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Auto do Descimento da Cruz cheio de emoção

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A chuva não impediu que o Auto do Descimento da Cruz, na sexta-feira Santa, na Praça de Santa Maria, na vila de Óbidos, fosse um evento cheio de emoção. Tratou-se de uma celebração ancestral, que consiste numa “teatralização religiosa” representando a retirada do Senhor da Cruz.
A chuva não impediu que o Auto do Descimento da Cruz se realizasse

Foi um dos pontos altos da Semana Santa de Óbidos, que reuniu centenas de pessoas, que com guarda-chuvas se protegeram da chuva. Mesmo com o mau tempo os fiéis ficaram até ao fim da representação teatral, que cativou a população.

A última vez que esta celebração aconteceu foi em 2014 e tinha hábito se realizar cada ano bissexto.

Esta teatralização contou com cerca de 30 personagens, entre os quais se contam soldados romanos, amigos de Jesus, as Marias, São João e Nossa Senhora. 

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS o padre Valter Malaquias, disse que o Auto do Descimento da Cruz é importante se realizar porque “reaviva a fé das pessoas e foi o que vimos aqui. Apesar do mau tempo percebemos que houve muita vontade de fazer e saliento a coragem dos participantes, que também comoveu o público, que não se foram embora e isso foi muito bonito”.

Quanto à fé religiosa o pároco de Santa Maria Madalena de A-dos-Negros, de Nossa Senhora da Ajuda das Gaeiras e de São Pedro e Santa Maria de Óbidos, referiu que “estamos a viver tempos diferentes e talvez as pessoas estão a ter uma relação com Deus de uma forma diferente”. 

Quando se desceu a imagem, caminhou-se em procissão carregando Cristo até à Igreja da Misericórdia. Por volta das 21h30 teve início, na mesma Igreja, a Procissão do Enterro do Senhor, que foi presidida pelo D. Rui Valério, é o novo Cardeal Patriarca de Lisboa que, à luz de archotes, percorreu a vila, levando o Senhor até ao sepulcro.

Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, Carlos Orlando Rodrigues, o Auto do Descimento da Cruz e a Procissão do Enterro do Senhor foram os pontos altos da Semana Santa de Óbidos.

“As manifestações realizadas no âmbito da Quaresma e Solenidades da Semana Santa foram generalizadas à Misericórdia, não só em Óbidos, como a todas as suas congéneres”, contou Carlos Orlando Rodrigues.

“Foi encontrado no arquivo documental da nossa Santa Casa, um escrito datado de 20 de fevereiro de 1604, no qual o Arcebispo D. Miguel de Castro, que também exerceu o cargo de vice-rei de Portugal por nomeação de Filipe II, nos dá a conhecer da autorização de continuação da realização da procissão dos Santos Passos…“, adiantou.

Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, os quatrocentos anos foram assinalados por sugestão da Associação de Defesa do Património do Concelho de Óbidos ao Município de Óbidos, que de imediato também apoiou a publicação de uma segunda edição da “Semana Santa em Óbidos”.

No presente ano, “faz um século que se encontrou o primeiro registo da realização da representação do “Auto do Descimento da Cruz”, um dos pontos altos e mais dramáticos das “Celebrações da Semana Santa e Páscoa”, afirmou.

O registo foi encontrado aquando do primeiro restauro dos azulejos da igreja da Santa Casa, por um obidense da comissão das cerimónias de então.

“Um pormenor curioso, encontram-se ainda registos na cimalha, além de 1924, 1928, 1931, 1934, 1938 e 1945, em que se assinala a realização do “Descimento da Cruz” dentro daquele templo, onde não cabia a décima parte dos que desejavam assistir”, explicou Carlos Orlando Rodrigues.

De acordo com informação dada pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, “quando o espaço se tornou reduzido, passou para a Praça de Santa Maria, antes Cândido Avelar, mantendo-se a versão atual que nos foi transmitida por Albino Manuel de Castro e Sousa e realizado, essencialmente, pela juventude do concelho de Óbidos, sem a quais se tornava impossível continuar a tradição desta fé, que já vem do tempo em que a nossa vila pertencia à Casa das Rainhas”.

Tapetes de Flores e Sal

Dado o êxito alcançado em 2023, o Município de Óbidos,apresentou os Tapetes de Flores e Sal expostos na Igreja de Santa Maria, que remetem para esta quadra, com imagens alusivas à Semana Santa.

Os Tapetes de Flores e Sal eram para estar expostos na rua da Farmácia, mas devido à chuva foram colocados na Igreja que recebeu a visita de centenas de pessoas que quiseram os apreciar.

Este ano, os Tapetes de Flores e Sal são compostos por 12 painéis, com símbolos religiosos, associados aos dias da Páscoa, com início no Domingo de Ramos e terminando no Domingo de Páscoa, com um pormenor dos Bordados de Óbidos, que comemoram setenta anos.

Segundo a vereadora com o pelouro da Cultura, Margarida Reis, “foram utilizadas 22 cores e 800kg de sal”.

“Os colaboradores da biblioteca municipal, em conjunto com um grupo de voluntários, têm-se dedicado a este projeto há alguns meses. Na fase de concretização toda a comunidade foi convidada a participar nesta iniciativa, invulgar na região, que veio embelezar a Semana Santa de Óbidos”, contou a autarca.

“Para os primeiros painéis, referentes ao Domingo de Ramos, foram escolhidas cores mais claras, que nos transmitem sensações de harmonia, paz e tranquilidade”, explicou Margarida Reis, acrescentando que a partir do painel que simboliza a quinta-feira santa, as “cores começam a mudar, tornando-se mais escuras e intensas”.

Segundo a autarca, a sexta-feira santa é o dia em que os “painéis simbolizam o auge de dramatismo e sofrimento, utilizando para esse efeito, tons mais escuros e pesados, como azul escuro e vários tons de roxo, que nos transmitem uma sensação de tristeza e melancolia”.

“Os painéis que simbolizam o sábado começam a sofrer alterações na cor, transformando-se em cores novamente mais claras e vivas e os últimos três painéis simbolizam o Domingo de Páscoa, a ressurreição, o regresso da luz, da vida, utilizando assim tons claros e brilhantes, que nos levam a sentir alegria e tranquilidade”, relatou a vereadora, revelando que no topo desta “construção, encontramos motivos que compõem o Bordado de Óbidos. “Motivos estes que foram retirados do teto desta Igreja através da utilização de espelhos colocados no chão, para que assim se conseguisse fazer a passagem para o papel e posteriormente para o molde em madeira”, indicou.

As cores apresentadas são as mesmas que figuram no Bordado de Óbidos (azuis, verdes, amarelos, castanhos e rosas fortes).

Margarida Reis destacou que embora seja uma tradição do norte do país, tiveram a preocupação de realizar um workshop convidando a Associação Espinho Vida, “para termos as bases para avançar com este projeto”. “Introduzimos os bordados de Óbidos para darmos um cunho territorial enaltecendo as nossas tradições”, acrescentou.

A autarca agradeceu a colaboração Sal Riamar, Floricultura d.Vale e Lena das Flores pelo apoio na realização deste projeto.

Na parte cultural, à semelhança de outros anos, houve diversos concertos de música clássica, essencialmente de teor religioso e alusivos ao momento pascal, que se realizaram no Santuário do Senhor da Pedra.

semana santa 3
Tapetes de Flores e Sal são compostos por 12 painéis
semana santa 2
Carlos Orlando, José Pereira, Valter Malaquias e Margarida Reis
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