Festa das Adiafas
José Bernardo Nunes, presidente da Câmara Municipal do Cadaval, é entrevistado pelo JORNAL DAS CALDAS sobre a Festa das Adiafas, de 14 a 22 de outubro.
JORNAL DAS CALDAS: A Festa das Adiafas vai para a 24ª edição mas continua a atrair muitos visitantes. Há novidades este ano?
José Bernardo Nunes: São duas décadas do Festival Nacional do Vinho Leve e duas dúzias de anos das Adiafas. São eventos com carisma que celebram as colheitas e convém lembrar que tudo começou nos bombeiros voluntários, depois passou para a adega cooperativa e posteriormente para a zona do Pavilhão João Francisco Ribeiro Corrêa.
Tivemos dois anos de interrupção por causa da pandemia e quando regressámos não sabíamos como iam ser as festividades e assumiu-se que íamos tentar fazer um investimento maior e foi o que aconteceu no ano passado. Correu muito bem e foi entendimento unânime que devíamos manter o nível.
Temos pena de não conseguir a cobertura da RTP no primeiro sábado, como aconteceu no ano passado, porque já tinha a máquina montada no norte do país, mas é uma mais razão para termos um cartaz que seja do agrado da generalidade para termos uma boa afluência.
Para além das várias animações, musicais e de outro tipo, aumentámos os colóquios relacionados com a agricultura durante a semana ao final da tarde.
Vamos ter um aumento da área. Numa tenda fora do pavilhão, onde teremos as adegas e os operadores do vinho leve.
JC: As tasquinhas são um chamariz e aí também a autarquia aposta em fazer as associações mostrarem o seu dinamismo…
JBN: Uma parte significativa do investimento que o Município faz nesta festa as associações levam de retorno nos proveitos que têm da atividade que desenvolvem durante este certame. Isso só é possível com as mais de cem pessoas que as associações envolvem a trabalhar gratuitamente nos restaurantes e tascas. No ano passado tomámos a opção de começar a abrir às sete da tarde durante a semana, o que permitiu que o número de refeições seja bastante elevado e que as treze associações que lá estarão obtenham uma receita que nalguns casos serve para a subsistência no resto do ano, para manterem as sedes abertas e para as despesas normais.
JC: O programa de diversão aposta nos dias de semana….
JBN: Basta ver o cartaz para se perceber que se aumentou a fasquia ao que é habitual termos. Investimos mais nos dias em que normalmente viria menos gente. Teremos a uma segunda-feira o João Pedro Pais, na terça os Lucky Duckies e na quarta a Orquestra Ligeira do Exército. São espetáculos para vários gostos. Ao fim de semana temos atividade cultural e à noite mais virada para a juventude.
Esperamos que seja uma festa que dignifique o concelho e que traga muitas pessoas de fora. As entradas são livres.
JC: O vinho e a pera continuam a ser preponderantes no concelho do Cadaval mas têm existido contrariedades nos últimos anos…
JBN: O vinho leve pode ser produzido em duas regiões vitivinícolas do país, que é na região de Lisboa e na região do Tejo, como aprovado nos anos 80. Devido às alterações climatéricas começou a ser mais difícil obter uvas maduras com o teor alcoólico. Na região de Lisboa o concelho do Cadaval tem uma margem muito grande de produção e o vinho leve tem um peso importante, daí o festival que realizamos.
No Cadaval inicialmente era muito só vinha, depois veio a pera ganhar terreno e agora, contrariamente ao que se não se via há muitos anos, começa-se a arrancar alguns pomares e plantar alguma vinha, o que terá a ver muito com as questões do fogo bacteriano e dificuldades de mão de obra, porque é mais fácil mecanizar a cultura da vinha e a vindima do que a apanha da pera. Uma máquina faz o trabalho de oitenta pessoas por dia na vindima.
No caso das peras, o enorme escaldão de 7 e 8 de agosto provocou muita pera queimada. No ano passado já tinha sido um ano fraco e em relação há dois anos temos uma produção de 50%. São dois anos maus seguidos. As três centrais fruteiras do Cadaval – a Coopval, a Frutus e a Central de Frutas do Painho – distribuem no concelho este ano menos doze milhões de euros do que há dois anos, o que é uma mexida muito grande na economia.
Em contraponto, o vinho este ano teve uma boa produção, ligeiramente acima do ano passado, altura em que o stock aumentou devido à importação de vinho espanhol pelos operadores.
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