A língua é vista como um mapa interno do organismo, refletindo o estado dos órgãos e dos canais. Alterações visuais podem indicar padrões de doença, como alterações na cor, na capa, na forma e na textura da língua são pistas que o terapeuta usa para chegar mais perto de um diagnóstico fiável.
A análise do pulso é outra ferramenta essencial. Enquanto a palpação do pulso, na prática da medicina convencional, é usada exclusivamente para medir as pulsações cardíacas, na MTC procuram-se sensações específicas, tais como a profundidade, a textura, a força e o tamanho do pulso. Por exemplo, um pulso que se sente fino e fraco, como um fio de cabelo, ou um pulso largo, forte e tenso, como uma corda esticada. Estes dois tipos de pulso têm significados completamente opostos no diagnóstico final.
Obviamente, nenhum diagnóstico na MTC tem por base num único parâmetro. Um bom praticante combina sempre o testemunho do paciente com os sinais observados na língua e no pulso para chegar a um diagnóstico claro que permita a criação de um método de tratamento apropriado. Posto isto, ainda existem lendas sobre grandes mestres que chegavam a um diagnóstico preciso recorrendo apenas à palpação ou à observação. Um exemplo dessas lendas é o caso do mestre japonês Kiyoshi Nagano, que ficou conhecido por ser um terapeuta que, mesmo cego, conseguia fazer diagnósticos através da palpação do corpo do paciente. Esta tradição mantém-se até hoje, considerando que cerca de 20% dos atuais praticantes de acupuntura no Japão são invisuais.
Para concluir, a observação da língua e a palpação do pulso e dos canais são práticas milenares da MTC que continuam a ser ferramentas vitais no diagnóstico. Sem estas abordagens, torna-se muito difícil chegar a um plano terapêutico eficaz. Cada paciente é único, e o estado do seu organismo deve ser analisado em detalhe de forma a evitar a padronização do método. É por essa razão que a pergunta “A MTC trata a doença X?” frequentemente não reflete o nosso método de trabalho, pois, independentemente da doença, podemos ter padrões de diagnóstico completamente distintos.
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