Se há duas coisas que nós, os portugueses, valorizamos, são comida e paz. Comida com fartura, para podermos estar em paz, e paz à nossa volta para podermos saborear boa comida sem pressas.

 

Estamos sempre prontos a receber mais um na nossa mesa farta e qualquer visita na nossa casa deve sentir que ingeriu numa só refeição as calorias recomendadas para três dias.

Gostamos de receber bem, mas também apreciamos ser bem recebidos. Ora, isso nem sempre acontece. Deparei-me com uma história sobre os soldados portugueses durante a Primeira Guerra Mundial que, devido à descrição dos acontecimentos, só posso acreditar que seja verdade.

Portugal esteve a combater ao lado dos soldados britânicos que ficaram responsáveis pelas refeições. O problema é que para os britânicos o que se almoça durante a guerra parece ser secundário. Para o português não. O português planeia o seu dia à volta do que vai comer. Imagino que um ataque nunca poderia ser depois das 11h, pois pode atrasar o almoço e nunca antes das 15h, que atrapalha a digestão.

Os soldados britânicos faziam as suas refeições à base de comida enlatada, que, vá-se lá entender, parece que era mais prática de transportar e conservava-se durante mais tempo. Os portugueses, perante este ultraje, começaram a reclamar da qualidade e quantidade de comida e a transportar para as trincheiras sementes de vários legumes para poderem plantar onde estivessem acampados. Algo que era bem aproveitado, visto que as batalhas já tinham lavrado os campos.

A comida é sempre o ponto principal para os portugueses, seja para combater melhor, seja para não ter de combater. Outra das lendas sobre o nosso exército é a de que, durante a Guerra Colonial, alguns dos soldados introduziam alho no próprio ânus — que provocava febre — para assim evitarem combater.

Parece-me fascinante que até a produção de um esquema para enganar os camaradas e evitar dar a vida pela pátria envolva o início de um refogado.

Este esquema, apesar de não parecer grave e ser até engraçado, constituiu um enorme risco para a reputação do povo português. Portugal combatia no continente africano, a não muitos quilómetros de distância de áreas onde, já neste século, foram descobertos casos de canibalismo.

Imaginem que uma tribo de canibais ataca o acampamento português enquanto os soldados sem febre saem para combater. Ficariam apenas os soldados febris à mercê destas tribos, que quando estivessem a tirá-los das brasas ficariam surpreendidas com um agradável sabor temperado numa das partes que normalmente tiravam para o lado. De todas as nacionalidades que já tinham provado, o cu-de-alho português passaria a ser uma iguaria para estes povos.

É, portanto, importante fazermos de tudo para manter a paz. Não porque cause morte, destruição e horror. Mas acima de tudo, porque atrapalha o almoço.

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