As tradições dos tempos em que Caldas da Rainha ainda era vila, nomeadamente no final do século XIX, voltaram à cidade no passado dia 16, num percurso que fez a ligação entre o Bairro da Ponte e o Largo do Hospital Termal.
Este ano participaram os grupos “As Ceifeiras” (Fanadia), “Flores da Primavera” (Guisado), “Danças do Arnóia” (A-dos-Francos) e o “Estrelas do Arnóia”, da Sancheira Grande (Óbidos). O evento tinha estado previsto para outubro, mas foi adiado devido às más condições climatéricas, o que fez com que alguns grupos não pudessem estar presentes. No caso do rancho folclórico “Os Azeitoneiros”, de Alvorninha, a participação não aconteceu porque tinha falecido recentemente um dos seus elementos.
Tal como em edições anteriores, a organização quis diversificar a forma como o evento decorreu. Segundo Sérgio Pereira, da organização, “todos os anos queremos introduzir algumas tradições que não tinham sido encenadas anteriormente”.
Uma das principais novidades foi a visita à Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, onde cada um dos grupos fez a apresentação do santo padroeiro das suas aldeias.
A presidente da associação Património Histórico, Isabel Xavier, fez também uma apresentação sobre a história e as caraterísticas daquele monumento. “É uma jóia que nós temos, com caraterísticas únicas”, referiu a professora.
No final desta alocução, os participantes cantaram a “Miraculosa Rainha dos Céus” e foram oferecidas flores à Nossa Senhora do Pópulo.
À semelhança do ano passado, o desfile etnográfico teve início no Largo Frederico Pinto Basto, com passagem pelo Bairro Azul, Rua das Montras e Praça da Fruta. Como habitualmente, participaram dezenas de figurantes, vestidos como na época. Ouviram-se os habituais pregões dos vendedores. “Eu ainda me lembro, quando era criança, de ver um homem na Praça do Peixe a dizer ‘semente nabo, couve e horto’”, recordou Sérgio Pereira. Outra lembrança era do vendedor de gravatas e esticador para colarinhos, que também esteve representado no desfile.
“Foram os aldeões, que viviam aqui à volta das Caldas, com as suas trocas comerciais, que também ajudaram a cidade a crescer”, salientou.
Houve desgarradas (na Rua da Liberdade, à sombra dos chafalos), danças e namoros à janela. Este ano a organização optou por definir duas músicas que foram dançadas em comum por todos os grupos, de forma a ser mais fácil gerir as danças.
O evento terminou mesmo com danças, no Largo do Hospital Termal, com a participação do ator Carlos Areias e a sua companheira, a atriz Rosa-Bela Soares, que estavam de visita às Caldas e fizeram questão de assistir ao momento. Os elementos dos ranchos folclóricos acabaram por levar os atores para as suas danças.
Desde a primeira edição que o objetivo tem sido o de trazer à cidade todas as tradições e formas de viver e do convívio do final do século XIX. Criado por iniciativa dos grupos de folclore e etnografia do concelho, o projeto tem contado sempre com o apoio da Câmara Municipal e das duas uniões de freguesia da cidade.
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