A secretária de Estado disse que a preocupação com a diminuição de crianças inscritas, manifestada pelo Centro Social e Cultural para o Desenvolvimento do Olho Marinho, em Óbidos, é uma apreensão que tem encontrado noutros pontos do país. Segundo esta responsável, a questão da baixa natalidade não se resolve apenas criando condições da natureza financeira para que as mulheres possam ter incentivos a terem mais filhos. “As mulheres destas novas gerações têm pretensões legítimas a terem uma carreira profissional em condições de igualdade com os homens e portanto é preciso aliviar o fardo das mulheres para que elas tenham mais disponibilidade de natureza psicológica e física para terem mais filhos e por isso há muita coisa que nós temos que resolver”, sublinhou Teresa Morais.

A Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade diz que ainda existe nas famílias portuguesas “uma desigualdade na repartição das tarefas que sobrecarrega as mulheres”. Por isso considera que é urgente que o Governo crie um conjunto de respostas que facilite a vida das famílias e que “envolva os homens”, porque só com uma “sociedade portuguesa menos machista, mais equilibrada, com tarefas repartidas que dê às mulheres as mesmas possibilidades de progressão de carreira, é que a taxa de natalidade aumentará”.

Óbidos precisa de camas para acolher idosos

Da parte da manhã a secretária de estado visitou o Centro Social e Cultural para o Desenvolvimento do Olho Marinho, que tem atualmente cerca de 120 utentes, a maior parte idosos, que usufruem do Centro de Dia, do Programa Melhor Idade e do Apoio Domiciliário Integrado, sendo que um quarto deste total são crianças que pertencem à creche.

A acompanhar, esteve presente também a diretora regional da Segurança Social de Leiria, Maria do Céu Mendes, o presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Humberto Marques, e o presidente da Junta de Freguesia do Olho Marinho, Hélder Mesquita, para além dos responsáveis e colaboradores do Centro Social.

Humberto Marques fez conhecer as necessidades de apoio social do concelho, nomeadamente da terceira idade, desafiando Teresa Morais que intervenha junto do Governo para responder à necessidade do reforço de número de camas para o acolhimento de idosos no concelho, nomeadamente na criação de um lar na instituição do Olho Marinho que permita acolher com dignidade a população idosa mais solitária ou que necessite de um maior nível de apoio e cuidados.

Este pedido de apoio justifica-se tendo em conta o número crescente de pedidos de adesão aos Centros de Dia e Apoio Domiciliário Integrado, cuja capacidade de resposta se encontra no limite, lembrando que “dois terços da população tem mais de 65 anos e temos apenas uma oferta de camas que ronda os 10% das necessidades, sendo efetivamente necessário a disponibilização de um equipamento”.

Não sendo a segurança social a sua área de intervenção social no Governo, Teresa Morais respondeu que são “uma equipa, garantindo ser mensageira destes pedidos” e chamando a atenção para o novo quadro comunitário, que “apesar de privilegiar a criação de emprego e a internacionalização, deixando de lado a construção de infraestruturas, tem também uma componente de apoio à inclusão social, havendo assim margem para apoiar instituições sociais que combatam com a sua atividade a exclusão e a pobreza”.

Elogiou o centro do Olho Marinho pelo fato das pessoas poderem levar as refeições confecionadas para casa, referindo que é exemplo de uma boa resposta social para ajudar a conciliar a carreira com a vida familiar.

A secretária de Estado visitou ainda as valências de creche e lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos.

Lar da Serra do Bouro 100 idosos à espera

Da parte da tarde, a secretária de Estado visitou uma Associação de Tempos Livres (ATL) da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, a funcionar no centro escolar de Nossa Senhora do Pópulo.

Acompanhada pelo presidente da Câmara, Tinta Ferreira, pela vereadora com os pelouros da ação social e saúde, Maria da Conceição, pelos presidentes de Junta Vítor Marques e Abílio Camacho e pela diretora regional da Segurança Social de Leiria, a secretária de Estado conversou com as crianças sobre as diversas atividades desenvolvidas e tomou conhecimento das condições deste ATL, muito favorável para as famílias da região.

Para Teresa Morais, o ATL das Caldas é outro exemplo de uma infraestrutura que ajuda as famílias porque “além de fornecer uma resposta ao problema da falta de ocupação das crianças no período de férias, os valores cobrados são reduzidos e apurados em função do escalão de rendimentos e o máximo que uma família poderá pagar pelos 15 dias é 25 euros”.

Teresa Morais visitou ainda o centro social da Serra do Bouro – Fonte Santa, uma instituição social cuja sede resultou de fundos comunitários e da comparticipação da autarquia. Tem uma creche com 37 crianças, que ao contrário do centro no Olho Marinho, está lotado, serviço de apoio domiciliário com 42 utentes, e um lar para idosos, lotado com 34 utentes e uma lista de espera de mais de 100 seniores. O Centro tem ainda a funcionar para a população uma cantina social que serve 100 refeições diárias.

A secretária de Estado elogiou esta instituição pelo seu relevante serviço social à população local.

Quanto ao aumento de população mais velha, Teresa Morais lembrou que a esperança da vida tem crescido, e que no país já houve um grande investimento em infraestruturas para idosos e que agora tem que haver um investimento social e cultural “na valorização das pessoas idosos e na preservação da sua qualidade de vida”.

O presidente da Câmara das Caldas destacou a atividade e a instituição que a secretária de Estado visitou nas Caldas, que “presta um serviço exemplar à comunidade ocupando as crianças no período de férias”. “As famílias estão tranquilas na sua vida ativa e têm os seus filhos devidamente ocupados”, apontou o autarca, considerando que “o concelho das Caldas está na primeira linha das ofertas de locais com excelentes condições físicas e de ação dos seus profissionais”.

Teresa Morais disse que a sua visita a estes dois concelhos teve como objetivo conhecer instituições e pessoas e ainda ouvir as dificuldades que têm mas também “o excelente trabalho que desempenham em prol da comunidade e qualidade de vida das pessoas”.

Marlene Sousa