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Comentadores políticos analisam relação entre assalto a ourivesaria e desertificação da Praça

Francisco Gomes

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Na emissão da semana passada do fórum político “Pontos de Vista” (parceria Mais Oeste Rádio/Jornal das Caldas às quartas-feiras às 19h, em 94.2 FM), onde participam representantes dos partidos e do movimento que concorreram nas últimas eleições autárquicas nas Caldas da Rainha, José Carlos Abegão, do PS, comentou a notícia do assalto a uma ourivesaria na Praça da Fruta, numa altura em que decorrem obras e o trânsito está fechado, o que torna ainda mais deserto aquele local à noite.
José Carlos Abegão, do PS

“Antigamente quem quisesse assaltar um estabelecimento na Praça tinha dificuldades, porque era uma das zonas mais movimentadas das Caldas. Quem quisesse atravessar as Caldas e viesse de sul, tinha de passar ali. Agora não”, apontou o socialista, que criticou as obras: “Tinham razão de ser se fossem obras a sério. Os problemas vão continuar a existir na Praça da Fruta, as pessoas vão continuar a não morar lá, vai continuar a não haver lugar para os carros, vai ser mau para o comércio naquela zona”.

No seu entender, o assalto foi facilitado devido ao “deserto total da praça”. “Foi fácil chegarem ali, levantarem a porta e servirem-se daquilo que queriam”, sustentou, considerando que “não foi coincidência”. “Quem fez o assalto sabia perfeitamente que agora aquilo ia ficar sem ninguém durante a noite, com muito pouca gente a morar naquela zona, e como tal seria fácil assaltarem”, declarou.

Edgar Ximenes, do MVC, apontou outro receio: “É um fato que a Praça estar interdita à circulação, leva-a a estar mais morta do que estava habitualmente à noite e não há aquele movimento de madrugada dos vendedores. Questiono nas outras partes da cidade que estão a ser submetidas a obras, como no largo do Tribunal, com todas aquelas cercas para proteger, que começa a ser labiríntico, se agora as pessoas não podem ser encostadas à rede e assaltadas”.

“Aconselharia a Câmara a preocupar-se mais com a segurança diurna e noturna e reforçar-se o policiamento nestas zonas que começaram a apresentar maior perigosidade, para prevenir antes de remediar”, manifestou.

Rui Gonçalves, do CDS-PP, acha que o assalto “não é só fruto das obras”. “Às cinco da manhã já há vendedores na Praça, mas às três da manhã não. Há um problema que tem de ser encarado. Existe uma desertificação óbvia no centro da cidade. As pessoas não vão para lá morar e há dezenas de casas vazias. Havendo desertificação, há tendência para haver assaltos, o que espanta é não ter havido há mais tempo, mas se calhar também já não há muitas lojas para assaltar”, comentou.

João Frade, do PSD, admitiu que “o fato da Praça estar em obras pode ter de alguma forma facilitado este tipo de assalto, que já há algum tempo não tinhamos, mas já acontecia antes quando não havia obras”.

“A desertificação dos centros das cidades é o principal problema que temos nas Caldas e no país, isto porque o modelo económico que se seguiu de massificação da construção fora dos centros veio provocar isto. Esperemos que os próximos programas de apoio venham permitir fazer alguma requalificação para termos uma cidade mais viva”, apontou.

José Carlos Faria, da CDU, indicou “a lógica inegável da desertificação”, que até “já fez desaparecer azulejos de edifícios sem que ninguém detetasse”, frisou.

Esta situação, no seu entender, “não se inverte com um estalar de dedos mas com políticas concertadas”.

Alexandre Cunha, do BE, apontou três fatores que motivaram o assalto: “A desertificação do centro histórico, a crise e o tempo de obra”.

“Quanto mais crise mais criminalidade. Continuamos com muito desemprego nesta região”, fez notar.

Por outro lado, as obras na Praça, defendeu, deviam ser rápidas. “As obras demoram mais tempo do que é suposto. Não há nenhum país que promova obras no Inverno. Há países em que obras nos centros históricos duram o máximo um mês. Aqui ultrapassam meses”, lamentou.

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