A União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto alertou que os sinais de erosão da duna de Salir do Porto “são cada vez maiores”, sendo causada “pelo grande pisoteio (subida e descida da duna), falta de vegetação para segurar as areias e erosão natural pelo desmantelamento da base associadas ao efeito da circulação fluvial e da maré na foz do rio Tornada”.
A autarquia recordou que em setembro do ano passado uma visita do Laboratório Nacional de Energia e Geologia ao local permitiu aos técnicos realçarem os valores naturais e paisagísticos, mas “para além do que foi observado no terreno, uma análise de fotografias aéreas posteriores a 1980 parece evidenciar uma diminuição da extensão da cobertura sedimentar que constitui a duna e zona envolvente da arriba, verificando-se também um ligeiro recuo da base, com tendência a sofrer erosão por ação da corrente fluvial, cuja intensidade está associada às variações sazonais de maior ou menor energia e carga fluviais, condicionando assim o posicionamento do canal e a distribuição sedimentar”.
“Na margem direita do rio parece haver, para além da natural deposição sedimentar associada à margem interna do meandro, uma maior acumulação de sedimento promovida pela retenção de areia inerente à colocação do passadiço assente em estacas, outrora sobrelevado, e que agora em alguns locais se encontra quase ao nível do terreno”, apontou o presidente da Junta, João Lourenço.
“Uma maior acumulação sedimentar na margem direita poderá, eventualmente, reforçar o efeito erosivo na margem esquerda ao promover o desvio do canal fluvial na sua direção, no entanto, esta hipótese carece de verificação”, sustenta o autarca, que considera ser importante a Comissão de Ambiente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha contactar a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), assim como o Município de Alcobaça, “para perceber que tipo de intervenção poderia ser feita no passadiço do lado direito do rio e que está a reter as areias que ajudariam a melhorar o ciclo natural de reposição de areias na duna, e seria de igual modo importante fazer um desassoreamento das areias ali acumuladas e que estão a condicionar a correta direção do canal fluvial”.
João Lourenço abordou também as descargas ilegais no Rio de Tornada, para a Vala do Paul. “Desde que este executivo da Junta tomou posse já foram bastantes as vezes que tivemos de contactar a GNR, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, que se constitui como polícia ambiental, competente para vigiar, fiscalizar, noticiar e investigar todas as infrações à lei, sobre as descargas ilegais que são praticadas no Rio de Tornada e que vão desaguar a Salir do Porto”, revelou.
“Assim como já contactámos a APA, que detém competências de fiscalização na área dos recursos hídricos”, acrescentou.
Segundo o presidente da Junta, “a GNR diz que quando chega ao local já não consegue identificar onde foram as descargas, pois, por norma, são feitas na altura em que a maré está a encher, e a APA responde que não tem meios para ir ao local fiscalizar”.
“Esta é uma situação que não pode continuar, pois para além da poluição do rio e da praia, causa mau estar na população, pois não gosta de ver a sua praia poluída e com mau cheiro e toda uma imagem que passa ao turismo, que se depara com um cheiro nauseabundo quando visita a praia”, referiu.
É pedida uma maior vigilância por parte do Ministério do Ambiente, no que diz respeito ao Rio de Tornada, Vala do Paul e Rio de Alfeizerão no que se refere às descargas das suiniculturas, e uma maior fiscalização da Estação de Tratamento de Águas Residuais de São Martinho.
“Seria importante chamar estas entidades e perceber o que se pode fazer para acabar com esta situação que se arrasta há muitos anos. Seria importante envolver os dois municípios que são prejudicados com esta situação”, manifestou.
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