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“O FÓLIO não deve ser quantidade, mas sim qualidade” – Celeste Afonso

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Em 2025 vai realizar-se a décima edição do FÓLIO e Celeste Afonso, que esteve no âmago da criação do festival enquanto vereadora da Cultura de Óbidos, recomenda que se repense o caminho que tem sido tomado nos últimos anos, o qual considera estar a desviar-se da estratégia inicial.

Em 2025 vai realizar-se a décima edição do FÓLIO e Celeste Afonso, que esteve no âmago da criação do festival enquanto vereadora da Cultura de Óbidos, recomenda que se repense o caminho que tem sido tomado nos últimos anos, o qual considera estar a desviar-se da estratégia inicial.

“Nunca quisemos fazer apenas um festival. Tudo fazia parte de uma estratégia para Óbidos como uma vila literária”, salientou numa entrevista ao JORNAL DAS CALDAS. “Havia um conceito e a preocupação da sua sustentabilidade”, disse.

A primeira edição resultou de um ano de trabalho intenso, onde procuraram os melhores parceiros internacionais e nacionais.

Celeste Afonso destaca o papel primordial do ex-presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, e de José Pinho, proprietário da Ler Devagar, entretanto falecido, em toda esta estratégia.

“Na altura, o modelo que o FÓLIO apresentava era inovador e não era muito fácil fazer os parceiros entenderem aquilo que se pretendia fazer”, contou.

A Câmara de Óbidos tinha iniciado a sua candidatura à UNESCO, como Vila Literária, a qual foi aceite no final de 2015, e era necessário fazer uma aposta forte na internacionalização, nomeadamente com o convite a autores estrangeiros.

Na sua opinião, as duas primeiras edições do FÓLIO foram “as melhores de sempre”, porque houve a necessidade de causar logo um impacto que afirmasse a importância deste evento, consolidando-se logo no segundo ano como “uma referência internacional”.

A responsável explicou que, tal como o próprio nome indica, o FÓLIO pretende ser “feito de folhas” que simbolizam capítulos “com um pensamento estratégico”.

Por isso, foram criados o FÓLIO Autores, FÓLIO Ilustra e FÓLIO Educa, cada um com os seus curadores, que trabalhavam em conjunto um tema central.

Celeste Afonso salienta que foi de grande importância os curadores que escolheram. O escritor José Eduardo Agualusa, a jornalista Anabela Mota Ribeiro, a artista visual Mafalda Milhões (a única que ainda se mantém na organização), Maria José Vitorino (ex-coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares) e Teresa Calçada (comissária do Plano Nacional de Leitura) garantiram uma fasquia muito alta em 2015.

“Era com base em todo o conhecimento dos curadores que preparávamos a programação”, sublinhou.

Depois, havia ainda o FÓLIO Paralelo, no qual eram incluídos os eventos que “não cabiam” nesse tema. Exemplo disso, era a Casa dos Bons Malandros, que deixou saudades a quem participou nas primeiras edições.

A primeira edição do FÓLIO, segundo a organização na altura, teve mais de 30 mil visitantes. Participaram então 459 criadores, 200 autores e 56 ilustradores, em 154 sessões literárias, 37 conferências, 36 espetáculos e 14 exposições, entre outras atividades.

Programação “não tem uma linha narrativa”

“Não vejo plasmado em lado nenhum a Rede das Cidades Criativas da qual Óbidos faz parte”, lamentou Celeste Afonso, que também estranha não se ter dado seguimento às parcerias criadas com Granada e Barcelona.

Embora continue a interessar-se pelo evento e participe em algumas sessões, Celeste Afonso lamenta também que não exista uma linha narrativa no programa do FÓLIO. “Há um tema, mas não há coesão”, afirmou, sublinhando ainda que não há nenhum nome de relevo e que seja novidade na programação.

“Quer em termos de autores, quer em termos de exposições ou de espetáculos”, referiu.

A ex-responsável sublinhou a “excelente qualidade” do FÓLIO Ilustra e indicou que o FÓLIO Mais acaba por “absorver quase tudo”. Embora tenha “uma excelente programação, com uma linha narrativa e curadoria”, peca por incluir outras atividades “que as circunstâncias obrigam a que faça parte do programa” e há muita coisa que “é mazinha”.

No entanto, não poupa elogios a Joana Pinho, filha de José Pinho, porque consegue trazer de volta ao FÓLIO “um pensamento que vem de trás”.

Na opinião da ex-vereadora, ao anunciar-se que este é “o maior FÓLIO de sempre”, em vez de se dizer que “é o melhor de sempre”, como dizia sempre José Pinho, está a mudar-se o seu paradigma. “Mas o FÓLIO não é quantidade, é qualidade”, defende, sugerindo que se crie uma linha condutora e que se invista “numa direção forte”.

“Se calhar se houvesse um critério de qualidade não haveria 600 atividades, mas apenas metade”, considera.

Em relação ao FÓLIO Autores, considera que este deixou de fazer sentido, tendo em que “os autores já participam nas mesas do FÓLIO Mais”.

Para Celeste Afonso, a saída de alguns nomes relevantes da organização, como Paula Ganhão, para além de Humberto Marques e José Pinho, fez com se alterassem os destinos deste evento.

Considera mesmo que “há pessoas que se servem do FÓLIO para as suas ambições pessoais”, afirmou, sem querer concretizar sobre quem falava. “Não vou dizer nomes. Acho que é muito evidente quem são”, concluiu.

“O Humberto Marques reconhecia que a cultura em Óbidos era extremamente importante”, adiantou Celeste Afonso, referindo que depois da saída deste da presidência da Câmara perdeu-se essa preocupação.

“A estratégia de Óbidos Vila Literária está-se a alimentar daquilo que vinha do passado”, comentou.

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