“Chegou esta manhã ao nosso conhecimento que terá ocorrido um contacto telefónico entre o candidato do Chega e o candidato do movimento Vamos Mudar, com o propósito de discutir uma eventual coligação pós-eleitoral”, lê-se no comunicado do candidato do ADN.
“Nos últimos meses tem sido visível uma aproximação entre o Vamos Mudar e o Partido Socialista com o objetivo de assegurar uma maioria no executivo municipal. Face ao risco de perder influência, o movimento parece agora disponível para entendimentos de conveniência com qualquer força política, incluindo o Chega”, refere Carlos Barroso.
Por sua vez, segundo sublinha, “o candidato do Chega, após ter abandonado o PSD, tem conduzido uma campanha sem conteúdo programático visível, recorrendo antes a estratégias de bastidores que, neste caso, contrariam os próprios princípios do partido que representa”.
O candidato do ADN sustenta que “os eleitores do Chega, que muitas vezes expressam o seu voto como forma de protesto contra o sistema, merecem saber se o seu voto poderá, afinal, servir para sustentar um acordo com forças que representam precisamente esse sistema”.
Para Carlos Barroso, “importa também esclarecer se o líder nacional do Partido Socialista, que recentemente teceu críticas públicas a André Ventura, tem ou não conhecimento e aprova este eventual entendimento local”.
Conclui, vincando que “a população das Caldas da Rainha merece transparência”, pelo que apela a que os adversários “venham publicamente esclarecer se existe, de facto, uma coligação ou entendimento encapotado entre o Vamos Mudar, o Partido Socialista e o Chega”.
Luís Gomes apresenta queixa
O candidato do Chega, em comunicado, assegura que ”de forma clara e inequívoca que nunca existiu qualquer contacto, reunião, negociação ou entendimento com o movimento Vamos Mudar, nem com qualquer outra força política, sobre coligações ou acordos pós-eleitorais”.
“A publicação do ADN é falsa, difamatória e atentatória da honra, tendo sido feita com o objetivo de enganar o eleitorado e condicionar o voto dos caldenses, em plena campanha eleitoral”, manifesta, avançando que “face à gravidade dos factos foi apresentada queixa formal à CNE”.
Luís Gomes fundamenta a queixa pela “difusão de informação falsa e difamatória suscetível de influenciar o voto dos eleitores, em violação do artigo 56.º da Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais, violação do princípio da igualdade e neutralidade entre candidaturas, previsto no artigo 109.º da mesma lei, ofensa ao direito à honra e reputação política, garantido pelo artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa e pelo artigo 180.º do Código Penal”.
“Esta queixa foi apresentada em defesa da verdade, da transparência e da integridade do processo eleitoral”, aponta, referindo que “a candidatura que lidero pelo Chega conduz uma campanha baseada em respeito, verdade e transparência, não com ataques pessoais, falsidades ou manobras de bastidores”.
Aproveita para recordar o recente episódio que motivou troca de comunicados entre o Chega e o ADN: “Durante esta campanha eleitoral, a candidatura do ADN foi apanhada a utilizar material do Chega, nomeadamente cartazes e placas com o logótipo do partido, cortados e reutilizados com publicidade própria, facto que já motivou participação junto da GNR. Este comportamento demonstra falta de ética política e de respeito institucional, configurando uso indevido de material partidário e tentativa deliberada de beneficiar da imagem e visibilidade do Chega junto da população”.
Sobre esta situação, a candidatura do ADN argumenta que “por uma questão de sustentabilidade e contenção de custos, foram reaproveitados suportes antigos (contraplacados e placas de platex) provenientes de campanhas anteriores e também de materiais encontrados em lixeiras e caixotes do lixo, bem como de restos de material já descartado por antigos militantes de outros partidos, incluindo o Chega, alguns dos quais integram atualmente a nossa candidatura”.
“Em nenhum momento houve qualquer intenção de apropriação indevida ou utilização de material ativo pertencente a outras candidaturas. Todo o material reutilizado encontrava-se inservível, deteriorado ou já fora de uso, tendo sido apenas adaptado e reciclado para suportar os nossos próprios cartazes”, garante o ADN, afirmando que “nunca retirámos cartazes de outras candidaturas, nem apresentámos queixas relativamente aos nossos, que também desapareceram em vários locais”.
O Chega contrapõe que “alguns candidatos da lista do ADN foram e alguns ainda estão inscritos como militantes do Chega, e hoje se apresentam a atacar o mesmo partido que outrora representaram”.
“Tal incoerência revela falta de seriedade e oportunismo político, contrastando com a postura de verdade, firmeza e coerência que sempre pautou a nossa candidatura”, acrescenta.
Carlos Barroso responde: “É verdade que existem elementos que anteriormente integraram o Chega nas listas da candidatura que lidero, e que eu próprio fui, em determinado momento, convidado pelo Chega para ser cabeça de lista. Contudo, nunca chegámos a acordo, uma vez que me foi exigido que me tornasse militante, entre outros pontos com os quais não concordei, incluindo a presença de algumas pessoas que hoje integram a lista do atual candidato”.
Sobre a sua militância no Chega, Carlos Barroso esclarece que “a minha inscrição ocorreu apenas como simpatizante, requisito formal para iniciar conversações. Mais tarde, fui surpreendido ao verificar que essa inscrição havia sido adulterada, constando como militante com número atribuído, facto que considero grave e que configura um ato passível de procedimento criminal, embora não tenha, até ao momento, apresentado queixa”.
“Antes mesmo desse episódio, já havia sido convidado pelo ADN, onde encontrei liberdade para construir um programa pensado para os caldenses, sem subordinação a interesses partidários. Alguns dos militantes do Chega que inicialmente me tinham apoiado acabaram por se demitir da estrutura concelhia, por divergências internas, embora não saiba se essas demissões foram formalizadas”, adianta.
Vitor Marques rejeita “estratagemas ardilosos”
Vitor Marques, em comunicado, declara que “foram publicadas afirmações falsas da autoria do cabeça de lista à Câmara Municipal pelo ADN sobre um alegado entendimento entre o Vamos Mudar, que lidero, e o cabeça de lista do Chega”.
“Afirmo perentoriamente que tal não corresponde à verdade. Mais, nego ter existido qualquer contacto, telefónico ou por outra via, no sentido de qualquer entendimento entre estas duas forças políticas”, manifesta.
O candidato do Vamos Mudar também se insurge contra a ilustração da publicação do ADN na rede social Facebook sobre esta questão, onde “apresenta de forma insidiosa e com intuitos que reputo de fraudulentos, uma fotografia minha com o atual cabeça de lista do Chega, tirada num espetáculo de natal onde eu estava na qualidade de presidente de Câmara e o cabeça de lista do Chega na qualidade de presidente da Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste”.
“Rejeitamos veementemente a não observância das mais elementares regras da lisura que devem pautar a relação civilizada entre candidatos e forças políticas, bem assim como estratagemas ardilosos para criar perceções falsas nos eleitores”, lamenta Vitor Marques.
“A nossa campanha é feita com respeito, dignidade e transparência, e o nosso compromisso é com os caldenses e com a verdade”, diz Luís Gomes.
“O essencial é que os eleitores estejam bem informados e possam votar em consciência no dia 12”, rebate Carlos Barroso.









