Os técnicos de apoio social da autarquia estão a desempenhar um papel vital, acudindo às situações mais dramáticas.
No concelho das Caldas aumentaram as necessidades, confirma Rosa Henriques, chefe da unidade de desenvolvimento social, revelando que têm recebido pedidos de ajuda e muitos deles são de novas famílias que nunca tinham recorrido à ação social.
O município entregou no mês de abril mais de 200 cabazes alimentares. Os cabazes são entregues semanalmente e a maioria dos alimentos é comprada pela autarquia, mas também têm havido ofertas de supermercados das Caldas e de produtores de fruta e hortícolas locais. O cabaz é completado com carne e peixe.
Segundo Rosa Henriques, durante o estado de emergência o serviço recebeu centenas de chamadas. “A maioria prende-se com o pedido de apoio social, nomeadamente géneros alimentícios, uma vez que muitas famílias estão com os seus rendimentos reduzidos e não tem condições para assegurar as despesas da sua vida quotidiana”, apontou.
Aos que precisavam de apoio juntam-se, agora, muitos mais que passaram, também, a depender de ajuda para comer. “Muitos dos que tinham situações de trabalhos precários e irregulares ficaram sem nada”, referiu a responsável.
“A situação é difícil”, confirmou Rosa Henriques, a quem têm chegado relatos de quem “precisa de ajuda para colocar comida em cima da mesa”. “Temos algumas famílias que já tínhamos acompanhado e que já estavam a trabalhar e com as vidas mais estabilizadas, e que agora, com a pandemia, estão em casa em “lay-off’, com os salários reduzidos a quase metade e estão com dificuldade”, adiantou a responsável ao JORNAL DAS CALDAS.
A maioria dos cabazes é entregue na Câmara, mas no caso de serem idosos ou de pessoas que não convém saírem de casa “nós vamos entregar pessoalmente ao domicílio”, informou.
O município também está a apoiar dezenas de pessoas através da entrega de alimentos a Joaquim Sá e à Refood Caldas.
“Já entregámos produtos alimentares ao caldense Joaquim Sá, que continua a confecionar refeições quentes para pessoas carenciadas e sem abrigo”, contou.
Quanto à Refood Caldas, projeto que consiste na distribuição de comida recolhida em restaurantes por famílias carenciadas, ficou sem essa entrega devido ao fecho dos mesmos. “Nesse sentido a câmara entendeu fazer a aquisição de géneros alimentícios para a Refood, que por sua vez entregou a essas famílias que habitualmente vinham buscar a comida confecionada”.
No contexto escolar há IPSS que deixaram de fazer as refeições para as escolas e a câmara entendeu que essas instituições passassem a confecionar refeições e entregá-las à Refood.
Segundo a técnica, a “Refood Caldas está a entregar nesta altura 320 refeições por semana”.
A autarquia criou ainda uma bolsa de voluntários que estão a fazer compras e a levá-las a casa dos munícipes mais vulneráveis. “Temos 15 voluntários que têm feito compras de supermercado e de medicamentos na farmácia e entregue aos idosos que não podem sair de casa”, revelou Rosa Henriques.
As técnicas do Serviço da Acção Social têm também apoiado “através do telefone” as pessoas com uma palavra “amiga e de conforto”, indicou a responsável pelo serviço, referindo que “com a incerteza em relação ao futuro elevam-se medos, angústias e ansiedades”.
Aumento de queixas por violência doméstica
As queixas de violência doméstica cresceram, principalmente na segunda quinzena do mês de abril, o que para Débora Alves, técnica de apoio à vítima do Gabinete das Caldas, é “preocupante”. “Nas primeiras três semanas do estado de emergência parece que as pessoas andavam mais preocupadas com o vírus, neste momento houve um acréscimo repentino”, apontou, revelando que houve “um homem que teve que ser encaminhado para uma casa abrigo”. Uma preocupação grande têm sido também, segundo a técnica, “idosos que se queixam de maus tratos”.
Débora Alves revelou que o Gabinete de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica da Câmara Municipal das Caldas da Rainha está a funcionar sempre com atendimento telefónico ou presencial com as devidas medidas de segurança. Mantém o apoio jurídico e psicológico e está 24 horas por dia disponível para ajudar as vítimas.
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