Corrida de Toiros do 15 de Agosto
Com as bancadas repletas a rebentar pelas costuras, como é habitual nesta corrida secular e com um público entusiasta, divertido e sempre disposta a aplaudir os toureiros e as grandes pegas que vieram a acontecer.
A tarde estava amena, com o céu meio nublado, com sol e sombra para todos e com ambiente tão festivo, só faltava mesmo começar o espetáculo.
Antes de mais, felicitar Rafael Vinhais, empresário desta Praça há já algumas temporadas, no critério que tem posto nas ganadarias e na escolha tão assertiva dos toiros sempre de bravura assinalável.
Neste caso, veio um curro da ganadaria Vinhas, muito bonitos, com uma apresentação espantosa, muito bem proporcionados em tamanho e peso, e de bravura assinável.
Francisco Palha
Após as cortesias, a primeira grande ovação da tarde foi para o homem da trompete (corneta) que ao dar um grande show musical (toque para o toiro sair à arena) foi muito aplaudido.
No que às lides diz respeito, Francisco Palha sendo o cavaleiro com menos tempo de alternativa foi, por qualquer compromisso, o primeiro toureiro a atuar.
O primeiro toiro a entrar na arena saiu dos curros com uma fúria desmedida, tropeçando e caindo, por excesso de terra solta na área (segundo nos pareceu) e ficou a coxear, pelo que foi de imediato devolvido aos currais como mandam os regulamentos.
Com o toiro de reserva em Praça, Francisco Palha fez-lhe uma lide bonita, acertada e muito aplaudida. Palha subiu ainda mais a bitola na sua segunda atuação, com uma série de ferros curtos e brilhantes, rematados com uma sorte de violino e um curtíssimo de palmo pelo que saiu largamente ovacionado.
António Telles
António Telles não sabe tourear mal. Já há quem lhe comece a chamar mestre. É um toureiro clássico que pratica o toureio reto e frontal.
Muito bem em qualquer das duas atuações, mas especialmente no quinto toiro da ordem, no qual deixou cinco curtos de muita categoria.
Marcos Bastinhas
Pode dizer-se que Marcos Bastinhas foi na tarde o homem espetáculo.
Bastinhas é um toureiro de estilo diferente, muito alegre, arrebatado, que toureia com enorme paixão, contagiando por completo o público e pondo em polvorosa as bancadas.
Pode não ser um clássico, mas está a tornar-se um toureiro muito popular, como era o seu saudoso pai Joaquim Bastinhas.
Na sua primeira atuação, teve valente numa sorte de gaiola, a receber o toiro à saída do curro com a garupa do cavalo suportando forte perseguição. Para depois rematar uma série de curtos bilhetes, com uma sorte de violino e mais um curto de palmo.
Concluiu o seu show no toiro a fechar a corrida, de novo com ferros curtos de grande impacto, terminando em apoteose com um par de banderilhas com as duas mãos.
Atenção, numa Praça cheia há sempre aficionados que preferem e apreciam mais a forma clássica de tourear de António Telles e Francisco Palha, mas toureiros como a dinastia Bastinhas, vão ser sempre necessários na Festa Brava.
Há quem diga que parecem números de circo, mas a uma pergunta minha neste sentido ao mestre Luis Miguel da Veiga (ainda toureava), respondeu-me que todas as formas de tourear, todas as inovações, eram bem-vindas, desde que as farpas e as banderilhas sejam colocadas com o toiro direcionado ao estribo da montada.
Em tarde de festa, nota 20 para os Forcados das Caldas
Mas a grande festa da tarde foi para o Grupo de Forcados Amadores de Caldas da Rainha, que comemoraram 30 anos da sua fundação. Foi bonito ver seguramente mais de 50 elementos fardados. Desde os mais antigos aos atuais, desde o cabo fundador, Vasco Morgado, passando por outros cabos como Francisco Calado, o Vinhais, o Mascarenhas e atualmente o Duarte Manoel.
Parabéns não só pela perseverança na continuidade do grupo, como no bom nível que têm mantido ao longo dos anos.
Para um dia de aniversário, para um dia de festa, o que se pedia era uma tarde grande pegas! Foi o que aconteceu.
Que grande atuação, que grande triunfo dos bravos rapazes do grupo das Caldas, que grande pega de Francisco Mascarenhas no primeiro toiro, seguida por todas as outras, feitas com grande brilho como António Appleton, Joaquim Lino, Francisco Rebelo de Andrade, Duarte Palha e a fechar com chave d’ouro o atual cabo Duarte Manoel, terminando a corrida com todo o grupo a ser ovacionado-
Dizer ainda que os três cavaleiros foram premiados a tourear ao som da música e a dar a volta à arena no final das lides, acompanhados pelo respetivo forcado e que o público saiu satisfeito com a qualidade do espetáculo.
E já agora, que futuro para a Feira Anual de 15 de Agosto? Aquela que chegou a ser uma das maiores e melhores do país e que está moribunda?
Porque não os autarcas das Caldas da Rainha pensarem em dinamizar uma feira para animação do verão na cidade tipo Feira Popular? Sigam o exemplo da Feira de São Mateus em Viseu.
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