Em entrevista exclusiva ao JORNAL DAS CALDAS contou que tudo começou com uma brincadeira com os seus filhos de 14 e 16 anos, quando construiu uma bicicleta de três rodas para andar na água e foi da Dinamarca à Alemanha sem recurso a dinheiro nem cartões de crédito, tendo contado sempre com a ajuda dos locais dos portos por onde ia passando. Depois disso decidiu que iria fazer uma volta à Europa num pequeno “cayak-maran” construído por si com duas canoas unidas por uma estrutura rudimentar, com dois mastros com velas e um pequeno motor auxiliar, não lhe faltando bússola, GPS e cartas de navegação. A família deu-lhe apoio, ficando a tomar conta do pequeno negócio de construção que detêm e assim fez-se ao mar a partir da sua cidade natal, Hamburgo, e de onde navega, apenas de dia, não arriscando quando o tempo não está de feição e fazendo sempre ligações curtas.
Depois de lhe mostrarmos a revista com o artigo sobre si, que ainda não conhecia e que fotografou porque não adiantaria levá-la pois molhar-se-ia certamente, dispôs-se a responder a algumas perguntas e começámos por lhe perguntar o que o move a fazer isto, ao que respondeu de forma objetiva “a aventura, claro, mas também porque a vida é cheia de obrigatoriedades e as pessoas passam a vida numa linha sem poderem desviar-se e com isto quis mostrar que só se vive uma vez e que temos que desfrutar de cada dia”.
Pedimos-lhe que elegesse o pior momento até agora, que “foi ao percorrer apenas 12 milhas para chegar a Tarifa (Espanha) onde, a meio do percurso os ventos mudaram e tornaram-se mais fortes, rasgaram as velas e obrigando-me a fazer oito milhas sem velas”.
Sobre o facto do verão estar a acabar e ele, dirigindo-se para norte e consequentemente os perigos poderem ser maiores, explicou-nos que “não me sinto obrigado a terminar a viagem de seguida. Posso interrompê-la agora no final do verão e retomar no próximo ano, evitando assim as tempestades no Golfo da Biscaia e Canal da Mancha”.
Provando que não é difícil encontrar guarida, no final da nossa entrevista, alguém que esteve sempre atento, ofereceu-lhe jantar e dormida na sua casa, o que o deixou radiante e que, de pronto, aceitou. Disse-nos ainda que também tem conseguido gasolina para o seu motor sem grande dificuldade.
No dia seguinte, como o tempo se mostrou calmo e de feição a poder continuar a sua viagem, este lobo-do-mar aí estava na praia, pronto para pôr o seu “barco” na água sob o olhar atento de muitas pessoas que não eram só mirones, pois todos se prestaram a ajudar a levar a embarcação para a água, de tal forma que Andreas parou para tirar uma foto para sua recordação de viagem e para agradecer num bom português com um sonoro “obrigado” e seguindo então com o seu lema “Sailing for good thoughts”, que poderá ser traduzido para “Navegando por boas razões”.
Na praia alguém ficou a dizer que ele se parecia com o Robinson Crusoe, por causa da barba de nove meses, e muitos amantes do mar e das velas, certamente, invejando a sua coragem, desejanram poder fazer o mesmo.
Para estes, resta esperar que saia o livro que contará as histórias que foi registando ao longo destes meses e que nesse conste a fotografia que levou de S. Martinho e onde todos acenam, despedindo-se dele.
Para quem quiser continuar a seguir a sua viagem pode aceder ao site www.der-mit-dem-wind-faehrt.de.
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