Na apresentação da obra, na passada sexta-feira, no pequeno auditório do CCC nas Caldas da Rainha, a editora Zita Seabra revelou que nem ela nem a autora Sofia Aureliano pensavam que o livro gerasse tanta controvérsia. “Até tínhamos falado várias vezes de como é que íamos dar a conhecer este livro e de repente o livro está nas primeiras páginas de todos os jornais e nas televisões”, contou a responsável da Alêtheia editores, acrescentando que foi uma boa publicidade ao livro porque de repente todo o país ficou a saber que havia uma biografia autorizada do primeiro-ministro.
Zita Seabra lembrou que em outros países europeus é normal que os políticos tenham biografias. “Estive agora há pouco tempo na feira do livro em Londres, onde ainda decorria a campanha eleitoral, e todas as bancas estavam cheias de livros de vários editores sobre os candidatos, com o objetivo de convidar os eleitores a conhecerem melhor as pessoas em que iriam votar”, indicou. A editora lamentou que em Portugal isso seja pouco habitual, uma vez que “só se edita obras de ex-governantes”, aqueles livros que “recuso editar”.
Segundo Zita Seabra, o livro é “uma simples obra sobre a vida de Pedro Passo Coelho, que vale a pena conhecer não porque tenha revelações sensacionalistas ou um SMS espantoso, mas porque teve uma vida dura como a de muitos portugueses”. “Eu penso que muita gente ficou irritada porque é uma biografia normalíssima sobre um político excecional”, concluiu Zita Seabra, que defendeu que se conheça bem os candidatos “antes do voto e não depois”.
“Há uma sede em ver a coligação PSD/CDS a arder”
Também Sofia Aureliano é da opinião que em Portugal falta muito a tradição da biografia, defendendo que as pessoas “devem ter a oportunidade de conhecer as pessoas em que votam”, adiantando que “existe o conceito que para se ser imparcial tem que se dizer mal”.
A autora disse que foi sua a ideia de escrever sobre o primeiro-ministro, porque sempre gostou de biografias, e porque ficou “muito impressionada” com a personalidade do líder social-democrata.
Quanto à polémica por causa do SMS, Sofia Aureliano apontou que “é o capítulo mais curto do livro”, e que também ficou surpreendida com a polémica causada pela revelação de que Portas comunicou a sua demissão por mensagem escrita, deixando depois de atender as chamadas de Passos. “Não é novidade que existiu um SMS. Houve já um livro e uma reportagem que fala disto”, revelou, acrescentando que “foi um fato porque houve efetivamente um SMS que falou de uma intenção. Claro que depois houve uma carta”.
“Há uma sede em ver a coligação PSD/CDS a arder”, sublinhou a autora. Disse que não teve intenção de criar nenhuma rutura entre o PSD e o CDS até porque no capítulo que escreve sobre a coligação diz que “chegados a outubro de 2015, o governo de Passos Coelho transforma-se no quinto da história da democracia portuguesa a concluir um mandato e o único a fazê-lo durante a vigência de um programa de assistência financeira”.
“Há momentos que definem as pessoas. Esse foi um desses momentos”, referiu Sofia Aureliano, que não teve dúvidas de que os três dias em que Passos Coelho enfrentou a possível demissão de Paulo Portas são essenciais para “perceber a sua personalidade”. “Ele foi o bombeiro que apagou o fogo, foi o mais calmo, daí eu querer relatar esta situação”, explicou a autora.
Sofia Aureliano afirmou que o livro não é escrito para políticos e que é muito interessante porque vai revelar muitas coisas que ninguém conhece de Pedro Passos Coelho.
Os amigos das Caldas
O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, que abriu o evento, deu o relato de uma pessoa que considera seu “amigo”. “Tive a oportunidade de conhecer o Pedro Passos Coelho quando ele era jovem, porque começámos na JSD juntos”.
Não se baseou no livro porque ainda não teve oportunidade de o ler, mas como testemunho descreveu o primeiro-ministro como “um homem honesto que coloca os interesses nacionais à frente dos pessoais ou dos interesses dos amigos”.
Coube a Hugo Oliveira, na qualidade de presidente do PSD das Caldas, apresentar o livro. Enalteceu Pedro Passos Coelho como a sua “referência política”. “Acompanhei desde muito novo o presidente do PSD”, avançou.
“Quem não se julga grande é maior daquilo que queria”, foi uma das frases que Hugo Oliveira citou do livro que para ele caracteriza a personalidade de Pedro Passos Coelho. “É um homem com determinação, coragem e carisma que sempre lutou por ideias e convicções”, disse Hugo Oliveira, adiantando que “quando Pedro Passos Coelho esteve à frente da JSD sempre teve uma postura de irreverência, sendo sempre fiel a si mesmo e às suas ideias”.
O presidente do PSD das Caldas, que conheceu Passos Coelho quando tinha 16 anos, referiu que a noção que as pessoas têm sobre o político é que ele é uma “pessoa fria e distante”. Mas “ele faz isso para se proteger. Esconde-se atrás de uma casca dura”.
Hugo Oliveira recordou que em maio de 2008 almoçou com Passos Coelho para o convidar para o seu casamento e nessa altura já acreditava e chegou a dizer-lhe que ele um dia seria primeiro-ministro.
Autora caldense
O pequeno auditório do CCC encheu para a apresentação do livro “Somos o que Escolhemos Ser”, cuja autora é natural das Caldas da Rainha.
Sofia Aureliano nasceu nesta cidade em 1981 e foi aos 12 anos viver para Lisboa. Frequentou a Infancoop, a Escola Primária do Bairro dos Arneiros e esteve alguns anos na Escola D. João II. A sua mãe era guarda prisional e decidiu sair das Caldas quando recebeu uma proposta de trabalho na capital. Exerce desde 2011 funções de assessora no Grupo Parlamentar do PSD.
Este evento contou com o apoio do JORNAL DAS CALDAS e Rádio Mais Oeste que transmitiu o evento em direto. “Não é o primeiro livro da Alêtheia que o JORNAL DAS CALDAS apoiou e não será o último porque pretendemos apresentar outras obras nas Caldas”, disse a editora Zita Seabra.
Em representação do JORNAL DAS CALDAS esteve presente o presidente do grupo Medioeste, António Salvador, que agradeceu à editora o convite, sublinhando que se “deve ao bom trabalho que o JORNAL DAS CALDAS tem feito na divulgação da cultura e dos livros de esta e outras editoras nos últimos três anos”. Destacou também a importância de “conhecer as pessoas que nos governam”. “Não vejo a bons olhos a população votar sem conhecer minimamente quem está a protagonizar uma candidatura seja ela local ou nacional”, disse o responsável, acrescentando que “nesse aspeto as editoras e jornais quando divulgam estão a fazer um bom trabalho a transmitir com a maior isenção e frontalidade aquilo que é a história e vida dos atores políticos”.
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