O concelho do Cadaval acolhe até ao dia 27 de outubro a 25.ª edição da Festa das Adiafas, um evento que celebra o final das colheitas e dá palco ao 21.º Festival Nacional do Vinho Leve.
O Pavilhão João Francisco Ribeiro Corrêa é o epicentro desta festividade, onde a música, as atividades equestres, a gastronomia, o artesanato e as conversas sobre o setor produtivo se conjugam para promover os produtos da região.
O certame, que já faz parte do calendário tradicional da zona Oeste, foi inaugurado no dia 19 de outubro numa cerimónia com a presença de Isabel Damasceno, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro).
Os visitantes têm à disposição uma seleção diversa de vinhos leves, brancos, rosés e tintos, destacando o que de melhor o Cadaval tem para oferecer no setor vitivinícola.
Depois de conhecer alguns expositores de vinhos leves, Isabel Damasceno sublinhou a relevância deste tipo de eventos para a divulgação da riqueza produtiva da região. “Esta iniciativa é muito importante para a promoção dos produtos da região, desde logo o vinho, que é um produto marcante. O Cadaval é conhecido pela sua variedade e qualidade, e estas festas são uma excelente oportunidade para as terras mostrarem o que têm de diferente”, afirmou.
A presidente da CCDR Centro destacou o papel da Adega Cooperativa da Vermelha que “exporta 45% da sua produção, o que é um número muito importante e mostra o impacto significativo que o setor vitivinícola tem, tanto a nível regional como nacional”, sublinhou. O vinho leve, que tem no Cadaval o seu maior produtor, ganhou, segundo esta responsável “reconhecimento a nível nacional e internacional, com algumas marcas a afirmarem-se no mercado global com vários prémios e distinções”.
A simbiose entre tradição e economia rural
José Bernardo Nunes, presidente da Câmara Municipal do Cadaval, também enalteceu o impacto económico e cultural da Festa das Adiafas. “Cadaval continua a ser um concelho rural, e o vinho e a pera rocha são os nossos principais focos. Este evento é uma excelente oportunidade para promover estes produtos, sendo também uma celebração do fim das colheitas, algo que fazemos há muitos anos”, afirmou o autarca.
Para o autarca, a 25.ª edição da Festa das Adiafas é mais do que uma celebração das colheitas. “É uma homenagem à resiliência dos produtores locais e à qualidade dos produtos que fazem do Cadaval uma referência, tanto no setor vitivinícola como na produção de frutas”, manifestou.
Com uma economia fortemente ancorada no setor primário, o presidente da Câmara reiterou que a agricultura, nomeadamente a produção de pera rocha e de vinho, são pilares fundamentais da identidade do concelho e da sua sustentabilidade económica. “O peso do setor primário na nossa economia é inegável e eventos como este reforçam a sua importância”, concluiu.
Rui Soares, presidente da Adega Cooperativa da Vermelha, destacou os desafios enfrentados pela viticultura este ano, apontando uma quebra na produção entre 25% e 35%. “Na nossa região, tivemos uma quebra de cerca de 30%. O clima este ano, com muita humidade e nevoeiro, foi determinante para o desenvolvimento de fungos, que prejudicaram a maturação das uvas”, explicou.
No entanto, apesar da redução na quantidade, a qualidade das uvas apresentou melhorias no grau alcoólico.
“Na casta vermelha, registámos um aumento de cerca de oito décimas no grau alcoólico, o que vai contribuir para melhorar a qualidade do vinho”, acrescentou. Rui Soares acredita que, com a redução da produção global, poderá haver um reequilíbrio no mercado, permitindo que o escoamento do vinho armazenado nas adegas contribua para aliviar o excesso de oferta.
A Adega da Vermelha continua a colher frutos do seu trabalho de qualidade. “Este ano tivemos o Grande Reserva Adega da Vermelha, que além de receber os prémios internacionais também recebeu aqui várias distinções”, referiu. Em 2025 vão ter um novo produto.
Horácio Nicolau, responsável pela Casa Agrícola Nicolau, partilhou a sua perspetiva otimista sobre a colheita de 2024. “Foi um ano muito bom em termos de produção e qualidade. Os graus alcoólicos são excelentes e as fermentações estão a correr de forma espetacular, tanto no vinho tinto como no branco”, indicou.
A Casa Agrícola Nicolau, produtora dos vinhos Branco e Rosé Solar da Marquesa, premiados como os melhores vinhos leves da região de Lisboa, mantém o foco na exportação para nichos de mercado, sempre com a qualidade como principal prioridade. “Trabalhamos com produtos engarrafados e embalados, e o nosso objetivo é nunca falhar na qualidade. É isso que nos distingue”, reforçou Horácio Nicolau.
O evento junta tradição, inovação e um profundo sentido de comunidade, oferecendo uma oportunidade única para os visitantes conhecerem o que de melhor se faz na região.
O vinho leve, em particular, continua a ser o protagonista, com a promessa de um futuro promissor, tanto a nível nacional como internacional.
Nesta quarta-feira à noite vai atuar a Orquestra Monte Olivett. Na noite de 24, a animação é a cargo da Banda Xeques Orquestra e na sexta-feira vai subir ao palco Blue & White violonistas. No sábado haverá a atuação da Tusófona (Real Tuna Lusófona) seguido da Banda “Kapittal”. No último dia vai ter lugar a eleição da Rainha das Adiafas 2024, pelas 21h30, com a apresentação de Isabel Angelino e José Figueiras.
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