Estas foram algumas das conclusões da conferência em que esteve o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, no dia 28 de novembro, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.
O governante participou numa sessão promovida pela Distrital de Leiria do PSD, onde estiveram presentes cerca de 140 pessoas, principalmente agricultores e empresários agrícolas da região Oeste. Algumas das maiores empresas agrícolas das Caldas e dos concelhos limítrofes estiveram representadas, mas também associações do setor.
José Manuel Fernandes garantiu que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, está ciente da importância deste setor e “sabe que a agricultura é estratégica e estruturante”.
A conversa foi moderada por Filipe Daniel que, para além de ser atualmente presidente da Câmara de Óbidos, é engenheiro agrícola e foi presidente da Associação de Regantes daquele concelho. A associação é a entidade gestora do aproveitamento hídrico de Óbidos, projeto que foi muito elogiado pelos intervenientes.
Segundo José Diogo Albuquerque, proprietário do site Agroportal e ex-secretário de Estado da Agricultura, este foi o exemplo de como a concertação de esforços entre o Estado e o setor empresarial pode trazer muitos benefícios.
Os intervenientes da conferência também elogiaram a forma como a região reagiu ao temporal de 23 de dezembro de 2009, que destruiu uma grande parte das estufas do Oeste. “O governo de então disponibilizou apoios financeiros que permitiram construir estufas modernas e a utilização de tecnologia de ponta, o que fez com a região entrasse noutro patamar de qualidade”, salientou Filipe Daniel.
António Gomes, ex-dirigente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste e gestor da empresa Biofrade, recordou que depois daquela noite fatídica, muitas famílias acordaram desesperadas com o que tinha acontecido.
“Houve um espírito de união que permitiu ultrapassar da melhor maneira o que tinha acontecido”, referiu, salientando a forma como as autarquias e o governo conseguiram disponibilizar verbas para a reconstrução das estufas.
O investimento em melhor tecnologia e uma reformulação do que plantavam, permitiu que em alguns anos os agricultores acabassem por aumentar a sua capacidade produtiva, plantassem mais hectares e melhorassem a qualidade dos seus produtos.
Associativismo permite ganhar escala
Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça, salientou a importância do associativismo, o qual permitiu que o produto que comercializam tivesse conseguido ter tanto sucesso depois da adesão à União Europeia, apesar da concorrência ser forte.
“Este é um consórcio de 500 famílias e com uma produtividade na ordem das 30 toneladas por hectare”, referiu o dirigente.
Recentemente a maçã de Alcobaça foi distinguida como a sexta melhor maçã do mundo na lista do site The Taste Atlas.
No entanto, Jorge Soares referiu que ainda há 40% dos produtores que não fazem parte da associação, porque as regras são muito apertadas e com fortes preocupações ambientais.
O presidente da Junta dos Vidais, Rui Henriques, deu o seu testemunho enquanto agricultor, nomeadamente as dificuldades que todos sentem e a falta de reconhecimento pela importância do setor. “Temos que valorizar muito mais os agricultores portugueses e dar condições para que estes tenham mais rentabilidade quando vendem os seus produtos, para motivar os mais jovens”, salientou.
Segundo o ministro da Agricultura, os dados da União Europeia apontam para que os agricultores “ganham menos cerca 40% do que outras profissionais”, algo que considera inaceitável. O governo está, por isso, a tomar medidas no que concerne aos apoios e disponibilização de instrumentos financeiros com taxas de juro mais baixas, entre outras medidas.
Outra preocupação manifestada na conferência, com a qual o ministro concordou, foi com o facto de os agricultores europeus não poderem utilizar certos produtos fitofarmacêuticos, mas depois ser possível importar frutas em que estes foram utilizados.
Ricardo Cardoso, CEO de várias empresas de tecnologia na área da agricultura, fez também uma análise sobre as ferramentas disponíveis para melhorar este setor. Segundo o especialista, nos últimos anos tem havido uma maior procura de tecnologia por parte dos empresários agrícolas, ao contrário do que acontecia anteriormente, porque perceberam que o investimento que fazem tem um bom retorno financeiro.
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