A obra é resultado de um projeto de cooperação desenvolvido no âmbito do Plano Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável do Oeste (PNAES) e reúne 24 receitas criadas por chefes, alunos e ex-alunos da EHTO, valorizando os produtos locais e a identidade gastronómica da região.
Esta edição, que inicialmente surgiu como uma ideia de compilar receitas de doçaria regional, incorporando ingredientes de cada um dos 12 municípios do Oeste, nasceu de uma iniciativa da EHTO que dedicou, ao longo de um ano letivo, uma semana gastronómica a cada concelho.
O projeto acabou por se transformar num verdadeiro manual de referência para a doçaria regional, com o objetivo de valorizar a utilização dos produtos locais do Oeste em receitas tradicionais, adaptadas às exigências contemporâneas, contribuindo assim, de forma singela, para os objetivos gerais do PNAES. Um manual que incorpora produto regional, identidade e parceria.
José Coutinho, coordenador da Leader Oeste, destacou que este livro é “um manual que incorpora produto regional, identidade regional e o resultado de uma parceria entre várias entidades”. O responsável sublinhou que esta publicação surgiu no seguimento de um projeto que tinha como objetivos “promover a alimentação equilibrada, valorizar a dieta mediterrânica e combater o desperdício alimentar”.
Embora reconheça que “não é propriamente um livro para ajudar a dieta mediterrânica”, considera que contribui para o mesmo espírito. “Pelo menos ajuda-nos a adoçar a boca e, acima de tudo, a usar os nossos alimentos e a nossa produção local”.
Para José Coutinho, esta obra reflete o que melhor se faz na região. “O objetivo foi valorizar os produtos mais identitários do Oeste e trazê-los para um receituário adaptado às exigências contemporâneas”.
Entre os ingredientes destacados estão a Maçã de Alcobaça, a Pera Rocha do Oeste, Abóbora, Ginja de Óbidos e Alcobaça, Uva de Mesa e até a Aguardente DOC da Lourinhã. “Não é um produto típico da dieta mediterrânica, mas é uma joia da coroa da região e, por isso, tinha de estar presente neste manual”, disse, o coordenador da Leader Oeste.
Cerca de três mil exemplares serão distribuídos pelos parceiros envolvidos, incluindo a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), a Comunidade Intermunicipal do Oeste, o COTHN – Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional e os 12 municípios da região.
O coordenador da Leader Oeste frisou ainda que o projeto vai muito além da produção do livro. “Este é apenas um dos resultados de um projeto com cinco dimensões, que inclui também uma estratégia de comunicação associada à identidade regional e a criação de um fórum para a alimentação do Oeste”. Este fórum, explicou, pretende reunir municípios, escolas, entidades de investigação e agentes locais para “definir, em conjunto, o que devemos comer e valorizar no território”, promovendo a incorporação de produtos locais em ementas escolares e noutras áreas.
“Alguns municípios já seguem este caminho, como Torres Vedras, que tem um trabalho muito bem estruturado. Queremos que outros sigam o exemplo, incluindo Caldas da Rainha”, salientou, José Coutinho.
Ana Paula Nunes, do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, destacou o contributo do centro para esta obra, referindo que “foi um privilégio colaborar com alguma pesquisa biográfica sobre espécies como a abóbora, a pera e a maçã, produtos emblemáticos do setor hortofrutícola da região”.
“Esta publicação assenta em pilares fundamentais como a alimentação sustentável, saudável e o combate ao desperdício, e merece ser amplamente divulgada, inclusive fora da região”, sublinhou.
Para além das receitas, o livro inclui também informação nutricional, que, segundo Ana Paula Nunes, “é essencial para a literacia alimentar”, reforçando ainda que a forma como os alimentos são produzidos influencia diretamente os seus valores nutricionais.
Roberto Gamboa, do IPL destacou a importância de valorizar os produtos agroalimentares do Oeste, lembrando que “muitos são exportados, mas continuam pouco reconhecidos localmente”. Sublinhou ainda que o projeto permitiu “caracterizar esta realidade e reforçar a necessidade de dar prioridade aos produtos regionais em detrimento de alimentos importados, promovendo circuitos curtos e maior sustentabilidade”.
Daniel Pinto, diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, salientou a importância do momento para a escola e para a região, recordando que “esta parceria com a Leader Oeste tem sido fundamental para valorizar a gastronomia local e reforçar a ligação aos produtos que marcam a nossa identidade”.
“Este livro é motivo de orgulho porque reflete inovação, criatividade e trabalho em equipa”, referiu, lembrando que a EHTO celebra 20 anos no próximo ano, enquanto a Leader Oeste completou recentemente 30 anos. “São instituições que, ano após ano, afirmam a sua missão e contribuem para o desenvolvimento económico, social e alimentar do território”.
O diretor da EHTO destacou ainda os produtos emblemáticos da região que estão presentes no livro. “A maçã de Alcobaça, que bem poderia ser chamada maçã do Oeste, a Pera Rocha, a abóbora e a Aguardente DOC da Lourinhã são exemplos da riqueza do nosso território”, salientou.
Para Daniel Pinto, a publicação demonstra que “a inovação e a ousadia continuam a ser possíveis quando há colaboração entre escolas, municípios, produtores e setor privado”, valorizando o papel dos formadores (chefs) que participaram no projeto. “Este é um trabalho coletivo que confirma que ainda há espaço para criar novas soluções, mesmo em áreas onde pensamos que já está tudo inventado”, referiu.
Presente no lançamento do livro esteve José Bernardo Nunes vice-presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo e Vitor Marques, presidente da Câmara das Caldas.
Showcooking
No final da sessão, o manual foi entregue ao público presente. Seguiu-se um momento especial com a chef Isa Alfaiate, que apresentou um showcooking dedicado à sua proposta para o livro: “Tarte de Vinho Colheita Tardia”. Nesta criação, a uva assume o papel principal, destacando-se pelo sabor intenso e pela maturação tardia, conferindo à sobremesa uma doçura sofisticada e uma profundidade única.










