Constituído por indivíduos com antecedentes criminais possuidores de diversas identidades falsas e de larga experiência na área da criminalidade especialmente violenta, o grupo roubava estabelecimentos comerciais, carrinhas de transporte de valores e viaturas de transporte de tabaco, fazia carjacking e assaltava pessoas na via pública.
As ações eram sempre acompanhadas de ofensas corporais graves contra todo o tipo de vítimas, do sexo masculino ou feminino, incluindo idosos, com utilização de armas de fogo, como uma pistola-metralhadora municiada com balas que furam coletes à prova de bala e caçadeiras.
O grupo terá realizado cinquenta e dois assaltos desde janeiro deste ano, o que rendeu mais de meio milhão de euros.
Chegaram à região no dia 15 de março e roubaram tabaco nas Gaeiras, em Óbidos. No dia 11 de abril assaltaram um armazém no Bombarral. Na Lourinhã, a 13 de abril, praticaram um roubo numa casa e no dia seguinte, na Benedita, o alvo foi um armazém.
No dia 13 de junho, nas Caldas da Rainha, assaltaram um estabelecimento comercial na Zona Industrial. O assalto, verificado pelas 15h50 na empresa Rodapeças, decorreu em menos de três minutos. Estacionaram um BMW preto no parque da firma e três deles munidos com caçadeira e outro com uma pistola ameaçaram os cinco clientes e seis funcionários que se encontravam no interior das instalações, obrigando-os a deitarem-se no chão.
Já na posse de um cofre, os larápios fugiram no carro de alta cilindrada, supostamente roubado, que os aguardava à porta da empresa com um quinto elemento ao volante. Segundo fonte policial, entraram em alta velocidade na A8, no sentido Caldas da Rainha-Lisboa.
O cliente que foi agredido com a coronha da arma no pescoço acabou por não necessitar tratamento hospitalar.
Na mesma tarde assaltaram o armazém de produtos agrícolas Leosil, na Atalaia, Lourinhã. Um homem entrou a perguntar se vendiam rações e em poucos segundos o falso cliente cobriu a cara com um gorro passa-montanhas – e foi auxiliado por outros quatro encapuzados.
Uma pistola de alarme foi disparada no interior da empresa, sem causar feridos nem danos. A proprietária e o filho estiveram sequestrados durante cinco minutos, tendo o gang roubado cerca de 400 euros.
Voltaram à região no dia 4 de julho, para um carjacking na Atouguia da Baleia, em que sequestram e roubaram António Ramos, 67 anos, proprietário da empresa A. Ramos & Costa, que se dedica ao comércio de pescado.
Foi surpreendido pelas 03h30, na altura em que abria o portão automático de casa, à beira da EN114.
Dois homens apareceram de repente e colocaram-lhe um saco de plástico na cabeça, obrigando-o a passar para o lugar de trás do carro, um Chrysler de cor preta.
Não sofreu qualquer agressão física, mas foi ameaçado com pistolas e manietado. Percorreu mais de 50 quilómetros no carro, até ser abandonado num eucaliptal em Aveiras de Cima, Azambuja, pelas 06h30. Sem meios para pedir ajuda, foi a pé até à casa mais próxima, de onde telefonou a um dos filhos, que o foi buscar.
Ficou sem o carro, telemóvel, dinheiro e a carteira com documentos e cartões bancários. A viatura seria recuperada no Norte do país.
No mesmo dia, no Campo, nas Caldas da Rainha, roubaram uma sucateira. No dia 9, em Papagovas, Lourinhã, o alvo também foi uma sucateira, e na madrugada do dia 13, no Sanguinhal, efetuaram o carjacking de um Seat Leon. A vítima foi um empresário residente no Cadaval, com cerca de 50 anos, que foi sequestrado por três indivíduos encapuzados e munidos de uma arma de fogo, que o perseguiram num carro roubado até conseguirem imobilizá-lo.
Acabaram por deixar o homem em Milharado, no concelho de Mafra, onde a vítima acabou por pedir ajuda a moradores. O empresário terá ficado sem mil euros, levantados com um cartão multibanco.
Na operação de captura dos oito elementos, dois dos quais há largos anos em fuga às autoridades, foram apreendidas armas de fogo e munições proibidas, elevadas quantidades de ouro, viaturas de alta cilindrada e objetos de luxo diversos.
As detenções ocorreram nos concelhos de Loures, Sintra, Santarém, Vila Franca de Xira e Torres Vedras. Presentes a tribunal, em Lisboa, ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva.
Francisco Gomes
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