Contudo, há uma outra vertente que merece ser explorada. A visão generalizada do funcionamento da digestão — que engloba o primeiro contacto, a digestão e a excreção, na qual se aproveita o que é útil para o organismo e se elimina o que é tóxico — pode ser vista em paralelo com a nossa capacidade de processamento das emoções.
O Baço é responsável por extrair o Qì dos alimentos e de o distribuir pelo corpo, garantindo que todas as funções vitais tenham energia suficiente para operar corretamente. Quando este sistema funciona em pleno, a digestão ocorre sem problemas, há boa disposição e clareza mental. No entanto, se o BP estiver fraco ou sobrecarregado, o processo de transformação dos alimentos torna-se ineficiente, podendo originar quadros com sintomas como inchaço abdominal, sensação de peso após as refeições, fadiga e dificuldade de concentração — como se o organismo não conseguisse aproveitar o que recebe, acumulando impurezas (humidade) e prejudicando a circulação do Qì.
Este mesmo princípio pode ser aplicado às emoções. O BP tem uma forte ligação com a mente, a lógica e a memória, sendo responsável pela nossa capacidade de reflexão, raciocínio e assimilação de informações. Quando há equilíbrio, conseguimos lidar com os problemas da vida de forma clara e racional. No entanto, excesso de preocupações, pensamentos cíclicos ou emoções não processadas podem fragilizar o BP e comprometer a sua capacidade de transformação e de transporte, resultando numa verdadeira “indigestão emocional”. Isto pode manifestar-se numa pessoa presa a ruminar pensamentos que não apresentam solução, como por exemplo estar horas a fio com a mesma conversa, ou sempre a pensar sobre o mesmo assunto constantemente sem conseguir chegar a uma solução.
A digestão dos alimentos e das emoções são processos interligados, e a teoria da MTC ensina-nos que cuidar de um é também cuidar do outro. Quando fortalecemos o BP, proporcionamos ao corpo e à mente as condições ideais para transformar e assimilar o que realmente importa, eliminando aquilo que não nos nutre e permitindo que a vida flua de forma mais leve e equilibrada.
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