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Pedidos 23 anos de prisão para acusado de matar e desmembrar namorado

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O Ministério Público pediu nesta segunda-feira uma pena de, pelo menos, 23 anos de prisão, para o homem acusado de homicídio, profanação e ocultação do cadáver do namorado em Adão Lobo, no Cadaval, a 27 de abril do ano passado. A leitura do acórdão está agendada para o dia 22 de julho, no Tribunal de Loures, onde decorre o julgamento.
A leitura do acórdão está agendada para 22 de julho, no Tribunal de Loures, onde decorre o julgamento

O Ministério Público pediu nesta segunda-feira uma pena de, pelo menos, 23 anos de prisão, para o homem acusado de homicídio, profanação e ocultação do cadáver do namorado em Adão Lobo, no Cadaval, a 27 de abril do ano passado. A leitura do acórdão está agendada para o dia 22 de julho, no Tribunal de Loures, onde decorre o julgamento.

Valdene Mendes, de 47 anos, foi desmembrado e decapitado e o corpo colocado em cinco sacos do lixo que foram depois atirados ao mato, ao longo de dois quilómetros. Luís Lopes, de 52 anos, argumentou que não matou o homem com quem manteve uma relação amorosa durante mais de dez anos e com quem tinha começado a viver em abril de 2023, explicando que ele consumiu estupefacientes e começou a vomitar, morrendo à sua frente por alegada overdose, em casa. Assumiu ter esquartejado a vítima para se desfazer do corpo, para não vir a ser responsabilizado criminalmente.

Admitiu ainda que não conseguiu transportar o corpo para fora da sua casa, pelo que decidiu separá-lo em diversas partes, que meteu em sacos e colocou em vários locais isolados com a ajuda de outra pessoa, que não quis identificar.

Segundo a agência Lusa, nas alegações finais do julgamento a magistrada do Ministério Público disse que o “arguido deverá ser condenado pela prática dos factos constantes na acusação” e apontou que “agiu de forma insensível e indiferente pela vida humana”. “Estes factos indiciam a prática de muita violência na execução destes crimes, portanto, a pena a aplicar não deve ser inferior a 23 anos de prisão”, sustentou.

A advogada de defesa pediu a absolvição do arguido do crime de homicídio, alegando não haver provas e vincando que o arguido colaborou com a Polícia Judiciária na investigação.

Contudo, a negação do crime de homicídio contraria as declarações que o arguido prestou em maio de 2023, após ter sido detido, quando assumiu à Polícia Judiciária e ao juiz de Instrução Criminal a autoria dos crimes, mostrando-se arrependido e apontando à Polícia Judiciária os locais para onde tinha atirado os sacos, reconstituindo os factos.

De acordo com a acusação, o arguido e a vítima, de nacionalidade brasileira, conheceram-se em 2007 quando o suspeito o ajudou a tratar do processo de legalização em Portugal, tal como fazia com outras pessoas.

Luís Lopes pretendia manter um relacionamento amoroso com a vítima, que por se encontrar em “situação económica débil”, pedia com frequência dinheiro ao arguido para pagar a pensão de alimentos das duas filhas menores, a prestação do empréstimo do seu veículo e despesas de alimentação, ameaçando terminar a relação se não o ajudasse.

Tendo em conta as pressões da vítima, descreve a acusação, o autor dos crimes “foi-se convencendo cada vez mais” de que o namorado apenas mantinha a relação para poder obter benefícios económicos” e passou a desconfiar dele, controlando os seus movimentos.

Depois de o ter acolhido num quarto em casa, no dia 26 de abril do ano passado recusou ajudá-lo, levando a vítima a humilhá-lo, com ofensas verbais, o que o deixou revoltado.

A acusação refere que o arguido após ponderar matar o companheiro, muniu-se de uma marreta e, enquanto Valdene Mendes dormia, desferiu-lhe com força pelo menos três pancadas na cabeça, causando-lhe várias lesões e hemorragia cerebral e, por conseguinte, a morte do brasileiro, que chegou a residir nas Caldas da Rainha e no Bombarral, e trabalhou no talho de um hipermercado no Cadaval.

Por ter trabalhado como coveiro no cemitério do Cadaval e ter experiência no corte de cadáveres, esquartejou o corpo “para dele se desfazer de forma mais fácil” e colocou-o em sacos de plástico.

Na madrugada do dia 28, transportou no seu veículo os vários sacos, atirou-os para diferentes locais isolados em espaços florestais nas redondezas e inclusive numa habitação em ruínas na própria aldeia onde morava, assim como escondeu num terreno parte do colchão manchado de sangue onde a vítima se encontrava a dormir.

Depois, regressou a casa e lavou a viatura, roupas, o chão e as paredes da residência, os móveis, as facas e o serrote que usou, para tentar esconder as provas do crime, só que numa zona de mato em Pero Moniz um popular descobriu um saco com parte do corpo, na noite do dia 2 de maio. Alertada, a Polícia Judiciária, começou a investigar o caso, encontrando depois mais sacos.

A existência de tatuagens em várias partes do corpo, uma das quais com referências à bandeira nacional do Brasil, permitiram às autoridades chegar à nacionalidade da vítima, que veio a ser identificada pelas impressões digitais, através de perícia efetuada pelo Laboratório de Polícia Científica.

Três dias depois da descoberta do primeiro saco, a Polícia Judiciária deteve o suspeito, que, após ser presente a tribunal, ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

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