Esta tradição tem origem em práticas antigas de oferendas aos mortos e está relacionada com o culto dos defuntos, tendo sido especialmente reforçada após o terramoto de 1755, quando as pessoas pediam esmola para sobreviver.

A Junta de Vidais organiza desde 2021 a comemoração do Pão Por Deus, com a entrega de sacos personalizados da junta, alusivos ao tema, a todos os jovens que se inscrevem da freguesia de Vidais.

“Este ano houve mais de 60 inscrições, e logo pela manhã, os elementos do executivo da Junta, percorrem toda a freguesia e entregam a cada menino, um saco, que contém lá dentro doces e surpresas alusivas ao Pão por Deus”, explicou Rui Henriques, presidente da Junta.

Todos os anos entregam um texto com uma curiosidade ou com uma tradição, para que seja incutido nos mais novos a sabedoria e tradições dos mais antigos.

“Este ano o texto falava sobre a importância das fontes, dos fontanários e dos lavadouros da freguesia. O quanto já foram importantes para o desenvolvimento e para toda a comunidade dos Vidais”, revelou o autarca.

Para além de entregarem as broas de noz e erva doce, fornecem ainda a receita, para motivar os mais novos, com a ajuda dos pais ou avós, a fazerem eles mesmos esses doces caseiros.

A União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto adiou a distribuição prevista para 31 de outubro, para segunda e terça-feira, devido ao mau tempo, mas não deixou de o fazer em todas as escolas do seu território.

João Lourenço, presidente da União de Freguesias, contou que desde 2004 que a então Junta de Tornada começou a promover esta iniciativa e quando tomou posse fez questão que o hábito se mantivesse.

Em Salir de Matos a Junta distribuiu, na tarde de sexta-feira, sacos com guloseimas e broas (produzidas na freguesia) no Centro Escolar (que inclui também crianças do Coto) e no jardim de infância.

O presidente da Junta, Flávio Jacinto, salienta que o objetivo desta iniciativa, que já acontece há alguns anos, é de manter e valorizar a tradição. No dia 1 de novembro houve várias crianças, com os seus pais e mães, que saíram à rua nas aldeias da freguesia para pedir pão por deus.

Também na cidade, principalmente no centro, há muitos grupos de crianças acompanhadas por adultos que mantêm esta tradição. Há comerciantes que já estão à espera e têm sempre algo preparado, mas também há muitas outras pessoas que se preparam com guloseimas, à espera que alguém toque à sua porta.

“Fomos muitíssimo bem recebidos, essencialmente pelos comerciantes que, na grande maioria, tinham surpresas para as crianças e os que não tinham improvisaram. Também houve comerciantes que tinham um mimo para os pais que acompanhavam”, referiu Guilhermina Moura, que saiu para acompanhar a sua filha.

“Eu e a Amora já costumamos ir e este ano juntaram-se a nós mais dois amigos”, adiantou.

“Houve uma situação muito engraçada: um casal parou o carro e perguntou se as nossas crianças estavam ao Pão por Deus, ao que respondemos positivamente. A senhora saiu do carro, abriu a mala e tirou um grande alguidar cheio de saquinhos com doces, e com os olhos muito brilhantes, agradeceu-nos muito por mantermos a tradição”, contou.

As crianças mais velhas já vão em grupo e sem adultos, depois de terem recebido essa “herança” dos seus pais. Este foi mais um Dia de Todos os Santos em que as campainhas não pararam de tocar em algumas zonas da cidade.