No dia 24 de dezembro, véspera de natal, as famílias apoiadas recebem um cabaz com alimentos não perecíveis e presentes para as crianças e adolescentes. “Habitualmente estamos abertos na manhã do dia 24, com um horário especial, para que as famílias possam recolher o cabaz e os presentes”, explicou Carla Ferreira, destacando que esta data é excecional, já que a Refood trabalha, maioritariamente, com refeições confecionadas doadas por restaurantes.
O cabaz natalício inclui produtos tradicionais e os presentes são entregues a todas as crianças e jovens até aos 17 anos. “Fazemos questão de garantir uma prenda para cada beneficiário, independentemente da idade. Achamos que é justo que todos tenham algo, porque as crianças e adolescentes, naturalmente, não entendem por que motivo uns receberiam presentes e outros não”, sublinhou Carla Ferreira.
Contudo, a coordenadora destacou a dificuldade em angariar presentes para adolescentes, ao contrário do que acontece com os mais novos, para quem há sempre brinquedos ou peluches disponíveis. Para colmatar estas lacunas, a Refood conta com parcerias, como a realizada com o BPI (balcão das Caldas) que promove uma campanha de angariação de presentes junto dos seus clientes. A Ordem do Trevo também fornece prendas adicionais quando necessário.
Atualmente, a Refood Caldas da Rainha apoia de forma regular 154 pessoas, mas também responde a pedidos pontuais através de cabazes de emergência, beneficiando mais 20 a 30 famílias. “Temos vindo a notar um aumento dos pedidos de ajuda. Não conseguimos absorver todos, porque temos de garantir que os nossos beneficiários regulares tenham sempre comida disponível”, explicou Carla Ferreira.
Os beneficiários fixos da Refood passam por uma entrevista inicial e recebem refeições preparadas de acordo com as necessidades específicas do agregado familiar, como a presença de crianças ou a idade dos membros. Já “os cabazes de emergência destinam-se a pessoas que procuram ajuda pontual e são distribuídos num horário especial, à segunda-feira, das 7h às 8h da manhã. No entanto, a disponibilidade destes cabazes depende dos recursos existentes no momento”, contou, a coordenadora.
“Não queremos defraudar as expectativas de ninguém. Por isso, fazemos essa distinção entre beneficiários regulares, que têm garantida pelo menos uma refeição por pessoa, e os cabazes de emergência, cuja distribuição depende das doações que recebemos”, disse Carla Ferreira.
A REFOOD nas Caldas da Rainha continua a ser uma referência no combate ao desperdício alimentar e no apoio às comunidades mais vulneráveis. Sustentada exclusivamente pelo trabalho de voluntários, a organização conta com o apoio de supermercados, restaurantes e cantinas, que contribuem regularmente com alimentos excedentes.
Recolha de alimentos organizada em rotas diárias
As operações da Refood estão organizadas em rotas diárias bem definidas. Após o almoço, as recolhas concentram-se, principalmente, nas cantinas. Já ao final do dia, na hora de fecho dos supermercados e restaurantes, são estes os parceiros que fornecem os alimentos.
A organização conta atualmente com cerca de 180 voluntários. “Nunca são demais”, referiu a coordenadora , destacando que toda a atividade da Refood é sustentada pelo trabalho voluntário. Este modelo significa que não existe qualquer colaborador remunerado.
“Cada voluntário dedica, em média, apenas duas horas por semana, mas como funcionamos todos os dias, de segunda a domingo, precisamos de muitas pessoas para assegurar a nossa capacidade de resposta”, explicou, a responsável.
Um aspeto que merece destaque é a diversidade da equipa de voluntários, com cerca de 30 a 40% dos participantes vindos de fora de Portugal. “A maioria é de nacionalidade inglesa e norte-americana, embora haja também representantes de outras origens. Esta diversidade reflete o alcance internacional do espírito solidário da Refood e o envolvimento da comunidade estrangeira residente na região”, disse a coordenadora.
Esta organização é um exemplo vivo de como a união de esforços pode transformar desperdício em esperança, garantindo que os alimentos chegam às mesas de quem mais precisa.
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