Escaparate
Recentemente, através de diversos veículos de comunicação, soube que o atual executivo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha desferiu fortes ataques contra o Partido Socialista, acusando-o de ser parcial na escolha do município que poderá vir a abrigar o novo Hospital do Oeste. Motivo suficiente para – na minha opinião de observador atento dos valores que podem alavancar um concelho – rasgar o Acordo que o PS/Caldas e os responsáveis camarários assinaram no início do atual mandato autárquico.
O Movimento que tomou o poder está a esquecer-se de que foi com o voto de centenas de socialistas (e, também, centenas de sociais democratas) desalentados com o rumo que a política nas Caldas da Rainha estava a seguir, que conseguiram eleger-se. Ora bem, atacando o Partido Socialista, inevitavelmente, estão a hostilizar os militantes e simpatizantes que os apoiaram.
Se o hospital não for construído nas imediações de Caldas da Rainha, a responsabilidade não é do Partido Socialista. Culpado é apenas o próprio executivo camarário atual, pois não possui força política para “convencer” o Governo de que esta é a melhor região para a instalação do novo nosocómio. Assim sendo, a decisão governamental assentará, sem tramóias ou compadrios, objetivamente no único estudo técnico existente.
Analisando o problema com o cuidado que ele merece, creio que o PS/Caldas deve “rasgar” o Acordo, definindo-se formalmente como oposição (deveria sê-lo desde o primeiro minuto deste mandato, mas parece-me que alguns interesses pessoais falaram mais alto), pois está cada vez mais claro que esta administração é uma boa cria da Direita retrógrada, que adora apontar culpados para encobrir os seus falhanços.
O Movimento que está no poder percebeu que a luta pode estar perdida, então, num ato covarde, tenta tirar a água do capote, atirando a culpa para o partido político que, nesta conjuntura, é Governo, pouco se importando com o documento que assinou com o PS/Caldas. E o que é pior: com a conivência de alguns meios de comunicação social que, sempre que surge uma brecha, destilam veneno contra o Partido Socialista.
O que foi divulgado nos jornais e televisão, propalado pelo atual executivo é, apenas, “atear fogo para distrair a população”. Falta pouco para as eleições autárquicas de 2025 e convém tirar dividendos com a possível derrota. O Movimento que está no poder sabe, perfeitamente bem, que – se a concelhia Socialista local tiver um nome forte, como candidato à presidência da Câmara – irá perder o poleiro, pois os simpatizantes e militantes socialistas caldenses votarão em peso no postulante do seu partido.
Sem dúvida, devemos pugnar para que o novo Hospital do Oeste venha para Caldas da Rainha, porém, não podemos cuspir no prato que comemos. Os eleitores caldenses deveriam ter em atenção a frase de René Descartes (1596-1650): “É prudente não confiar inteiramente em quem nos enganou uma vez”, e uma boa parte dos integrantes do Vamos Mudar “passou uma rasteira” ao PSD local, logo, não são merecedores de confiança política. A segunda rasteira foi agora, tendo como pagante o PS/Caldas.
Parece-me, devido ao gesto pouco ético contra o Partido Socialista, que os seus autores têm a intenção de isolar o município caldense, transformando-o num gueto político, exatamente como Portugal viveu durante o período do Estado Novo: “orgulhosamente sós”. Porém, num mundo globalizado o caminho a seguir é o mais democrático possível, unindo pontas, aproximando pessoas, respeitando o próximo.
A batalha agora empreendida por Caldas da Rainha está um ano atrasada. E essa contenda surge num momento em que o presente executivo está fragilíssimo, devido à pouca produtividade e resultados até aqui alcançados. Infelizmente a saúde está a ser aproveitada como recurso de impulso político.
Urge rasgar o Acordo. Os representantes do PS/Caldas que não forem a favor desse ato premente, com certeza, não são socialistas. Logo, estão a mais no partido e devem abraçar, de vez, o Movimento, pois parece ser ali a sua verdadeira casa.
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