O Plano de Saúde para a população residente no concelho de Óbidos foi aprovado por maioria na Assembleia Municipal, com o objetivo de permitir o acesso a serviços de saúde com descontos em prestadores que constem da rede disponibilizada.

Segundo o documento levado a votação, “atualmente, e sem que se perspetive resolução em tempo breve, verifica-se no concelho de Óbidos uma ausência prolongada de médicos de família”, com “equipas debilitadas”, “com falhas no acesso a consultas de medicina geral e familiar e a consultas das especialidades médicas, em áreas tão importantes como a saúde infantil e a saúde materna, atrasos na realização de exames, falhas na prestação de cuidados de enfermagem e outros serviços inerentes à prestação de cuidados de saúde à população”.

Por essa razão, o Município de Óbidos é “chamado à urgente tomada das medidas que estejam ao seu alcance com vista à prestação de cuidados de saúde e acesso à sua população”. No quadro das respetivas atribuições e competências previstas na lei, foi criado um Plano de Saúde “para a população residente no concelho de Óbidos e aí recenseada, que consista no acesso a serviços de saúde com descontos para os munícipes face aos preços habitualmente praticados, em rede de prestadores de serviços disponibilizada no Plano de Saúde a contratar”.

Este Plano de Saúde compreende consultas de clínica geral, medicina dentária, oftalmologia, cardiologia, nutrição, psicologia, terapia da fala, pediatria, ginecologia-obstetrícia, dermatologia, fisioterapia e consultas ao domicílio.

Está ainda prevista enfermagem ao domicílio, vídeo-consultas, aconselhamento médico telefónico gratuito, exames de diagnóstico, fisioterapia ao domicílio, assistência a idosos e dependentes, acompanhamento pós-cirúrgico, check-up anual e transporte de urgência.

Haverá igualmente redes convencionadas com farmácias e óticas, rede de bem-estar, medicamentos ao domicílio e a disponibilização de um médico de clínica geral cinco horas por dia, quatro vezes por semana, e de dois enfermeiros 40 horas por semana cada, no concelho.

Este ponto gerava no presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Filipe Daniel, expetativa de votação unânime pela Assembleia, o que não se veio a verificar, mas o Plano de Saúde vai avançar, tendo sido aprovado por maioria, com quinze votos a favor (dez votos dos deputados do PSD e cinco votos dos presidentes de Junta de Freguesia de A-dos-Negros, Gaeiras, Olho Marinho, Usseira e Vau), três votos contra de deputados do PS e nove abstenções (seis da bancada do PS, um do Chega e dois dos presidentes das Juntas de Freguesia da Amoreira e de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa).

Quase 3 mil utentes sem médico

O problema de falta de médicos de família no Centro de Saúde de Óbidos levou os deputados do PSD do distrito de Leiria na Assembleia da República a interpelarem o ministro da saúde, tendo o gabinete do governante revelado que 2.948 dos 8.757 utentes inscritos nas unidades do concelho não têm médico de família atribuído, ou seja, 33,7% do total, de acordo com dados de 2 de fevereiro.

Indicando que o ministro tem “acompanhado com grande preocupação” a situação, que se “insere na problemática geral de carência de médicos de família, especialmente sentida nesta região do país”, o gabinete descreveu que o concelho de Óbidos dispõe de uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) com cinco pontos de prestação de cuidados de saúde (Óbidos, Amoreira, A-dos-Negros, Olho Marinho e Vau), estando presentemente a sede, em Óbidos, encerrada por motivo de obras de requalificação.

A UCSP tem uma equipa formada por três médicos de medicina geral e familiar, cinco enfermeiros e cinco assistentes técnicos, sendo “necessário o recrutamento de, pelo menos, mais um médico, para fazer face ao número de utentes ainda sem médico de família atribuído”, indicou o gabinete do ministro.

Para fazer face às limitações existentes, o Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte “tem em curso o reforço do número de horas de prestação de serviços médicos por via do acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Óbidos e o reforço da componente de vigilâncias e valências com recurso a horas de trabalho suplementar”.

Foi esta a resposta dada aos deputados Hugo Oliveira, Olga Silvestre, João Marques e João Barreiras Duarte.