Estes doces conventuais estiveram presentes nas refeições que eram servidas nos conventos a partir do século XV. Terá sido neste período que o açúcar entrou na tradição gastronómica dos conventos. As claras dos ovos eram exportadas e usadas como elemento purificador na produção de vinho branco e para engomar roupas elegantes de homens ricos por toda a Europa Ocidental. A quantidade excedentária de gemas era inicialmente colocada no lixo ou dada a animais como alimento que, para não serem desperdiçadas, levaram as freiras e frades a aperfeiçoaram as receitas ancestrais e familiares, criando ou recriando doces ricos em açúcar, gemas e frutos (secos ou da época). O açúcar possibilitava obter vários pontos de calda pelas mãos sábias que o trabalhavam vezes sem conta, essencialmente por mulheres que naquela época não tinham optado por ir para os conventos, mas sim por imposição social. Como passatempo elas começaram a aprimorar estas preciosas receitas amadurecidas com o passar dos séculos.
A partir de meados do século XVIII, quando foi decretada a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, as freiras e monges foram confrontados com a necessidade de angariar dinheiro para seu sustento. A venda de doces conventuais foi uma das formas encontradas para minimizar a sua situação financeira. Por isso, transmitiam, já fora dos conventos receitas as mulheres que as acolhiam. Passando de geração em geração as deliciosas receitas de doces conventuais portugueses permanecem vivas até os dias atuais.
Considerando as potencialidades dos mosteiros e de todo o legado cultural que deixaram, o Município de Alcobaça organiza em 1999 a I Mostra de Doces & Licores Conventuais. Alcobaça tornou-se, assim, pioneira na preservação e divulgação do riquíssimo património cultural que é a doçaria, apostando na tradição gastronómica deixada pela presença dos monges e monjas cistercienses dos conventos de Alcobaça e Coz.
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