O documento foi apresentado no passado dia 16, na sessão da Assembleia Municipal, por Paulo Sousa, docente da Escola Nacional de Saúde Pública, que fez uma descrição da saúde no concelho com base em dados demográficos, em vários determinantes sociais associados aos estilos de vida saudáveis e aos dados de acesso e utilização dos cuidados de saúde.
Deu nota do aumento “exponencial” de cidadãos sem médico de família, que ascendem a cerca de 20% da população do concelho, e da necessidade de aumentar e diferenciar a oferta de cuidados hospitalares, nomeadamente com uma Unidade de Cuidados Intensivos.
Paulo Sousa revelou que os desafios principais para a saúde do concelho das Caldas da Rainha são a “entrada em funcionamento de um novo hospital”. Mas enquanto isso não acontece existe uma premência para “reestruturar a unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) para responder à procura e deve ser modernizado com o intuito de aumentar a atratividade e cativar novos profissionais de saúde”.
O autor do plano referiu que no serviço de urgência do Hospital das Caldas houve um aumento de pessoas que com pulseiras verdes, aconselhando que haja uma gestão mais eficaz e que os utentes “com patologias menos graves (pulseira azul e verde) sejam encaminhados para o Agrupamento de Centro Oeste Norte para terem consulta no próprio dia e não entupir o serviço de urgência da unidade local”.
O documento, defende a “diversificação e diferenciação da resposta hospitalar pública, com criação de uma unidade de cuidados intensivos”, bem como o alargamento da prestação de cuidados “a situações mais complexas e cuidados diferenciados” do que aqueles que existem atualmente no concelho.
O Plano de Desenvolvimento em Saúde e Qualidade de Vida concluiu que Caldas da Rainha regista, em comparação com a média nacional e também do Oeste, uma maior taxa de doenças do aparelho circulatório e respiratório, diabetes, tumores (neoplasmas e malignos), doenças cardíacas e cérebro-vasculares e ainda transtornos mentais e comportamentais. De acordo com o documento, o concelho tem também um maior índice de doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.
Para isso, o documento salienta a necessidade de melhorar o acesso aos cuidados de proximidade através do “reforço do número de médicos de Medicina Geral e Familiar” e da requalificação de edifícios da rede de cuidados primários, bem como a utilização de novas tecnologias.
Em relação ao termalismo, Paulo Sousa destaca como prioritária a captação de público e a articulação em rede com as outras instituições de saúde, bem como uma aposta na sua modernização e abertura à vertente de bem-estar.
Referiu também a necessidade de reforçar a criação de ambientes e condições promotoras de estilos de vida saudáveis, envelhecimento ativo e promoção da saúde mental e ainda projetos sociais (melhoria das condições habitacionais, combate e prevenção ao isolamento social) e incentivo à mobilidade sustentável onde a câmara municipal das Caldas deve assumir um papel agregador.
Quanto aos Cuidados Paliativos Cuidados continuados e integrados, o estudo revelou que a capacidade instalada é insuficiente e pouco diversificada. Segundo o documento, existe uma Equipa De Cuidados Continuados e Integrados que faz parte da Unidade de Cuidados à Comunidade Caldas/Óbidos e o Montepio Rainha D. Leonor – Associação Mutualista tem 12 camas de cuidados de convalescença.
Deputados querem no plano mais estratégias
O socialista Jaime Neto entende que, “mais importante do que ter planos é ter planeamento, ou seja, uma gestão articulada dos planos municipais a vários níveis que tem de ser uma responsabilidade do Município, dos seus responsáveis políticos e técnicos, que não deve ser adjudicada a um consultor externo, na nossa opinião”.
O deputado referiu que o PS defende alguns objetivos políticos com um cronograma de execução adequado, tendo em vista a melhoria da saúde “da nossa base social e económica como a promoção da saúde e garantir que todos os residentes tenham acesso a serviços de saúde de qualidade”.
Gestão eficiente dos recursos, preparação e resposta a emergências de saúde pública e desenvolvimento de parcerias e colaborações são outros objetivos apontados pelos deputados socialistas.
Jaime Neto questionou sobre o ponto de situação do projeto de reabilitação do Centro de Saúde Bordalo Pinheiro, cujo investimento está orçamentado em cerca de 1,8 milhões de euros.
O deputado municipal António Curado, do Vamos Mudar, afirmou no dia 10 de abril houve uma reunião da comissão de saúde onde foi discutido esse plano e foi dito que “faltavam algumas conclusões, nomeadamente estratégias definidas na área da saúde”.
No entanto, pessoalmente considera o documento “interessante e é um bom retrato da saúde no concelho”. Alertou para algumas patologias que prevalecem no concelho muito ligadas à obesidade e fatores alimentares. “Temos que estimular o consumo de produtos locais”, sustentou.
Paulo Espírito Santo, do PSD, disse que os deputados do PSD também consideram que no plano faltam algumas conclusões. “Temos uma radiografia do concelho, sabemos o que existe e quais as necessidades, mas depois em termos de plano de ação não nos diz muito”, afirmou.
O presidente da Câmara declarou que o plano é o “pontapé de saída para a estratégia municipal de saúde”. Apesar de o documento ser apresentado agora, o Município tem já “vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas, essencialmente na promoção da saúde, envolvendo um conjunto de parceiros sociais e vamos lançar brevemente uma dinâmica com parceiros do desporto e saúde”.
Quanto à localização do novo hospital, Vitor Marques referiu que já pediram uma audiência com a nova ministra da saúde.
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