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Pai de gémeos prematuros paga testes à Covid-19 para ver os filhos no hospital todos os dias

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Um pai de gémeos prematuros internados no hospital das Caldas da Rainha já pagou mais de uma centena e meia de euros em testes à Covid-19 para poder ver os filhos e a esposa todos os dias, defendendo que, por uma situação excecional, a unidade de saúde podia incluí-lo no sistema de testagem interno para evitar ter essa despesa.
Rodrigo Fialho, de 37 anos, tem os filhos prematuros internados no hospital

Um pai de gémeos prematuros internados no hospital das Caldas da Rainha já pagou mais de uma centena e meia de euros em testes à Covid-19 para poder ver os filhos e a esposa todos os dias, defendendo que, por uma situação excecional, a unidade de saúde podia incluí-lo no sistema de testagem interno para evitar ter essa despesa.

A esposa de Rodrigo Fialho deu à luz no dia 7 de fevereiro. Os gémeos, um menino e uma menina, nasceram de forma prematura, após sete meses e meio de gestação, pelo que ficaram sob observação no serviço de internamento de obstetrícia e neonatalidade. O menino já recuperou o peso considerado admissível, mas a menina ainda não, pelo que os bebés e a mãe continuarão internados mais algum tempo, sendo visitados todos os dias pelo pai das crianças.

Só que Rodrigo Fialho é obrigado a apresentar um teste negativo à Covid-19 sempre que vai ao hospital e desde o dia 15 de fevereiro enfrenta a dificuldade de ter de “pagar vinte euros diários para fazer o teste na farmácia”, depois de esgotados os quatro testes gratuitos disponibilizados pelo Estado e um teste PCR oferecido pelo hospital.

“Como Entidade Pública Empresarial, o hospital tem uma administração que lhe permite exigir testes antigénio aos acompanhantes mesmo que as normas atuais da Direção-Geral da Saúde determinem que quem tiver a terceira dose da vacina, como eu, possa entrar. Eu até concordo, mas normalmente uma mãe e uma criança ficam até cinco dias internados e o pai goza dos quatro testes gratuitos e nunca tem o meu problema, que é único no hospital”, relatou o progenitor, fazendo notar que “se a mãe tivesse tido alta o pagamento seria a dobrar na altura das visitas”.

Rodrigo Fialho defendeu que “em casos de internamento prolongado os acompanhantes deviam ser integrados no sistema interno de testagem”, tendo exposto a situação ao Gabinete do Cidadão da unidade hospitalar, onde interrogou “se é adequado, correto e justo um contribuinte ter de gastar centenas de euros para ver a família internada num hospital que é público”.

“Continuo à espera de resposta. Julgo que o bom senso tem de imperar. Um dos objetivos do hospital é a humanização dos serviços e eu que digo que é uma boa oportunidade para porem isso em prática”, declarou.

“Julgo que é um precedente que deve ser acautelado para o futuro, quer me beneficie a mim ou não”, sustentou Rodrigo Fialho, deixando claro que nada tem contra os serviços de internamento de obstetrícia e neonatalidade, que considera estarem a desempenhar um papel “de excelência”, agradecendo “todo o apoio, incansável, carinhoso e profissional com que nos brindam todos os dias”.

O conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste transmitiu entretanto que “compreende e solidariza-se com a situação exposta”. Contudo, considera “do interesse de todos os utentes internados no serviço que seja mantida a apresentação de certificado de testagem aos visitantes/acompanhantes para salvaguarda de uma população extremamente frágil e muito suscetível a infeções como é o caso de recém-nascidos, sobretudo prematuros”.

“Note-se que os recém-nascidos estão internados no serviço de neonatologia, que se trata de uma unidade de cuidados especiais, a qual exige a implementação de medidas de segurança, que protejam a imunidade reduzida dos bebés que acolhe”, referiu.

A administração hospitalar manifestou que “as orientações da DGS não responsabilizam o hospital pelos encargos decorrentes da testagem de visitas e acompanhantes”, mas “a mãe encontra-se a acompanhar em permanência os bebés, sendo alvo de testagem regular prevista por conta do hospital”, indicou, acrescentando que o pai pode ainda “acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos através do sistema Baby Care, através de vídeo com ligação à internet 24 horas por dia”.

Contudo, perante a alteração do contexto epidemiológico, a administração compromete-se a “rever de imediato a recomendação interna sobre o acesso dos visitantes e acompanhantes”.

Sobre o contacto com o Gabinete do Cidadão, esclareceu que “são desenvolvidos todos os esforços para que as  respostas às reclamações sejam breves. No entanto, o prazo limite para  resposta são dez dias úteis, o qual, na situação em causa, não está ainda ultrapassado”.

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