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Guias de S. Lourenço de Óbidos celebram dia do seu padroeiro

João Polónia

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A comunidade paroquial de Óbidos reuniu-se para festejar o dia de S. Lourenço, patrono do movimento Guias de São Lourenço, na Igreja de S. Pedro, no mês de agosto. A celebração, presidida pelo prior Paulo Gerardo, teve a concelebração do fundador do grupo, padre José Luís Guerreiro, e a colaboração do diácono Raúl Penha, que há seis anos dirige a instituição em Óbidos.
Celebração na Igreja de S. Pedro, em Óbidos

Os Guias de S. Lourenço são um grupo interparoquial de ação sócio caritativa, com suporte jurídico pela Fábrica da Igreja Paroquial de S. Pedro de Óbidos. O grupo é constituído por quarenta voluntários de diversas localidades, que tentam pôr em prática a responsabilidade, como cristãos, de agirem perante diversos tipos de carências, “que ainda se fazem sentir no concelho de Óbidos”, revelou Raúl Penha.

Em funcionamento desde março de 2006, a instituição sem fins lucrativos tem já uma vasta ação concretizada. O grupo trabalha com o máximo sigilo no que se refere aos indivíduos apoiados, sua localização e tipo de necessidades que, na maioria, são casos de pobreza envergonhada. As necessidades da população apoiada centram-se no isolamento de pessoas idosas, com baixos recursos económicos, nos desempregados de longa duração, doentes crónicos incapacitados para promover uma vida profissional e nas famílias numerosas, com baixos rendimentos.

Segundo o responsável, um grupo com características sociais diferentes, composto por pessoas com formação superior e que noutros momentos da vida possuíram bons empregos e estabilidade pessoal e familiar, “veem-se agora numa necessidade extrema; depois de grande relutância acabam por muito discretamente pedir ajuda ou deixar que outros o façam por si”.

Desde do início já solicitaram ajuda aos Guias de S. Lourenço, duas centenas de famílias e “o impacto positivo”, manifestado pelos próprios, “leva-nos a assumir uma responsabilidade cada vez maior nas diversas intervenções, a sentir que muito mais há por fazer e a querer encontrar novas estratégias que respondam cada vez melhor às necessidades reais”, apresentou o diácono Raúl.

O grupo desenvolve a sua ação pelas sete paróquias do concelho de Óbidos, apoiando presentemente cerca de cem famílias que revelam diversas necessidades a nível de bens essenciais (alimentação, mobiliário, equipamentos domésticos, vestuário, material escolar e brinquedos); de informação, sensibilização e encaminhamento para serviços e instituições de apoio que possam vir a responder às suas necessidades de emprego, habitação, aconselhamento familiar, saúde, etc.

No início da atividade, os Guias de S. Lourenço estabeleceram um protocolo com o Banco Alimentar do Oeste, com entrega mensal de bens alimentares, e com o Banco de Bens Doados, com entrega bimensal de uma box. “Com carater mensal, temos a recolha de bens nas missas paroquiais, ao primeiro domingo de cada mês, na ‘Missa da Partilha’”, referiu o diácono de Óbidos reforçando de forma periódica, as campanhas de recolha em algumas grandes superfícies locais.

O grupo integra nas suas atividades, a distribuição de um cabaz alimentar ao domicílio, realizado de três em três semanas, em função das necessidades e do stock existente; o empréstimo de ajudas técnicas e a dispensação de medicamentos a famílias com maiores necessidades, cuja despesa em medicação se revela incomportável. As visitas ao domicílio, o acompanhamento a consultas e exames médicos, e convívios com o objetivo de promover a sua integração social através da interação entre voluntários do grupo, os utentes e a comunidade, são outras prioridades apontadas pelo responsável, que requerem maior atenção.

Venda de produtos paga despesas

A instituição construiu um espaço vocacionado para a aprendizagem de artes decorativas, pintura, restauro e costura a partir de materiais reciclados e recuperados, orientados por uma formadora especializada. Os objetivos deste projeto incidem “em retirar os utentes desempregados do isolamento em que vivem, promovendo um sentimento de valorização e autoestima, por trabalharem para a comunidade”, referiu Raúl Penha. Esta participação ativa pode ser compensada monetariamente, com uma pequena percentagem sobre os produtos vendidos em espaço anexo à Igreja de São Pedro, direcionando para quem visita a vila de Óbidos.

“A venda, neste espaço, constitui um fundo para a sustentação das despesas do Grupo, tais como, a renda, água, luz, formadora e outras despesas subjacentes à atividade”, manifestou o responsável sublinhando o desenvolvimento de um compromisso entre a instituição e os utentes, valorizando as ações conjuntas, “responsabilizando os utentes para o grupo e promovendo o intercâmbio entre eles e os voluntários”.

A Loja Solidária localizada no Bairro dos Arcos em Óbidos está aberta ao público com produtos doados, vendidos a um custo reduzido e cujos resultados são aplicados inteiramente no programa de ação dos Guias de S. Lourenço.

Segundo o diácono Raúl, nos recursos financeiros, todas as despesas inerentes ao desempenho das atividades a que este grupo se tem proposto, têm sido assumidas pelos próprios voluntários, pois ao longo dos 6 anos de existência dos Guias de S. Lourenço, estes não beneficiam de apoio financeiro de qualquer entidade oficial, e a paróquia não possui recursos suficientes para financiar diretamente estas atividades.

Os encargos mais preocupantes para o responsável incluem “as deslocações para a recolha e entrega de todos os géneros que distribuímos, numa média de 100 quilómetros por semana, encargos com o espaço da Loja Solidária, Atelier, Armazém de Alimentos e bens de primeira necessidade a famílias em situações de emergência”.

Uma das estratégias para melhor concretizar o plano das necessidades da instituição, apontadas pelo dirigente “passará por reunir mais recursos para que a ação seja cada vez mais eficaz”. Assim, o grupo necessita a curto prazo de reforçar “o nosso fundo maneio pois o pagamento de despesas, aos utentes, em situação de emergência que subiu nos últimos meses e estamos a ficar impossibilitados de fazer face a novas situações”, a juntar à contratação de um formador, a tempo inteiro, na dinamização do ateliê, e de um funcionário para manter a Loja Solidária aberta ao público em horário laboral, afirmou o diácono Raúl, concluindo que é urgente adquirir uma carrinha de caixa aberta, para que possa fazer a recolha e a redistribuição dos bens, e a garantia de uma verba necessária para fazer face às despesas fixas do grupo.

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