Um grupo de 25 membros da Iniciativa Liberal (IL), entre os quais três das Caldas da Rainha, anunciou o abandono do partido a 25 de novembro, “dia em que a democracia liberal venceu a ditadura totalitária de esquerda em Portugal”, explicando a saída por “ter deixado de acreditar num projeto que podia, de facto, mudar Portugal”, mas que no seu entender se tornou “numa caricatura daquilo que em 2019 se propôs”.
No documento intitulado “Não foi isto que nos prometeram”, os contestatários da linha seguida pela direção apontam que a partir de 2019, após a eleição de Carlos Guimarães Pinto como presidente da IL, “assistiu-se de facto à apresentação e materialização de uma mensagem política de natureza liberal, sem receios ou excessivos cálculos eleitorais, onde se defendia o poder e supremacia do indivíduo perante o Estado”.
“Defendia também a IL uma ruptura total com as práticas instaladas nos partidos tradicionais, com ausência de juventudes partidárias, estruturas distritais, caciquismo, amiguismo e clientelismo interno e externo, onde a meritocracia das ideias, propostas e pessoas seria a bússola-maior para as escolhas e decisões da IL”, sublinham.
“Por fim, também nos prometeram e elegeram como bandeira que a IL defenderia a igualdade de tratamento por parte do Estado para todas as pessoas, com direitos iguais para todos e privilégios diferentes para ninguém”.
Contudo, os signatários do documento afirmam que “verificamos que paulatinamente a IL se transformou em tudo aquilo de que padecem os partidos tradicionais, com ausência de democracia nos seus órgãos, na domesticação e apatia de muitos núcleos territoriais, à ausência de meritocracia na indicação e nomeação de cargos, à existência de relações familiares e de amizade entre dirigentes do partido e assalariados da IL, em claro clima de nepotismo, a um clima caciquismo agressivo e de perseguição e ofensas a quem pensa diferente dentro do partido”.
“Paralelamente, verificamos também que o projeto a proposta que a IL defendia como primordial na sua acção política – o combate sem tréguas ao Partido Socialista e ao socialismo e comunismo unidos – foi sendo transfigurado, por puro cálculo político, nomeadamente eleitoral, passando a IL a ser paulatinamente um partido do regime, sem rasgo e ambição, de braço dado com as agendas da extrema-esquerda e esquerda radical”, sustentam.
Os 25 signatários têm vindo nos últimos meses a proceder à sua desfiliação do partido, sendo três deles das Caldas da Rainha – Inês Rosete, Luís Brochado e Miguel Domingos.
A direção liderada por Rui Rocha desvaloriza este abandono dos membros, sublinhando que “entraram 200” nas últimas semanas, apesar de desde abril ter saído do partido um número de elementos não especificado.
Considerando as saídas e entradas “um processo normal”, a direção indicou que o partido “tem crescido consistentemente com aqueles que acreditam verdadeiramente no liberalismo como solução para criar um novo modelo de desenvolvimento para Portugal”.
A IL garantiu entretanto que não fará qualquer coligação pré-eleitoral. “Irá a eleições com as suas ideias, com os seus candidatos e com o seu programa eleitoral, com o objetivo de mudar o país”, assegurou.
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