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Outras guerras — catástrofe no Sudão

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As guerras de que se fala acontecem na Ucrânia, em Gaza e no Líbano, mas a que tem causado mais vítimas em termos absolutos, vítimas das armas, vítimas da fome, vítimas de doenças, tem sido a do Sudão. Desde há ano e meio, as forças armadas sudanesas (que depuseram Omar al-Bashir) e uma milícia árabe, as chamadas forças de apoio rápido, ambas lideradas por senhores da guerra e ambas com importantes apoios internacionais, lutam pelo poder. Nesta confrontação morreram já pelo menos 150 mil pessoas em combates e muitas mais de fome e doenças. Há também pelo menos 10 milhões de deslocados.

A ONU decretou recentemente a situação de fome generalizada no campo de refugiados de Zamzam, em Darfur do Norte, onde apenas há para comer erva e folhas.

A actual situação de fome no Sudão é semelhante à que aconteceu no Biafra, nos anos 60, e na Etiópia, nos anos 80. As estatísticas mostram que, até ao final do ano, morrerão mais pessoas de fome do que morreram durante o conflito armado que está a decorrer há ano e meio. À semelhança do que aconteceu na Etiópia, a ajuda humanitária, em vez de ser distribuída, fica retida pelas forças armadas, neste caso, em Porto-Sudão e é vendida. Mas, mesmo que esta ajuda fosse suficiente e autorizada, estando as pessoas em fuga por toda a vasta área do país, seria impossível às Nações Unidas ou à Cruz Vermelha Internacional distribuí-la.

No campo de refugiados de Zamzam, a cada duas horas morre uma criança vítima de fome ou doença. Este é o único campo sobre o qual a ONU tem informações rigorosas. Mas a situação pode ser igual ou ainda pior em muitos outros locais. As estatísticas dizem que cerca de 100 pessoas morrem por dia de fome no Sudão. Haver combates muito intensos na região do Nilo, Sudeste do Sudão, que é o celeiro do país, agrava ainda mais a situação de fome. Houve sempre planos para transformar esta vasta área no celeiro de toda a região árabe, por ter terra fértil, água disponível e grandes campos de irrigação. Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que não podem produzir a sua alimentação por não terem recursos hídricos, têm grande interesse neste território e estão muito envolvidos nesta guerra.

As forças de intervenção rápida actuam sobretudo nesta zona, onde estão grandes infra-estruturas como barragens e onde há mais gente, destruindo tudo o que lhes aparece à frente, desde tractores a sementeiras. Os campos agrícolas, que estariam nesta altura do ano no auge, não têm nada para colher. Mesmo que houvesse produção, não haveria meios de a distribuir. Não havendo produção nacional, não sendo viável a ajuda internacional, só resta erva e folhas.

Ana Elisa Cascão, investigadora especializada em assuntos do Corno de África e do Médio Oriente, em entrevista recente por Mário Rui Cardoso para a Antena 1, confirma que a maior parte dos 10 milhões de deslocados migram dentro do Sudão. Mas, mais de metade dos refugiados que estão em Calais, a tentar passar para o Reino Unido, são sudaneses… Ou seja, esta guerra poderá reflectir-se também no fluxo de refugiados para a Europa e para os sete países vizinhos do Sudão, o que irá exacerbar ainda mais o problema político dos refugiados e da imigração.

A população sudanesa tem estado abandonada à sua sorte. O Ocidente parece alheado, a União Africana parece paralisada e, na ONU, o Secretário-Geral António Guterres pouco tem dito sobre a presente calamidade no Sudão.

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