A assinatura deste protocolo marca o arranque do Projeto Bolotas Mestras, uma iniciativa municipal que pretende valorizar as espécies de floresta autóctone da Mata Nacional das Mestras, nomeadamente sobreiros e carvalhos, e aproveitar as suas sementes para germinação em viveiro, com o objetivo de reforçar a arborização e a reflorestação no concelho.
“Este é um projeto com uma forte componente ambiental e educativa, que vai permitir envolver a comunidade na preservação da floresta autóctone e na adaptação do território às alterações climáticas”, destacou Vitor Marques, sublinhando o “caráter simbólico e estratégico” desta parceria com o ICNF.
Mata com importância ecológica
Com uma área de 84 hectares, a Mata Nacional das Mestras é composta maioritariamente por sobreiros (70%), além de pinheiros-bravos, pinheiros-mansos e carvalhos. Segundo o Plano Municipal de Ação Climática (PMAC), esta área verde é responsável pela captura estimada de até 131 toneladas de carbono orgânico, desempenhando um papel essencial na mitigação das emissões de gases com efeito de estufa.
No entanto, o mesmo plano identifica a Mata das Mestras como um dos territórios mais vulneráveis do concelho, devido à escassez de água e ao risco crescente de incêndios. O projeto surge, por isso, como uma resposta às vulnerabilidades climáticas, apostando numa arborização resiliente e diversificada, alinhada com a estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas.
Recolha de bolotas
O protocolo prevê que o Município organize anualmente uma ação de recolha de bolotas, por ocasião do Dia Nacional da Floresta Autóctone (23 de novembro), aberta à participação da comunidade. As sementes recolhidas serão encaminhadas para viveiros do ICNF, mantendo-se uma parte no viveiro da Reserva Local do Paul de Tornada, destinada a fins de divulgação e educação ambiental.
Depois de germinadas, as plantas serão utilizadas em ações de plantação entre outubro e fevereiro, em locais definidos pelo Programa Municipal de Arborização Urbana 2026-2030. As árvores plantadas serão acompanhadas e monitorizadas pelos serviços operacionais do Município e pelas juntas de freguesia.
O projeto contará ainda com a colaboração de quatro associações ambientais locais — Associação PATO, Ágora – Associação Ambiental, Biogleba e GEOTA — que irão participar em ações de sensibilização, recolha de sementes, visitas aos viveiros e plantações.
“O envolvimento das associações e da população é essencial. Quanto maior for a participação cívica, mais eficaz será a nossa resposta às alterações climáticas”, referiu o presidente da Câmara.
O diretor regional do ICNF destacou a importância desta colaboração, afirmando que “a valorização da Mata Nacional das Mestras é um exemplo de boa articulação entre entidades públicas com objetivos comuns na defesa do património natural”. Segundo Carlos Albuquerque, o protocolo “permite dar um novo uso a um espaço emblemático, envolvendo a autarquia e a comunidade na conservação ativa da floresta autóctone” e reforça a necessidade de “promover a regeneração natural das espécies e garantir uma gestão sustentável das matas nacionais, num contexto de alterações climáticas que exige respostas locais e participadas”.
O presidente da Câmara reforçou que “o Projeto Bolotas Mestras não é apenas uma iniciativa ambiental, mas também educativa, que aproxima a população à sua floresta autóctone e promove a literacia ambiental”. Para o autarca, a iniciativa representa ainda “uma resposta concreta aos desafios climáticos, permitindo reforçar a arborização e criar uma mata mais resiliente e diversificada”. Vítor Marques destacou também a importância do envolvimento da comunidade e das associações locais, sublinhando que “quanto maior for a participação cívica, mais sólida se tornará a preservação do património natural do concelho”.
As atividades do Projeto Bolotas Mestras serão divulgadas através das redes sociais do Município, com o objetivo de promover a literacia ambiental e aproximar a comunidade da sua floresta autóctone.








