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Dia do Tratorista nas Caldas da Rainha

Marlene Sousa/Mariana Martinho

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Reduzir os acidentes com tratores através de formação e sensibilização para cuidados a ter A região Oeste tem uma elevada taxa de mortalidade em acidentes com máquinas agrícolas, que provocaram no período de 2013 a 2015 um total de 17 mortos e 33 feridos. Nas Caldas da Rainha, no passado dia 11, foi pela primeira vez assinalado o Dia do Tratorista com um encontro que decorreu na Expoeste organizado pela Associação Nacional de Formadores de Segurança Rodoviária (ANFSR) em parceria com o JORNAL DAS CALDAS e REGIÃO DA NAZARÉ. A consciencialização é o ponto chave para que o agricultor adote práticas de segurança, foi a principal mensagem deixada pelas diversas entidades que se juntaram com o objetivo de sensibilizar os condutores de tratores agrícolas e diminuir o número de feridos e óbitos. Num solarengo dia de São Martinho, os participantes debateram o tema da "Prevenção", e assistiram a um capotamento de um trator em cima de um boneco de barro à escala real,  criado pelo escultor Carlos Oliveira. Decorreu ainda o simulacro de um desencarceramento com a colaboração dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha e do TratorUsseira. Foi também montada uma pista de todo o terreno da Promóbidos onde os participantes puderam conduzir um veículo 4X4 com o objetivo de sensibilizar para os cuidados a ter com os tratores e houve igualmente lugar ao teste do balão.
Sessão de abertura do Dia do Tratorista

Foi oferecido aos participantes um almoço convívio, com porco no espeto, e estes assinaram a bandeira de compromisso, que foi simbolicamente hasteada na sessão de encerramento.

A sessão, que contou com cerca de centena e meia de empresários, trabalhadores agrícolas e alunos de cursos agrícolas, foi aproveitada pelo presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, para lançar o repto para que os organizadores “instituam oficialmente o Dia do Tratorista”, que passará ser assinalado na cidade anualmente a 11 de novembro.

Rio Maior e Alcobaça registam o maior número de mortos em acidentes de tratores ocorridos nos últimos três anos na região. Os dados revelados por Virgílio Santos, da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT), indicam que das 17 mortes resultantes de acidentes com máquinas agrícolas, entre 2013 e 2015, seis registaram-se em Rio Maior e cinco em Alcobaça. Óbidos, com três mortes, é o terceiro da lista na região. Caldas da Rainha, Cadaval e Torres Vedras registaram um morto.

Já quanto a feridos, Caldas da Rainha surge no topo da lista, com seis, seguido de Alcobaça e Lourinhã (5), Bombarral, Óbidos e Torres Vedras (4), Peniche (3) e Cadaval (2).

“Falta de formação, falta de manutenção do veículo, falta de uma estrutura de proteção (o denominado ‘arco de Santo António’), fadiga provocada por excesso de horas de trabalho, condução sob o efeito de álcool e excesso de carga”, são, segundo Virgílio Santos, algumas das causas dos acidentes com tratores. Para este responsável, tem que haver uma “mudança de atitude das pessoas que conduzem os tratores”.

Virgílio Santos tem a noção de que a grande maioria dos tratoristas já teve formação. “Já toda a gente conhece tecnicamente as medidas de segurança para reduzir os riscos de acidentes. A pessoa deve entender as consequências das suas próprias ações. Os tratoristas têm que seguir as normas de prevenção, não há dinheiro que pague a perda de uma vida”, adiantou.

Este responsável destacou o fato de estarem presentes nesta sessão alunos da Escola ProfissionaldeAgriculturae Desenvolvimento Rural de Cister (EPADRC), deAlcobaça, a quem ainda é possível “moldar-lhes a cabeça para que adotem as boas práticas de condução de veículos agrícolas”. “O Dia do Tratorista” deve assinalar-se todos os anos porque é uma forma de chamar a atenção para as “questões da segurança”.

Carlos Lopes, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), revelou que Portugal é o terceiro país da Europa com mais vítimas mortais em acidentes rodoviários com máquinas agrícolas (atrás da Itália e da Polónia). “Pior é que a mortalidade é oito vezes superior à dos condutores de ligeiros e pesados”, referiu.

De acordo com o responsável, verifica-se “uma taxa de 8,2 mortos por cada 100 intervenientes”. No caso dos motociclos a taxa é de 2,6 e nos restantes é de 1,9 (ciclomotores), 0,7 (pesados) e 0,6 (ligeiros).

Segundo Carlos Lopes, a idade avançada dos condutores de máquinas agrícolas, com mais de 50 anos, dá-lhes a ideia de terem experiência suficiente para manusear as máquinas, só que “a experiência não salva ninguém, sendo um facto mais do que confirmado”, até porque “em 5 pessoas que morrem em Portugal, em média 4 têm mais de 50 anos”.

Para evitar mais mortes, sugeriu o uso do “Arco de Santo António” e do cinto de segurança. “O arco cria uma zona de segurança, que em caso de capotamento protege as pessoas. Mas o tratorista precisa de mais, por isso todos os condutores de tratores equipados com o arco devem usar o cinto de segurança”, alertou Carlos Lopes, adiantando que “só estes dois elementos garantem a segurança das pessoas, evitando mortes e ferimentos graves”. No entanto, caso o trator não possua o arco, nunca se deve usar o cinto de segurança.

“O Arco de Santo António mesmo sem utilização do cinto de segurança é eficaz em 70% dos casos de capotamento”, referiu o responsável, que também alertou para a particularidade de existirem pessoas que retiram o arco por diversas causas. Esta atitude pode trazer ao tratorista uma coima prevista de 250€ a 1250€, sendo ainda apreendido o veículo. Caso o trator não tenha o arco, este pode ser instalado bem como o cinto de segurança.

No evento, também marcou presença Maria Sarabando, inspetora da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que alertou para as boas práticas dos trabalhadores e empregadores, face aos veículos agrícolas, bem como a importância das regras de segurança, os perigos associados aos tratores, as configurações do terreno, a eficiência da formação dos trabalhadores, as falhas técnicas e os atos inseguros. Relativamente aos dispositivos de segurança, sublinhou algumas das medidas preventivas e de proteção, para minimizar e evitar o número de acidentes.

A ACT é um organismo que procura implementar uma cultura de prevenção dos riscos profissionais.

Suplemento do JORNAL DAS CALDAS elogiado

A sessão de abertura contou com várias intervenções, em que todas elogiaram a iniciativa como forma de diminuir os acidentes agrícolas. O tenente Diogo Morgado, adjunto do Comandante de Destacamento da GNR das Caldas da Rainha, recordou que os militares são chamados quando ocorrem estes sinistros, sublinhando que mais de 90% da sua atividade diária é na prevenção, nomeadamente na fiscalização e ações de sensibilização. Destacou a atuação da Secção de Programas Especiais, que tem um papel mais ativo no policiamento de proximidade da GNR, que visa a sensibilização em várias áreas como a de sinistros com tratores, intitulada “Campo Seguro”.

A diretora da DRAPLVT, Elisete Jardim, disse que este organismo está atento ao problema, revelando que segundo um estudo da ANSR as principais razões para a incidência de tantos acidentes estão identificadas com a falta de prevenção dos tratoristas, a idade e falta de manutenção dos tratores. Elisete Jardim destacou o suplemento na passada semana do JORNAL DAS CALDAS que tem “um painel de cuidados de segurança a ter na condução dos tratores agrícolas”.

Vítor Bernardo, diretor do Centro Local do Oeste da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), revelou que uma forma muitas vezes pouco associada à ACT é a sua vertente de informação e sensibilização para os riscos profissionais associados aos diversos setores de atividade económica. Neste contexto, a ACT está a desenvolver uma campanha especificamente dirigida à prevenção de riscos profissionais em máquinas e equipamentos de trabalho, a qual abrange também o trator agrícola. Recordou que o trator é conduzido “não só por agricultores, mas por outros tipos de profissionais, que durante o dia têm a sua ocupação normal em diversos setores e que ao fim de semana se dedicam a atividades agrícolas e muitas vezes os acidentes ocorrem com essas pessoas”.

Boneco de barro atingido por trator

A arte também esteve envolvida neste Dia do Tratorista, com uma intervenção artística dinamizada pelo artista caldense Carlos Oliveira. O escultor criou um boneco de barro à escala real que é atingidona sequência do capotamentode umtratoragrícola. “O objetivo é chocar as pessoas para que a mensagem de prevenção seja captada”, disse o artista, que para esta intervenção dramática inspirou-se na frase “o barro é como as pessoas,precisade que o tratem bem”, de José Saramago. No final decorreu um sorteio, onde os premiados receberam uma obra de Carlos Oliveira.

Simulacro de desencarceramento

Inserido no Dia do Tratorista, o corpo de Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha (BVCR) realizou um simulacro de desencarceramento em caso de acidente com máquinas agrícolas. Segundo Rui Faria, chefe dos BVCR, o exercício serviu para demonstrar como se deve tirar uma vítima de um acidente, sem agravar o seu estado.

“Existe um método de salvamento e desencarceramento que engloba sete fases, e que tem a ver com a segurança das próprias equipas”, afirmou o responsável.

O posicionamento dos veículos é um elemento importante, pois a grande maioria dos acidentes são em “ambientes hostis, em que aproximação nem sempre é possível, tendo em conta o material pesado que os bombeiros têm que transportar”. Em caso de acidente, o alerta deve ser feito sempre para o 112, para serem acionados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) os meios de salvamento. Posteriormente, verifica-se o número e o tipo de vítimas, para delinear uma estratégia para se efetuar uma elevação de emergência, o suficiente para retirar a vítima devidamente estabilizada. Após este procedimento, avança a equipa pré-hospitalar.

“Um dos equipamentos utilizados é a almofada de alta pressão, que eleva até 40 toneladas e utiliza-se caso a vítima se encontre sem sinais de vida. Quando há viatura médica no local, a única entidade competente para declarar a morte são os médicos e quando é assim a vítima fica no local. Não havendo possibilidade de ter suporte de vida avançado, para nós é considerado uma vítima grave sem sinais de vida e é transportada para o hospital. Em muitos destes feridos a morte é declarada em ambiente hospitalar”, descreveu

11 de novembro será o “Dia do Tratorista”

Sobreiro Duarte, presidente da ANFSR, fez um balanço positivo da iniciativa revelando que ultrapassou todas expectativas, até no número de participantes, atraindo jovens estudantes de agricultura.

Revelou que aceita o “desafio do presidente da Câmara” e a partir de janeiro vai “desenvolver contactos para que em 2016 o dia seja assinalado a nível nacional”. É um passo importante “para a sensibilização e prevenção de acidentes e a implementação de boas práticas”, declarou, acrescentando que “os acidentes são reais e pensamos sempre que acontecem aos outros, daí a necessidade da intervenção dos técnicos nesta área”.

A concretização do Dia do Tratorista só foi possível com a colaboração da ANSR, ACT, DRAPLVT, GNR, Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Serviço Municipal de Proteção Civil, JORNAL DAS CALDAS, REGIÃO DA NAZARÉ, Bombeiros Voluntários de Caldas da Rainha, Expoeste, TratorUsseira, Promóbidos, Auto Júlio, Adega Cooperativa da Vermelha, Escola de Condução Santa Maria e do artista caldense Carlos Oliveira. No final todos os participantes e entidades envolvidas assinaram a bandeira do Compromisso de Boas Práticas que foi hasteada em frente à Expoeste.

Marlene Sousa/Mariana Martinho

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