventuais problemas, podem recorrer ao Gabinete de Apoio ao Consumidor da Delegação Regional de Santarém da DECO na Rua Pedro de Santarém, 59, 1.º Dto., 2000-223 Santarém (E-mail: deco.santarem@deco.pt / Tel.: 243 329 950).
Viver melhor em condomínio
Últimas
Artigos Relacionados
A diferença injustificável
Segundo o “Barómetro do Diferencial Remuneratório entre Homens e Mulheres” (DRHM), em Portugal, a diferença tem-se agravando em desfavor das mulheres, nas faixas etárias mais elevadas e no nível de escolaridade superior. Este estudo foi elaborado pelo “Observatório Género, Trabalho e Poder”, recém-criado pelo ISEG — Lisbon School of Economics & Management da Universidade de Lisboa —, dirigido pela investigadora Sara Falcão Casaca.
Novo Passe M no Oeste vai permitir mobilidade gratuita entre os municípios
A partir de 1 de janeiro estará disponível o novo Passe M, uma iniciativa inovadora criada pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) com o objetivo de promover a mobilidade para todos. O Oeste torna-se “a primeira região do país a implementar a gratuitidade dos transportes no modelo intermunicipal, uma solução que reforça o compromisso com a mobilidade universal, tornando-a mais sustentável, tendencialmente gratuita e orientada para as pessoas”.
Lixo no chão na Praça 5 de Outubro
Moradores e comerciantes na Praça 5 de Outubro, nas Caldas da Rainha, têm-se queixado de que o lixo é deixado no chão, seja por desleixo das pessoas ou por os ecopontos estarem completamente cheios dias seguidos.
0 Comentários