Os jovens arranjam sempre formas de surpreender os adultos e, desta vez, por uma iniciativa muito louvável: estão a trocar as “noitadas em pubs” por reuniões culturais em casas particulares. Trata-se apenas de uma reacção à crise económica, para poupar euros? Atrevo-me a duvidar desta causa, pois poderiam escolher qualquer outra actividade igualmente económica como lançar bolas de sabão das janelas para a rua. Não, a juventude demonstra a sua maturidade e responsabilidade ao optar pela cultura. Os resultados irão notar-se em breve e serão revolucionários. Com esses serões, o seu gosto pelas artes e letras irá aumentando, atraindo mais gente e dará origem a uma geração de pessoas. Provavelmente, surgirá um novo modo de estar na vida, olhando com mais profundidade para as possibilidades que temos no agir com toda a força anímica – não apenas física – que a liberdade humana permite. O conhecimento apoia a filosofia e ambos sustentam a sabedoria. Se à iniciativa destes jovens se acrescentar a rectidão de intenção, a bondade, então o futuro sorri-lhes e, graças a eles, a revolução que se aproxima será uma bênção de paz e alegria, embora não isenta da dor comum a todo o ser humano. Mas o sofrimento imposto aos outros por futilidade ou imaturidade no pensar e no agir diminuirá, e muito. Assim, é provável que os encontros culturais suscitem mais curiosidade por temas diversificados. Aprende-se a ouvir e a falar, isto é, a respeitar e a servir. Ultrapassam-se medos, nervosismos, preguiças. Aprofundam-se amizades desinteressadas, já que o estudo pessoal é um serviço gratuito, uma forma de preparação para melhor servir. Pode acontecer até que desperte o amor, como é natural dos adultos, visto que quem assim se comporta é manifestamente um adulto responsável. Um casal com estes antecedentes tem sólidas bases para iniciar uma família estável e fecunda, quer no que respeita ao número de filhos como à qualidade da formação e educação que lhes será ministrada. Os próprios pais, como cidadãos e profissionais, deverão prestar inúmeros serviços de grande qualidade e honestidade à comunidade e às empresas a que estiverem vinculados. Avizinham-se, pois, novos tempos com as ruas cheias de crianças que podem sair sozinhas porque os adultos lhes querem bem e as protegem. Os adultos, sorridentes, terão um horário laboral compatível com a sua condição de pais e avós. Os empresários estarão orgulhosos dos seus empregados altamente qualificados, responsáveis e honestos, sempre dispostos a colaborar em novos projectos e empreendimentos por estarem, também eles, felizes com as novas políticas laborais, exigentes mas humanas. Os novos jovens também cometerão erros, mas saberão pedir desculpa com coerência: corrigindo os erros cometidos. Terão fraquezas e debilidades, mas saberão apoiar-se em amigos verdadeiros que os apoiarão com compreensão e exigência. Continuarão a magoar pessoas próximas, mas esforçar-se-ão por corrigir os seus comportamentos e atitudes. Continuarão a ser jovens e adultos normais e correntes, mas de uma qualidade tendente a ser, cada vez mais, superior. Isabel Vasco Costa