Segundo a agência Lusa, o presidente do conselho de administração do CHO, Carlos Sá, afirmou que “como houve resistência à mudança por alguns médicos, entendemos encetar um processo de discussão e reuniões, que têm estado a decorrer, para avaliar soluções alternativas”.
O administrador adiantou que “até meados deste mês” será conhecida uma nova solução que “salvaguarde os interesses dos profissionais e dos utentes e que continue a garantir a existência das duas urgências médico-cirúrgicas”.
De acordo com uma nota do gabinete de comunicação do CHO, a reorganização das equipas médicas do Serviço de Urgência pretende constituir equipas idênticas e adequadas às reais necessidades do serviço, de modo a uniformizar os critérios e a salvaguardar a manutenção das duas unidades de Urgência Médico-Cirúrgica do CHO: Caldas da Rainha e Torres Vedras.
“Em abril de 2013, procedeu-se a uma reorganização experimental das equipas médicas do Serviço de Urgência do CHO durante o período noturno (entre as 00h00 e as 8h00) e, na Unidade de Caldas da Rainha, houve o aumento de dois para três médicos na especialidade de Cirurgia Geral; em julho de 2013, na mesma unidade hospitalar, houve o aumento de dois para três médicos na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia. As restantes especialidades mantiveram o número de profissionais escalados para a urgência”, é descrito no comunicado.
De acordo com a nota, esta medida foi tomada a título experimental, por um período de 4 a 6 meses, de modo a poder antecipar um eventual aumento da procura ao serviço de urgência durante o período noturno, dada a reestruturação dos cuidados de saúde do CHO. Nessa medida foi efetuada uma avaliação, onde “se concluiu que a atividade, em 2013, é equivalente à de anos anteriores e, portanto, dois médicos seriam suficientes para o cumprimento das boas-práticas e para assegurar uma adequada resposta aos utentes que acorrem às referidas especialidades”.
Dados fornecidos pelo CHO, referentes ao mesmo período, revelam que os atendimentos na urgência de Caldas da Rainha com necessidade de intervenção do cirurgião oscilaram entre os 71 e os 158 por mês em 2012 (total de 1108) e entre 88 e 176 este ano, até outubro (total de 1277).
Quanto às intervenções urgentes (cirurgia geral), no hospital das Caldas em 2012 registaram-se 27 e em 2013, 35.
A maternidade das Caldas da Rainha registou 160 partos em 2012 e 188 em 2013 (até outubro).
A urgência obstetrícia do hospital das Caldas teve um total de 512 atendimentos em 2012 e 599 em 2013,
Segundo o comunicado, o processo de reorganização das urgências envolveu “os responsáveis pelas diversas especialidades com atividade no serviço de urgência, dando assim continuidade a uma política de abertura e diálogo constante com todos os profissionais do CHO”. “Tendo sido levantadas questões, por alguns profissionais médicos, relativamente a esta reestruturação, o Conselho de Administração decidiu manter com esses profissionais reuniões para esclarecimento, discussão e avaliação de alternativas que permitam encontrar uma solução que salvaguarde, em primeiro lugar, os interesses dos doentes, dos profissionais, a sustentabilidade a médio-longo prazo da instituição e a manutenção das urgências médico-cirúrgicas”.
Esta reorganização surge no âmbito da reestruturação dos cuidados de saúde do CHO, que para a administração “tem melhorado as condições de acolhimento, conforto e atendimento aos utentes do Oeste”, apontando como exemplo “a remodelação do Serviço de Radiologia, que conta com novos equipamentos (TAC, ecógrafos e mamógrafo) na unidade de Caldas da Rainha e com a aquisição do equipamento de TAC na unidade de Torres Vedras, a nova ala de ginecologia na unidade de Caldas da Rainha, separada fisicamente da ala de obstetrícia, e as novas instalações da consulta externa de pediatria e do Serviço de Medicina Transfusional (Imunohemoterapia) na unidade de Caldas da Rainha.
Negado desmantelamento do hospital de Peniche
O CHO negou estar a desmantelar o Hospital de Peniche, subtraindo equipamentos que fazem falta à população, e rebateu as acusações do presidente daquele município.
Carlos Sá explicou que está em causa um equipamento de esterilização usado nos blocos operatórios, cuja retirada é contestada.
“Como em Peniche não se fazem cirurgias e o equipamento não está a ser usado e em Torres Vedras o mesmo equipamento está avariado, precisamos dele para dar resposta ao aumento das cirurgias”, esclareceu.
Para o administrador, a retirada do equipamento “não vem prejudicar a população de Peniche, mas antes beneficiar todos os cidadãos do Oeste, incluindo os de Peniche, para se evitar o risco de a população não ser operada”.
Segundo a agência Lusa, a Comissão Municipal de Acompanhamento do Hospital de Peniche, presidida pelo líder do executivo municipal, avisou que não irá permitir o desmantelamento daquela unidade, com a retirada do equipamento, e exigiu ao ministro da Saúde uma audiência urgente para expressar a indignação da população, que ameaça voltar a manifestar-se.
A comissão, que teme o encerramento da urgência no quadro da reestruturação dos serviços hospitalares da região, pediu uma reunião ao ministro da Saúde.
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