Segundo Carla Santos, bióloga do Gabinete de Ambiente, Espaços Verdes e Paisagem Natural da Câmara, o principal objetivo deste evento foi o de dar a conhecer o que se pretende fazer nas linhas de água do concelho.
“O paradigma mudou muito nestes últimos dez anos. As intervenções nos rios devem ser centralizadas na engenharia natural”, salientou a especialista.
O evento contou com a participação de especialistas na área do restauro fluvial, que explicaram aos participantes a pertinência e a urgência de adaptar o território às alterações climáticas, dando a conhecer as metas definidas pela Lei do Restauro da Natureza.
A legislação exige que os estados membros restaurem ecossistemas degradados, incluindo rios. Para isso terão que restaurar a conetividade, eliminando barreiras transversais, renaturalizar as margens, remover as espécies invasoras, aumentar a biodiversidade e garantir a qualidade da água.
O restauro e renaturalização de rios e ribeiras será uma das medidas centrais do Plano Nacional de Restauro da Natureza, que estará concluído em agosto de 2026.
O anfiteatro natural que existe entre o Rio da Cal e a ESAD.CR é um caso demonstrativo do que irá ser feito nos próximos anos. “Não serão feitas obras fixas, nem serão estabilizadas as margens com cimento. O objetivo é que o rio se possa espraiar, porque existe uma bacia que pode ser infiltrada, e no verão a sombra das árvores pode preservar essa água acumulada”, adiantou Carla Santos.
O terreno é municipal e está há oito anos sob a gestão da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, na altura em que o atual presidente da Câmara, Vitor Marques, ainda presidia àquela entidade.
“Para além da sua limpeza, pensámos em realizar várias intervenções, mas tínhamos muita falta de conhecimento do que poderia ser feito”, explicou o edil caldense.
Como a Câmara criou um gabinete especializado surgiram as condições ideais para seguir um plano de intervenção elaborado por especialistas.
O troço do rio da Cal entre a ponte junto às antigas instalações da EDP e o terreno vai ser reabilitado, com o corte de espécies invasoras (sobretudo as canas) e a plantação de salgueiros, amieiros e freixos.
No futuro está prevista a sua reabilitação até às Águas Santas. Todas as intervenções irão permitir a criação de um corredor informal junto à linha de água para que as pessoas possam caminhar ao longo do seu percurso. O mesmo irá ser feito noutras linhas de água do género no concelho.
“Este espaço tem um potencial tremendo para a população das Caldas, mas também para os estudantes da ESAD.CR”, referiu Vitor Marques.
Tal como é referido no Plano Municipal de Ação Climática (PMAC), que esteve em consulta pública, os maiores desafios são minimizar o efeito das cheias durante o inverno e mitigar as zonas de calor no verão.
António Vidigal, responsável do Gabinete do Ambiente, sublinhou que depois da adesão do município à EU Mission on Adaptation to Climate Change (MIP4ADAPT), em 2022, houve uma série de formações que capacitaram os técnicos da Câmara para implementarem ações como estas, assim como a procurarem fontes de financiamento para as intervenções necessárias.
O responsável referiu que durante a consulta pública do PMAC houve inúmeros contributos que serão tidos em linha de conta para a sua versão final, que deverá estar concluído em breve.
Muitas atividades para os mais novos
A festa teve também uma componente lúdica. No meio da natureza, viveu-se uma tarde de partilha e descoberta, com ateliers lúdicos e artísticos, incluindo uma exposição com fotografias do início do século XX, de quando o rio da Cal era utilizado pelas lavadeiras. Este rio nasce junto à rotunda que vai para Óbidos.
Durante a tarde os mais pequenos também tiveram várias atividades, desde pinturas faciais a jogos ambientais, mas também puderam ouvir histórias, ver pintores e desenhadores a criar, assim como brincar livremente por todo o espaço até bastante depois do por do sol.
A Festa da Água é um evento anual organizado pelo município das Caldas da Rainha, União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, e pelos Serviços Municiapalizados (SMAS). São ainda parceiros da organização do evento a ESAD.CR, que apresentou também a exposição fotográfica “Ao Redor da Água”, e a MIP4ADAPT.
Estiveram ainda presentes a Ágora – Associação Ambiental, a associação PATO, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Biogleba, a Águas do Tejo Atlântico, o Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro e o Geoparque Oeste da UNESCO.










