Durante seis dias, de 10 a 15 de agosto, o Bombarral foi o coração da pêra rocha e do vinho nacional, com a realização de mais um certame dedicado a estes dois produtos tão importantes para a região Oeste.
Na inauguração do 38.º Festival do Vinho Português e a 28.ª Feira Nacional da Pêra Rocha esteve presente, entre outros convidados, o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda.
O governante saudou o município pela organização do evento, sublinhando que certames como este “são momentos de afirmação de produtos únicos do nosso país e que valorizam o nosso comércio e o nosso turismo”.
O secretário de Estado salientou que o primeiro semestre de 2023 foi o melhor de sempre em relação às receitas do turismo em Portugal. “Temos estado a crescer em todas as regiões”, adiantou. Segundo o governante, a região Oeste tem crescido com sustentabilidade, autenticidade e ao longo de todo o ano, tal como é o desígnio para o turismo nacional. Nesse sentido, valorizou o projeto do Geoparque que está a ser desenvolvido na região.
Ricardo Fernandes, presidente da Câmara do Bombarral, referiu que “o Bombarral é o coração do Oeste”, não apenas pela sua centralidade e equidistância em relação aos restantes municípios do Oeste, mas, também, “porque representa a economia, a cultura e a dinâmica que diferenciam esta região”.
De acordo com o autarca, “ser o coração do Oeste é muito mais do que a centralidade e os bons acessos, é também a qualidade do comércio, dos serviços, da agricultura e a capacidade de atrair bons investimentos e projetos âncoras para a região”. Por isso acha que faz todo o sentido que tenha sido escolhido este concelho como o local para a futura localização do novo Hospital do Oeste.
“No Bombarral já estamos a prepararmo-nos para receber o novo hospital, garantindo que nada falte por parte do município”, afirmou.
O autarca destacou ainda que este é um evento de referência nacional, que visa promover dois produtos reconhecidos internacionalmente pela sua elevada qualidade, com uma produção significativa no concelho. “Não é por acaso que se realiza nesta terra esta grande festa que celebra a qualidade dos nossos produtos, mas também o empenho e a capacidade da nossa agricultura e de todos os que trabalham neste setor”, salientou.
Outro destaque deste certame prende-se com o programa de animação, com a atuação de artistas como João Pedro Pais, Toy, Rita Guerra e Cuca Roseta, entre outros.
Entrega de prémios do Concurso de Vinhos Engarrafados
No dia 11 foram entregues os prémios do Concurso de Vinhos Engarrafados, numa cerimónia que teve lugar no recinto da feira. Sob a coordenação do enólogo José António Fonseca, foram apresentados a concurso 34 néctares de produtores do concelho e da região Oeste.
Para a avaliação dos 34 vinhos, os enólogos tiveram em consideração a tonalidade e limpidez da cor, a harmonia e pureza no olfato, e o corpo e intensidade no palato.
Na categoria “Vinhos Regionais de Lisboa Leves” o primeiro prémio foi para o Bombarral, com o vinho Feitores (João Pedro Machado Duarte).
Na categoria “Vinhos Brancos Regionais” o primeiro lugar foi atribuído ao vinho Carlota (Sauvignon Blanc) e o Grande Reserva 2017 Troviscal venceu na categoria “Vinhos Tintos Regionais”.
Nos vinhos de Denominação de Origem Controlada o primeiro prémio de Brancos foi para o Confraria Reserva 2020 e o de Tintos para o Quinta de São Francisco 2019 (ambos DOC Óbidos).
O Instituto da Vinha e do Vinho estima que a produção de vinho na campanha deste ano atinja um volume de 7,4 milhões de hectolitros, num acréscimo de 8% relativamente à campanha anterior
Apesar de se terem registado focos de míldio e de oídio nalgumas regiões, fruto das condições meteorológica observadas na campanha ao longo do ciclo vegetativo da videira, no geral, as uvas apresentam-se em bom estado, antevendo uma produção de boa qualidade.
Menos produção de Pêra Rocha
Para a próxima segunda-feira está agendado o início da campanha comercial da Pêra Rocha do Oeste DOP. “A espera pela rainha das frutas portuguesas está prestes a terminar e mais uma vez estarão disponíveis frutos de grande qualidade organolética (frutos aromáticos e saborosos)”, referiu o presidente da Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP), Filipe Ribeiro.
Em relação à quantidade de colheita, espera-se que seja inferior em cerca de 60% relativamente ao valor de um ano de produção normal. “Trata-se do segundo ano consecutivo em que o setor enfrenta uma redução muito significativa da quantidade de pera rocha disponível”, lamentou.
Segundo o responsável, esta situação resulta de condições climatéricas adversas ao normal desenvolvimento dos frutos (temperaturas anormais em algumas fases do ciclo produtivo e escassez de recursos hídricos). Recentemente houve um “escaldão superficial que queimou a epiderme do fruto, que deixa de ter aproveitamento comercial”.
A produção vai ficar abaixo das cem mil toneladas e será muito difícil atender a solicitações por parte de novos clientes, uma vez que irão privilegiar os clientes que historicamente têm estado com a pêra rocha, assegurando assim uma correta gestão de stocks.
Filipe Ribeiro comentou que a política de preços dos supermercados pode prejudicar a comercialização da fruta nacional. “Muitas vezes utilizam um produto para atrair os clientes. Por exemplo, não é normal que as bananas e abacaxis estejam mais baratas que as maçãs e as peras”, indicou.
O responsável valorizou o facto da pêra rocha ser um produto nacional e denominação de origem protegida, mas gostaria também de ver os supermercados terem mais atenção em relação a este tema. Pelo menos que as margens de lucro da fruta nacional, para as grandes superfícies, não sejam superiores às que vêm de fora.
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