A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é considerada uma medicina holística pois tem uma visão completa do organismo que entra muitas vezes em conflito com a visão parcelada da medicina alopática.
Esta última, embora permita um aprofundamento extraordinário ao nível celular e molecular, deixa muito a desejar na visão generalizada e totalitária do ser humano. Dizer que somos “apenas” um monte de átomos organizados não deixa de ser verdade, mas é uma forma muito redutora de classificar a vida humana.
Assim sendo, vamos falar sobre a forma básica de pensamento destas duas visões.
Vamos dar o exemplo de uma gastrite. Com um olhar científico, podemos chegar à conclusão que estamos perante uma inflamação da parede interna do estômago, podendo ser causada por vários fatores. Seguindo esta linha de pensamento, o caminho a seguir é o seguinte: fazer exames, descobrir a causa e prescrever de acordo com o diagnóstico.
Na MTC, o diagnóstico de gastrite nem sequer é nomeado, ao invés disso, estudamos o paciente juntando características através da descrição dos sintomas, palpação do pulso e observação da língua e chegamos a uma Síndrome. Isto permite ao técnico não só saber o(s) órgão(s) afetado(s), mas também a natureza dessa perturbação.
Por este método, o caminho a seguir é o seguinte: obter diagnóstico de síndrome, aplicar terapia adequada através de técnicas que sejam úteis para o paciente (não se aplicam todas as técnicas em todos os casos), aconselhar sobre o que deve fazer no seu dia-a-dia, aguardar uns dias (normalmente entre 3-7 dias), avaliar resultados e agir em concordância (manter, reforçar ou alterar).
Isto faz com que se obtenha muitas das vezes um tratamento completo em menos tempo, para além de dar consciência ao paciente do que está a passar e como é que o seu dia-a-dia está a causar/causou este problema.
Penso que este seja um dos principais conflitos entre a medicina alopática e qualquer outra medicina alternativa. Por um lado, temos a garantia científica (que nunca é 100%, mas ainda assim é crucial) de que sabemos com o que estamos a lidar e podemos administrar o tratamento mais eficaz e “direto ao assunto”.
Por outro lado, temos a perspetiva global do organismo que permite uma mudança mais profunda, mas ainda assim sem provas científicas das causas, o que pode levar à necessidade de haver alguns ajustes até se chegar ao melhor tratamento possível.
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