O Município das Caldas da Rainha assinalou o Dia da Floresta Autóctone, a 23 de novembro, com uma visita interpretativa à Mata das Mestras, que é a maior área florestal existente no concelho.
Durante a caminhada, guiada pelos técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), foram recolhidas bolotas para posterior germinação e crescimento em viveiro.
A bióloga Sofia Quaresma (ICNF) explicou que as bolotas devem ser apanhadas e semeadas agora pelas crianças, para que a 21 de março tenham uma pequena árvore. As bolotas devem ser escolhidas, porque precisam de estar intatas, e plantadas em viveiro até terem condições para sobreviverem no terreno.
Os técnicos presentes salientaram que esta época (outubro a fevereiro) é a mais indicada para a realização de plantações, pelas condições favoráveis de temperatura, disponibilidade de água, repouso vegetativo das plantas, entre outras.
“Temos de deixar de plantar árvores a 21 de março. É uma altura péssima para o fazer”, salientou a caldense Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos e técnica superior do ICNF. O que normalmente acontece é que as árvores plantadas nesse dia acabam por não sobreviver. “Esta sim é a altura certa para plantarmos as árvores nativas de Portugal”, disse.
A bióloga explicou que a Mata das Mestras é um bom exemplo de um espaço florestal que vive das suas próprias dinâmicas e cuja gestão tem de ser o menos intrusiva possível. “Precisamos de ter manchas florestais que se desenvolvam num sistema natural com uma intervenção humana mínima”, sublinhou.
A Mata Nacional das Mestras, que é gerida pelo ICNF, tem cerca de 84 hectares arborizados, sobretudo com sobreiros, mas também com pinheiros bravos, pinheiros mansos e carvalhos.
Nuno Gonçalves, diretor da divisão de proteção e gestão de áreas públicas florestais do ICNF, lembrou que há uns anos cortaram vários pinheiros à entrada da Mata, porque havia ali um pinhal desordenado, e acabaram por surgir sobreiros. “Assim é que está bem”, comentou.
No início da caminhada, o presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, referiu como esta era “uma oportunidade de visitar este espaço” que tem caraterísticas únicas, mas não é muito conhecida pelos caldenses.
A Câmara já propôs ao ICNF poder gerir os edifícios em ruínas que estão à entrada da Mata.
O edil caldense salientou a importância de valorizar e preservar o património ambiental do concelho. Nesse sentido, a Câmara pretende que estes espaços sejam mais conhecidos pelos munícipes e que exista uma maior imersão na floresta, promovendo a empatia pelos elementos naturais, a cidadania participativa e a literacia ambiental nesta matéria.
Para 2025 estão a ser preparadas atividades no âmbito da floresta autóctone, a começar por diversas ações de plantação na cidade, com vista à substituição e reposição de árvores doentes e mortas.
Vai ser elaborada a estratégia para a concretização de uma Estrutura Ecológica Verde Urbana, com uma forte aposta na arborização, não só com a criação de novos parques e zonas verdes, mas também a adaptação do que já existe. Será igualmente divulgado o inventário do arvoredo urbano e sinalizados os exemplares arbóreos mais emblemáticos.
Está também em preparação um projeto de controlo e erradicação de espécies exóticos e invasoras, como a cana asiática e a erva-das-pampas.
A recuperação do Parque do Rio da Cal dará início ao Plano de Requalificação das linhas de água das Caldas, que tem como objetivo criar corredores verde-azuis, com o restauro ecológico das galerias ripícolas autóctones.
Será ainda dada continuidade aos projetos “Caminhos da Rainha”, para a promoção da atividade física em ambiente natural, e Biorainha, que tem cuidado da qualidade do solo nos jardins e parques verdes através do aproveitamento dos sub-produtos da compostagem de bio resíduos.
A Câmara vai também criar o Plano Municipal de Ação Climática, com vista ao aumento da resiliência do município face às alterações climáticas.
Pedro Candeias, do Gabinete Técnico Florestal do Município das Caldas da Rainha, explicou a importância do Plano Municipal de Execução, no âmbito do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais. O plano passa também por envolver as pessoas na prevenção de fogos, com a modificação de comportamentos, por exemplo, substituindo as queimas por compostagem dos resíduos. Tudo isto é gerido de uma forma conjunta.
Vitor Marques salientou que só são possíveis estas atividades porque o atual executivo apostou na criação de uma equipa para a área do Ambiente, composta por uma engenheira ambiental, uma bióloga, uma engenheira paisagística e dois engenheiros florestais. A coordenação é da responsabilidade de António Vidigal, secretário da presidência. “Temos uma equipa muito boa e muito competente”, referiu o autarca.
0 Comentários