Começou a ser julgado no passado dia 8, no Tribunal de Leiria, o jovem acusado do homicídio qualificado do pai, com diversas facadas, a 16 de agosto de 2023, em Peniche. Francisco dos Santos, agora com 22 anos, optou por não falar na primeira sessão do julgamento.
A família revelou que sofria surtos psicóticos e o Ministério Público não tem dúvidas de que sofre de doença mental, tendo antes da sua detenção estado internado em duas ocasiões.
Em tribunal, familiares contaram que até aos 18 anos o seu comportamento não inspirava cuidados, tal como ao JORNAL DAS CALDAS relataram colegas de escola.
Mas em 2021 tudo mudou e foi diagnosticado com um distúrbio psiquiátrico. Um ano depois agrediu o pai pela primeira vez.
De acordo com a agência Lusa, em 2021 o jovem apresentou uma denúncia sobre alegadas práticas sexuais que o pai teria com a irmã, mas o inquérito foi arquivado “por não se ter apurado qualquer indício”.
No ano seguinte, foi aberto um outro inquérito, sendo que do auto de notícia “resulta a descrição de agressões alegadamente praticadas pelo arguido” sobre o pai, que originaram fraturas e internamento, mas também foi arquivado porque os pais recusaram prestar declarações.
Na sequência dos acontecimentos que deram origem a este inquérito de 2022, o jovem esteve internado compulsivamente.
Ao princípio da noite de 16 de agosto de 2023, na residência da família, com quem vivia, iniciou um confronto verbal com o pai, novamente com a mesma acusação.
A vítima conseguiu sair de casa e, apesar de a mãe do arguido ter tentado evitar que este fosse em perseguição do pai, fechando a porta sobre uma das mãos do filho, o jovem conseguiu libertar-se e começou a correr na direção dele, na rua, levando na mão uma navalha. Após correr alguns metros, o arguido alcançou o pai e, a partir desse momento, sempre que se aproximava o suficiente desferia-lhe golpes com a navalha em várias zonas do corpo.
Até que o jovem empurrou o pai, “fazendo-o embater com a cabeça numa parede”. O progenitor caiu inanimado no chão e o filho, usando força física extrema, voltou a desferir golpes com a navalha, só parando quando se começaram a ouvir as sirenes das forças de segurança e de auxílio médico que se aproximavam do local, na Rua dos Dominguinhos, nas imediações do hospital de Peniche.
Fernando Oliveira, uma testemunha, afirmou ao JORNAL DAS CALDAS que o jovem ”foi sentar-se no chão a fumar um cigarro, como se nada se passasse, à espera que a polícia e bombeiros chegassem. Permaneceu sempre ali como se nada fosse e disse que estava tudo bem”.
Os bombeiros e o INEM tentaram reanimar o pai, de 44 anos, mas já não havia nada a fazer.
Detido no Hospital Prisional de S. João de Deus, em Oeiras, o jovem, que era segurança num parque de campismo, “reúne os pressupostos médico-legais para inimputabilidade em razão de anomalia psíquica”, de acordo com o relatório da perícia psiquiátrica forense, o que poderá constar da decisão que será tomada pelo Tribunal.
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